Mundo

Seis militares condenados por agredirem jornalistas

Seis soldados ugandeses foram, ontem, condenados por um tribunal militar a penas de prisão depois de terem espancado de forma violenta jornalistas que cobriam uma visita do líder da oposição, Bobi Wine, às instalações da ONU na cidade de Kampala.

20/02/2021  Última atualização 15H25
ONU condenou uso excessivo da força por parte do Exército contra o opositor Bobi Wine © Fotografia por: DR
Segundo a AFP, os jornalistas ficaram feridos quando os soldados dispersaram violentamente os apoiantes de Wine junto ao escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) na capital ugandesa, Kampala, onde o antigo cantor esteve para apresentar um documento em que denunciava violações dos direitos humanos durante o período eleitoral.Um dos jornalistas continua hospitalizado devido a um ferimento na cabeça, segundo uma associação de jornalistas ugandeses. Bobi Wine, 38 anos, antigo cantor e principal opositor do Presidente ugandês, Yoweri Museveni, nas eleições presidenciais de Janeiro, de-fende que os resultados foram manipulados.

Numa declaração, o Exército anunciou que uma comissão disciplinar do tribunal marcial "se reuniu e deliberou” sobre os seis militares que "se comportaram mal e agrediram membros do quarto poder”, noticiou a agência France Press.Os seis militares foram condenados com penas de prisão entre 60 e 90 dias, enquanto um outro recebeu uma "reprimenda severa”.

O chefe do Exército, David Muhoozi, recorreu a uma conferência de imprensa para pedir desculpas aos órgãos de comunicação social pelo ocorrido e prometeu o pagamento dos cuidados prestados aos jornalistas feridos. A chefe das Nações Unidas no Uganda, Rosa Malango, condenou o ataque contra os jornalistas, lamentando o "uso excessivo de força” por parte das autoridades.

As eleições do Uganda foram marcadas pela violência antes do dia da votação, bem como pelo encerramento da Internet, que permaneceu em vigor até quatro dias após a votação. Museveni rejeitou as alegações de fraude eleitoral, afirmando que esta eleição foi "a mais isenta de fraude” desde a independência do país da Grã-Bretanha, em 1962.

 Justiça acusada de ser parcial
O músico ugandês que se tornou político, Robert Kyagulanyi, popularmente conhecido como Bobi Wine, ameaçou retirar uma petição de votação que entregou no Supremo Tribunal do país, citando "parcialidade” e "frustração”, noticiou ontem a Reuters.O Supremo Tribunal do Uganda rejeitou, na quinta-feira, os 120 depoimentos adicionais de Bobi Wine, alegando que os documentos foram arquivados no final do prazo de 14 de Fevereiro. Bobi Wine, mais tarde dirigiu-se aos seus apoiantes no escritório do seu partido, em Kampala, ameaçando retirar o caso se tais frustrações persistirem.

"Estamos a recolher evidências e outras ainda estão a chegar, mas o Supremo Tribunal rejeitou 250 depoimentos que protocolamos. Queremos avisar que se isso persistir, não faremos parte dessa brincadeira. O próximo passo é levar o assunto ao tribunal público”, disse Kyagulanyi.Este é o segundo golpe em menos de duas semanas. Na semana passada, Wine entrou com uma petição para alterar o processo. Ele queria que três dos juízes se retirassem do caso, citando os laços estreitos destes com o Presidente Yoweri Museveni.

Bobi Wine afirmou que o chefe de Justiça, Owiny-Dollo, foi o advogado do Presidente Museveni em 2006, enquanto o juiz Mike Chibita foi o secretário particular de Museveni para assuntos jurídicos, o juiz Ezekiel Muhanguzi é parente do ministro da Segurança, Elly Tumwine, de acordo com a comunicação social local.Enquanto isso, Bobi Wine divulgou uma lista de pelo menos 243 pessoas que ele afirma terem sido sequestradas pelo Governo. No Twitter, Wine disse que a sua equipa tem centenas de outros nomes que ainda estão a ser verificados antes de serem publicados.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Mundo