Política

Províncias fronteiriças criam fórum permanente

Arão Martins | Lubango

Jornalista

Autoridades angolanas e namibianas recomendaram, na cidade do Lubango, província da Huíla, a criação de um fórum das províncias fronteiriças dos dois países para tratar de assuntos de interesse comum.

26/04/2021  Última atualização 05H30
Primeiro encontro dos governadores das províncias fronteiriças decorreu no Lubango © Fotografia por: Arão Martins | Edições Novembro| Huíla
A recomendação saiu do primeiro encontro de governadores das províncias do Namibe, Cunene e Cuando Cubango, incluindo a Huíla, assim como Omusati e Ohangwena (Namíbia), no âmbito da 21ª reunião bilateral entre Angola e a Namíbia.
 No encontro, as partes analisaram questões pontuais relativas ao combate à  praga de gafanhotos, prevenção e combate à Covid-19, transumância de gado e imigração.

No final da reunião, o porta-voz da actividade, governador da província do Cuando Cubango, Júlio Bessa, disse que a recomendação será dada a conhecer aos órgãos superiores dos dois países.
Realçou que a ideia é  permitir aos actores directos (governadores), já que são eles que estão na linha da frente, a fim de reunirem, pelo menos, semestralmente e a nível bilateral, sempre que as partes entenderem.

Durante o encontro, foram abordados, entre outros assuntos, o combate à praga de ga-fanhotos, a transumância, o roubo de gado, bem como os deslocados angolanos que se encontram na Namíbia.
Em relação ao combate à praga de gafanhotos, que afecta a região fronteiriça, segundo o governador do Cuando Cubango, as partes defenderam uma acção coordenada, para evitar a violação dos espaços aéreos.

Júlio Bessa explicou que as partes estão a fazer um combate "titânico” à praga de gafanhotos, mas de forma descoordenada. "Sente-se que há alguma descoordenação porque cada um está a fazer o seu trabalho. Concluímos que devíamos ter uma estratégia única, para evitarmos o perigo da violação dos espaços aéreos”, explicou.

Reconheceu que para um combate eficaz de gafanhotos se utiliza meios aéreos e ocorre sempre o perigo da violação dos espaços aéreos. "É necessário que ambas partes estejam avisadas e a trabalharem em conjunto para que o combate à praga seja mais eficaz”, defendeu.
O governador do Cuando Cubango, que coordenou os debates, disse que foi prematuro debruçar-se sobre o número de famílias afectadas e lavras devastadas, mas reconheceu que "os estragos continuam".

"Não falamos em números. É impossível revelar. Porém, dou o exemplo da província do Cuando Cubango que domino bem: tivemos pragas no Rivungo, Mavinga, Calai, Dirico, Cuangar e actualmente estão a entrar pelo Savati. Muito provavelmente, se continuarem com essa dinâmica, os gafanhotos chegam a Menongue", disse.

Durante a reunião, os governadores abordaram, igualmente, a situação e a definição de acções de cooperação para a prevenção e combate à Covid-19 na região fronteiriça. Analisaram, ainda, assuntos sobre o roubo de gado na fronteira, bem como a situação de dois mil cidadãos angolanos que se deslocaram à República da Namíbia devido à seca no Sul de Angola, particularmente, no município dos Gambos, Huíla.

Júlio Bessa informou que a governadora da província do Cunene se comprometeu em deslocar-se à Namíbia, nos próximos dias, para constatar a realidade e fazer chegar os apoios a serem prestados pelas autoridades angolanas.
 A transumância causada pela seca esteve também na agenda da reunião. Júlio Bessa informou que, do lado angolano, existem preocupações fundadas, sobretudo na província do Cunene, em que, para além da transumância, há a tendência de fixação de pessoas do lado angolano.

Disse que há transumantes que estão a fazer, inclusive, pequenas fazendas e a ocupar terrenos sem qualquer autorização.
A questão, sublinhou, é preocupante. Por isso, acrescentou, os governadores sugerem a criação de equipas de trabalho conjunto nas províncias fronteiriças.

Em relação à reabertura da fronteira com a Namíbia, Júlio Bessa referiu que do lado namibiano a fronteira está praticamente aberta.
Segundo o governador do Cuando Cubango, a decisão da abertura da fronteira de-pende da decisão dos dois Governos, ao mais alto nível.

*Com Angop

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