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Patrice Talon concorre sem oposição credível

Violentos protestos marcaram os últimos dias da campanha eleitoral no Benin, numa crescente contestação popular à tentativa do Presidente Patrice Talon disputar a reeleição nas eleições de hoje.

11/04/2021  Última atualização 05H55
O actual Chefe de Estado beninense parte para as eleições com garantia de vencer o pleito © Fotografia por: DR
Há muito visto como uma vibrante democracia multipartidária, o Benin tem conhecido, segundo a AFP, um crescente aumento da oposição que se queixa da forma violenta como as suas acções têm sido contestadas pelo Governo.
Líderes da oposição dizem que a eleição de hoje já foi "manipulada a favor de Talon, um magnata do algodão eleito pela primeira vez em 2016.

As principais figuras da oposição do Benin vivem no exílio ou viram as suas candidaturas rejeitadas devido a reformas políticas consideradas injustas por grande parte da classe política. Vários líderes da oposição recorreram às redes sociais para convocar manifestações. O ex-ministro das Finanças, Komi Koutche, pediu do exílio que as pessoas ocupem as ruas para "marcar o fim do mandato republicano entregue a Talo”.

Na noite de quinta-feira, grupos de várias dezenas e às vezes algumas centenas de manifestantes reuniram-se em várias cidades no Centro e no Norte do país, conhecidas como fortalezas da oposição, onde os veículos de campanha do Talon foram saqueados.  Nos confrontos que se seguiram, segundo uma fonte policial, foi registada uma morte e seis feridos, todos na sequência de disparos com arma de fogo, que as autoridades negam pertencer às forças de segurança.

Na capital económica do país, Cotonou, as marcas dos protestos ainda ontem eram visíveis na Praça da Estrela Vermelha.
Ainda ontem, dezenas de apoiantes de Sébastien Ajavon, terceiro classificado nas últimas eleições presidenciais e que vive também no exílio, "convidaram o Exército a tomar o poder” durante uma manifestação.


Bloqueios de estradas

Bloqueios de estradas por opositores do Presidente Patrice Talon atrasaram o transporte do material para as eleições, disse a Comissão Eleitoral.
"Houve bloqueios de estradas nas principais estradas do Norte” e "pode ser que haja assembleias de voto que não abram amanhã às 7h00 locais devido à chegada tardia deste material eleitoral”, afirmou o presidente da Comissão Eleitoral Nacional Autónoma (Cena), Emmanuel Tiando, em declarações à agência de notícias AFP.

Emmanuel Tiando assegurou que, no entanto, "não há razão para que esta eleição não aconteça” e que o material continua a ser transportado para os diversos locais.
Na véspera da eleição presidencial no Benim, o material eleitoral ainda não tinha chegado até ao meio-dia de ontem no Norte do país.
Desde terça-feira que habitantes de várias cidades do Centro e do Norte do país bloquearam centenas de carros e transportes, erguendo barreiras nas estradas em direcção ao Norte do país e ao Níger.

Cerca de 5,5 milhões de eleitores são esperados nas urnas do Benim, hoje.
Talon, 62 anos, no poder desde 2016, enfrentará dois adversários que não devem ser capazes de lhe fazer frente: os antigos deputados Corentin Kohoué e Alassane Soumanou.
Do lado da oposição, Kohoué e Soumanou são acusados de serem "candidatos fantoches”.
Na sexta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou para que todas as partes garantam que as eleições de hoje "se realizem de forma transparente, credível e pacífica”.


Idris Deby luta para o sexto mandato

No Chade, Idriss Deby candidata-se para um sexto mandato. Durante uma conferência de imprensa realizada sexta-feira, em N'Djamena, na sede do partido do líder da oposição, Succès Masra, ele descreveu a eleição no Chade como um "baile de máscaras”.
Na ocasião, segundo a AFP, ele acusou o regime de abusos, e apresentou à media os restos de munições que foram alegadamente disparadas contra si pela Polícia durante a campanha eleitoral.

É, pois, neste ambiente de contestação política que o Chade vai hoje a votos para eleger o Presidente da República, poucos duvidando que o triunfo seja obtido por Idriss Deby, que está, assim, a um passo de conseguir um inédito sexto mandato de seis anos.
No seio do povo, pelo que foi visto durante a campanha eleitoral, a sua aceitação é grande sendo-lhe reconhecido mérito por ter posto fim a uma guerra de 30 anos.

Face a este ambiente de optimismo, em redor de Idriss Deby, o seu principal opositor, Succès Masra, parte já como um derrotado antecipado, tendo feito uma campanha eleitoral discreta e com um reduzido contacto popular.
Sexta-feira, num dos raros encontros com apoiantes, o líder da oposição apelou ao boicote às eleições o que abre ainda mais o caminho para um tranquilo triunfo de Idriss Deby.

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