Sociedade

Restrições de energia ainda sem fim à vista

Domingos Mucuta | Lubango

Jornalista

As restrições no fornecimento de energia eléctrica aos consumidores da província da Huíla estão sem fim à vista, devido ao défice de potência provocado pela baixa produção, revelou, sexta-feira, na cidade do Lubango, o director da Empresa Pública de Produção de Electricidade (PRODEL).

03/05/2021  Última atualização 12H22
Ângulo da capital da Huíla (Lubango) que precisa de mais energia © Fotografia por: Arão Martins ! Edições Novembro
Segundo Carlos Sebastião, as duas centrais térmicas, da Arimba e da Kanguinda, arreadores do Lubango, com o reforço da de Chitoto, no Namibe, fornecem 49 megawatts, valor muito abaixo da procura, estimada em 75 megawatts.
O director da PRODEL disse que a barragem da Matala, principal central hidroeléctrica da província, está completamente paralisada, por causa das obras de reabilitação. Informou que o cronograma das obras de reabilitação aponta o ano 2023 como o período para a sua conclusão.

"A central da Matala, com mais de 50 anos de existência, está em reabilitação, a nível de máquinas e redes. A produção é muito  cara, sendo necessários mais de 500 mil litros de gasóleo por dia. Com estes custos é difícil tirar proveito do investimento”, referiu.
Aponta como solução a instalação de uma turbina a gás, em Kanguinda, com capacidade para 25 megawatts, e o aumento da capacidade da central da Arimba.
A falta de energia eléctrica tem motivado manifestações convocadas por activistas e moradores de bairros periféricos do Lubango e gerado descontentamento de gestores de empresas públicas e privadas, obrigadas a produzir com recurso a fontes alternativas (geradores).

Gestão da potência
O director da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade, Lauro Fortunato, disse que são necessários, actualmente, cerca de 80 megawatts para atender a procura de consumo de energia eléctrica dos mais de 83 mil clientes.
Lauro Fortunato sublinhou que, devido ao défice de potência, o atendimento ronda em cerca de 60 por cento, com restrições intercaladas entre oito, 12 e, as vezes, 16 horas por dia, excepto às unidades hospitalares, fornecidas a tempo integral.

"A potência disponível obriga a distribuição em regime de restrições, para que mais pessoas tenham acesso à electricidade durante mais tempo, nos municípios do Lubango, Matala, Chibia, Humpata e Quipungo.
O director da ENDE recordou que o valor da dívida de instituições públicas e privadas e de clientes particulares à Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade está estimada em cerca de seis mil milhões de kwanzas.

Frisou que a empresa arrecada mensalmente 200 milhões de Kwanzas contra 350 milhões de facturas emitidas. "A dívida global é muito elevada, aumenta todos os meses. Isso tem travado o desenvolvimento de projectos. As receitas arrecadadas servem para pagar as duas empresas da cadeia, para cobrir os custos de operação e manutenção”.

Acrescentou que os furtos e vandalismo de equipamentos continuam a tirar o sono aos gestores da ENDE na Huíla. Explicou que, em 2020, a empresa registou furtos de 12 mil metros de cabos e que, de Janeiro a 29 de Abril, há o registo de três mil metros vandalizados, que levariam energia a mais de 300 famílias.

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