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Recolha de resíduos plásticos atrai muita gente em Ndalatando

André Brandão | Ndalatando

Lixeiras e contentores espalhados por diversos pontos da cidade de Ndalatando são todos os dias, das 5H00 às 17H, invadidos por adolescentes, jovens e adultos para a recolha de pedaços de plásticos recicláveis, para vender e, deste modo, ganhar dinheiro para a sobrevivência

31/01/2021  Última atualização 10H57
Maria Amélia, entrou no ofício há três semanas, em Ndalatando © Fotografia por: Nilo Mateus |Edições Novembro| Cuanza-Norte
Revirar o lixo em contentores, quintais, mercados e oficinas à procura da maior quantidade possível de banheiras, baldes, pratos, bidões e outros utensílios fora de uso, é o espírito que norteia algumas famílias em Ndalatando, província do Cuanza-Norte.

Samuel José António "Tio Sami”, 69 anos, está há mais de dois anos empenhado na recolha de artefactos de plástico para sustentar a vida. Todos os dias levanta-se da cama, geralmente, às 5H00 da manhã, para revirar contentores e lixeiras espalhadas pela periferia da cidade de Ndalatando.

Por dia, consegue recolher entre 10 e 15 quilos de artefactos diversos e vende-os num armazém situado no bairro Tala-Hady. Dessa operação, "Tio Sami” ganha em média mil kwanzas, o que perfaz uma renda de 30.000 mensais.
Ao Jornal de Angola, o ancião revelou que já teve no passado dias com  maiores proveitos, principalmente antes da pandemia da Covid-19. Naquela altura conseguia obter 2.000 kwanzas diários, depois de negociar o quilo do artigo ao custo entre 80 e 100 kwanzas.

 Além da venda a bruto em armazéns, "Tio Sami”, também procura  garrafas de água mineral de um litro e meio para comercializá-las às pessoas que vendem óleo de palma e maruvo, no valor de 20 kwanzas cada recipiente.
Maria Amélia entrou no ofício, há três semanas, por influência de amigas e vizinhos. Apesar de nem todos os dias conseguir ganhar dinheiro, a colectora de resíduos sólidos sublinha que "a empreitada dá para sustentar os  seis filhos com maior dignidade”.

 "O trabalho é árduo, sugiro, por isso, o aumento no pagamento até 200 kwanzas por quilo”, disse Augusto Panzo, 17 anos, que vive com os pais. O adolescente, é outro recolector que vê na actividade uma forma de ganhar dinheiro para contribuir na renda familiar. " Nem sempre ganhámos muito dinheiro, mas, às vezes, consigo comprar comida e vestuário”, disse.

 Jorge Manuel Vieira, responsável do armazém do Tala-Hady, disse que nos melhores dias chega-se a arrecadar 100 quilos de artefactos de plástico, sendo que cada quilo compra a 100 kwanzas e revende em Luanda, principalmente em fábricas localizadas em Viana, ao preço de 150 kwanzas o quilo.

 Luzia António João, residente no bairro 28 de Agosto, gasta 100.000 kwanzas pelo transporte de 18 toneladas de resíduos sólidos até Luanda, quantidade que lhe rende 120 mil kwanzas.

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