Economia

Seguradoras querem riscos dos petróleos

Hélder Jeremias

Jornalista

O director-geral da Academia de Seguros e Fundo de Pensões (ASFP), uma organização de domínio privado, defendeu ontem, em Luanda, a abertura do mercado da cobertura de riscos da indústria petroquímica angolana, numa decisão que elimina o monopólio da estatal ENSA e permite que outros operadores aumentem margens de solvência e carteiras de investimento.

15/05/2021  Última atualização 07H50
© Fotografia por: DR
Gabriel Canguenza referia-se, em declarações ao Jornal de Angola, ao facto de, a ENSA, na qualidade de detentora da maior quota de mercado, ter o estatuto institucional de líder do co-seguro dos seguros do ramo da petroquímica, ficando com a maior fasquia, enquanto as demais seguradoras ficam limitadas à participação no risco.

A fonte considerou o que disse serem "privilégios legais” da ENSA, algo contrário aos princípios da economia de mercado, uma vez que impede as concorrentes de alargarem as provisões e margens de solvência por via das aplicações, apesar de reconhecer que algumas seguradoras nacionais estão desprovidas dos requisitos necessários para competirem com as detentoras de maior capital, razão pela qual a Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG) está a suspendê-las do mercado, que se pode tornar mais apetecível e lucrativo, mercê das reformas em curso.

O responsável informou que as seguradoras nacionais já manifestaram interesse em participar na cobertura da indústria petroquímica, por sinal, o sector que contribui para a formação de 80 por cento das receitas do Orçamento Geral do Estado, mas vêm-se impedidas por se tratar de uma exigência do Estado.

As aplicações financeiras, Bilhetes de Tesouro, Títulos da Dívida Pública, participações em bancos e empresas constituem as opções para as aplicações das seguradoras, mas a instabilidade do mercado teve reflexos directos na margem de solvência das operadoras, algumas das quais ficaram impedidas de cumprir os requisitos impostos pela entidade reguladora.

Questionados sobre os 17 mil milhões de kwanzas que a ENSA apresentou como lucro referente o ano 2020, Gabriel Canguenza disse que o resultado deve-se, sobretudo, à redução de sinistralidade, exíguo numero de indemnizações e corte de custos supérfluos que caracterizava aquela empresas em ciclos anteriores.

"A actual direcção da ENSA tem feito um trabalho de saneamento das contas, tendo acabado com considerável parte dos desperdícios, isto é, os gastos supérfluos. A este exercício, junta-se o facto da actual situação de pandemia resultar num baixo número de sinistros e pagamento de indemnizações. Quando assim sucede, a empresa tem margem de lucro acentuada, mas não significa que o mercado está rentável e apetecível”, disse.

Apesar do actual cenário, o mercado angolano apresenta indicadores plausíveis de que a indústria seguradora continuará a desempenhar um papel de relevância na criação de riqueza, por via da carteira de investimentos e aplicações, de acordo com Gabriel Canguenza.


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