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Prossegue a exploração de gás na vila de Palma

O ministro da Defesa de Moçambique, Jaime Neto, disse, ontem, que o ataque à vila de Palma não coloca em causa o projecto de exploração de gás natural liderado pela petrolífera Total em Afungi, na província de Cabo Delgado.

17/04/2021  Última atualização 02H00
Jaime Neto garante que apesar do ataque a produção de gás não será afectada na região © Fotografia por: DR
A vila de Palma, a cerca de seis quilómetros do projecto de gás natural da multinacional Total, sofreu um ataque armado a 24 de Março, que as autoridades moçambicanas dizem ter resultado na morte de dezenas de pessoas, destruição de várias infra-estruturas e na fuga de centenas.
Segundo Jaime Neto, citado pela Lusa, as forças governamentais estão no terreno e desdobram-se para garantir a segurança necessária para que os serviços do Estado voltem a funcionar.

Segundo o mais recente relatório da Organização Internacional das Migrações (OIM), um total de 18.661 pessoas, quase metade crianças, fugiram de Palma, na sequência do ataque, refugiando-se nos distritos de Nangade, Montepuez, Mueda e Pemba (a capital provincial).

Após o ataque à vila de Palma, a petrolífera Total retirou o resto do pessoal que mantinha no projecto.  O ataque de 24 de Março contrariou o anúncio de retoma gradual das obras, após uma primeira retirada de pessoal, em Janeiro, na sequência de um outro ataque nas proximidades. Avaliado entre 20 e 25 mil milhões de euros, o mega-projecto de extracção de gás da Total é o maior investimento privado em curso em África, suportado por diversas instituições financeiras internacionais e prevê a construção de unidades industriais e uma nova cidade entre Palma e a península de Afungi. A primeira exportação de gás liquefeito está prevista para 2024.

A violência em distritos mais a Norte da província de Cabo Delgado começou há três anos e está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados, segundo agências da Organização das Nações Unidas (ONU), e mais de duas mil mortes, segundo a Lusa.
Na quinta-feira, o Presidente Filipe Nyusi, disse, numa mesa-redonda virtual da organização da Commonwealth, que os ataques armados em Cabo Delgado são uma ameaça aos esforços envidados pelo Executivo para o desenvolvimento do país.

Instabilidade alastra a todo o país

O presidente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas disse, ontem, à Lusa que a situação em Cabo Delgado está a ser seguida com muita preocupação, pelo risco de expansão da violência.
Dang Dinh Quy, representante permanente do Vietname e presidente do Conselho de Segurança no mês de Abril considerou, em conferência de imprensa, em resposta à agência Lusa, que a situação de Moçambique é "muito alarmante” devido à possibilidade de "rápida expansão” do terrorismo para outras regiões do continente.
O presidente do CS da ONU, António Guterres, disse que a franquia do terrorismo pode aumentar rapidamente e "afectar fortemente a segurança na região”.

Moçambique está a ser "vigiado de perto pelo Conselho de Segurança”, assegurou o representante permanente do Vietname.
Entretanto, continua desaparecida uma cidadã portuguesa de 49 anos residente no Norte de Moçambique raptada na segunda-feira em frente ao Consulado Geral de Portugal em Maputo, informou a Polícia moçambicana, citada pela Lusa.

Este é o segundo rapto registado em menos de 48 horas pelas autoridades na cidade de Maputo. No domingo, um empresário foi raptado no centro da cidade, pouco tempo depois de estacionar o seu veículo nas proximidades de casa. Desde o início de 2020, as autoridades moçambicanas registaram mais de 10 raptos nas principais cidades do país e as vítimas são quase sempre empresários ou seus familiares.

Na terça-feira, um grupo armado desconhecido atacou um posto policial na província de Tete, segundo uma fonte da Polícia de Moçambique naquela província do Centro do país. Segundo a chefe do Departamento das Relações Públicas do Comando Provincial da PRM em Tete, Deolinda Matsinhe, o ataque ocorreu na madrugada de segunda-feira e o grupo, em número desconhecido, terá disparado vários tiros contra o posto policial de Caphirizange, no distrito de Moatize.”Dispararam e puseram-se em fuga. Não sabemos se era uma tentativa de assalto ao posto ou tinham um alvo específico”, declarou Deolinda Matsinhe, acrescentando que não houve vítimas nem feridos.

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