Opinião

Pandemia dos “bajus”

Luciano Rocha

Jornalista

A bajulação, embora surgida muito antes do coronavírus, é também pandemia, que contribui para o estado lastimoso de Luanda, pelo que requer, igualmente, combate eficaz, com a vantagem de ser mais facilmente identificada.

16/04/2021  Última atualização 09H49
Ao contrário do coronavírus, não tem odor, nem cor, é invisível à vista desarmada, enquanto os portadores da bajulação, além de terem cheiros e cores variáveis, fazem por ser notados  a quem querem agradar. Ambos, contudo, são perigosíssimos e, bem vistas as coisas, aliados.

 As diferenças de actuação entre cada um dos veículos daquelas pandemias  são, porém, mais vastas. O coronavírus, como é sabido, refugia-se na discrição e não tem preferência pelas vítimas, atacando pobres e ricos, novos e velhos, mulheres e homens, enquanto os bajuladores ou "bajus” - simplificação da linguagem popular - escolhe os alvos entre gente que lhe pode vir a concretizar desígnios.

Entre um e outro, pelos que se lhes conhece, "venha o diabo e escolha”, mas não é de excluir a hipótese de até este fugir deles como da cruz. Os "bajus”, que gostam de dar nas vistas, sobressaírem, porem-se "em bicos dos pés”, fazer tudo o que possa agradar àqueles de quem dependem, chegando a ser "mais papistas do que o Papa”, são fáceis de encontrar, tanto como focos de infecções em Luanda. O grave é que o que os beneficia, atrasa o combate a fazer-lhes, por as atenções estarem concentradas no coronavírus.  Quem sabe, no entanto, se "o tempo de validade” é mais curto do que  julgam. Os lapidadores do erário também pensavam que o regabofe e a impunidade não tinham fim e afinal...

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Opinião