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Rússia descarta entrar em guerra com Ucrânia

As autoridades russas garantiram, ontem, que não haverá uma guerra com a Ucrânia, apesar do reforço de posições militares na fronteira.

12/04/2021  Última atualização 02H00
Kiev e Ocidente vêem com preocupação deslocação de forças militares russas da fronteira © Fotografia por: DR
O porta-voz da Presidência, Dmitry Peskov, descartou a possibilidade de uma guerra com a Ucrânia, depois de Kiev ter manifestado preocupação com o reforço de tropas russas nas suas fronteiras.

"Ninguém está a embarcar no caminho da guerra”, garantiu Peskov, numa entrevista à emissora pública Rossya 1, transmitida ontem.
"Ninguém aceita a possibilidade de uma guerra civil na Ucrânia”, acrescentou o porta-voz do Kremlin, avançando que "a Rússia não ficará indiferente ao destino dos falantes de russo que vivem no Sudeste” da Ucrânia, onde desde 2014 ocorrem confrontos armados entre as forças governamentais ucranianas e milícias pró-separatistas apoiadas por Moscovo.

O Kremlin não nega os movimentos militares na fronteira com a Ucrânia, mas garante que não está a fazer qualquer ameaça, acusando Kiev de "provocações” destinadas a "agravar a situação”.
"A Rússia está a fazer todos os esforços para ajudar a resolver este conflito”, disse Peskov, na entrevista.
Os Estados Unidos não têm escondido a preocupação com o reforço de posições militares russas na fronteira com a Ucrânia e nos últimos dias anunciaram o envio de dois navios militares para o mar Negro.

Ontem, o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, avisou que "haverá consequências” em caso de agressão russa na Ucrânia.
"Há mais tropas russas concentradas na fronteira (da Ucrânia) do que em qualquer momento desde 2014, quando da invasão russa”, disse o secretário de Estado norte-americano, numa en-trevista televisiva.

Blinken disse que a posição dos Estados Unidos foi deixada muito clara pelo Presidente, Joe Biden, não havendo margem para várias interpretações. "O Presidente foi muito claro: se a Rússia agir de forma imprudente ou agressiva, haverá custos, consequências”, disse Blinken, sem esclarecer o teor das consequências.
Antony Blinken, que a semana passada discutiu a situação na Ucrânia com os homólogos francês e alemão, sublinhou que os Estados Unidos e os aliados europeus "partilham da mesma preocupação”.

Ucrânia e Rússia têm-se acusado mutuamente por responsabilidade directa no aumento da intensidade do conflito e, a semana passada, o Kremlin já admitiu que reforçou o contingente militar ao longo da fronteira entre os dois países, o que provocou reacções de preocupação por parte da União Europeia e dos Estados Unidos.
O confronto armado entre as forças ucranianas e rebeldes apoiados pela Rússia no Leste da Ucrânia, que começou em 2014, já custou a vida de cerca de 14 mil pessoas, em sete anos, de acordo com a ONU.


  Turquia diz que não quer "aumento das tensões”
O Presidente  turco, Recep Tayyip Erdogan, disse,  ontem, não desejar um aumento das tensões entre a Rússia e a Ucrânia, onde o conflito no Leste continua. A declaração foi feita enquanto a Turquia anunciou a próxima passagem de navios de guerra dos EUA pelos seus estreitos no Mar Negro.

"O nosso principal objectivo é assegurar que o Mar Negro possa continuar a ser um mar de paz e de cooperação. Não que-
remos um aumento das tensões na nossa região comum”, referiu o Presidente turco, durante uma conferência de imprensa com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, de visita ao país. Erdogan sublinhou que "a actual crise deve ser resolvida por meios pacíficos, baseados no direito internacional e no respeito pela integridade territorial da Ucrânia”.

Responsáveis ucranianos e norte-americanos manifestaram nos últimos dias preocupação com a chegada de milhares de tropas e equipamento russo à fronteira russo-ucraniana, tendo como pano de fundo novos incidentes entre as forças de Kiev e separatistas pró-russos na Ucrânia oriental. O Chefe de Estado turco salientou que a Turquia está preparada para prestar "qualquer forma de apoio” para a resolução do conflito e que se recusa a reconhecer a anexação da Crimeia à Rússia.

Ancara anunciou, na sexta-feira, que dois navios de guerra americanos atravessariam o Estreito de Bósforo em 14 e 15 deste mês a caminho do Mar Negro, de acordo com a Convenção de Montreux. O Tratado de 1936 garante a livre navegação de navios civis através dos estreitos turcos, mas os países que não fazem fronteira com o Mar Negro de-vem avisar com 15 dias de antecedência da passagem dos seus navios de guerra, que não podem aí permanecer por mais de 21 dias.

O Presidente russo, Vladimir Putin, pediu ao homólogo turco, numa chamada telefónica, na sexta-feira, para preservar o tratado na eventualidade de este ser posto em causa devido ao projecto de um canal, que tem suscitado recentemente um debate na Turquia.
Segundo os observadores, uma possível suspensão do tratado poderia facilitar o acesso ao Mar Negro a navios de guerra de países não-russos, como os Estados Unidos e outros estados-membros da NATO, cenário que Moscovo vê com maus olhos.

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