Política

Situação “estável e tranquila” em Cafunfo

Armando Sapalo | Dundo

Jornalista

O comandante-geral da Polícia Nacional considerou, ontem, "estável e tranquila" a situação na localidade de Cafunfo, município do Cuango, província da Lunda-Norte, depois da rebelião protagonizada por um grupo de 300 cidadãos, alegadamente ligados ao Movimento do Protectorado Lunda Cokwe.

01/02/2021  Última atualização 13H45
Paulo de Almeida disse que algumas pessoas foram detidas por vandalizarem bens públicos © Fotografia por: Edições Novembro
O comissário-geral Paulo de Almeida, que se deslocou à vila mineira de Cafunfo para se inteirar do incidente ocorrido na madrugada de sábado, assegurou que a vida voltou à normalidade, depois das forças de defesa e segurança terem conseguido controlar a situação.

Paulo de Almeida disse que a intenção dos 300 insurgentes era invadir e ocupar efectivamente a esquadra da Polícia Nacional, com o objectivo de atentar contra o poder instituído.

"Era uma rebelião que pretendia atentar contra o poder instituído”, afirmou, acrescentando que o grupo estava munido de armas de guerra, objectos contundentes  e outros meios de arremesso, que tinham como alvo inicial os agentes da Polícia Nacional.
"Eles vinham para matar e tinham como primeiro alvo os agentes da Polícia Nacional. Mas conseguimos, pontualmente, dar resposta e neutralizar as suas intenções”, assegurou.

O comandante-geral da Polícia Nacional disse que a intenção do grupo era, também, a de retirar os símbolos nacionais, entre os quais a Bandeira da República e, posteriormente, "içar a  sua, cuja ideologia ninguém conhece”.
Paulo de Almeida esclareceu que o incidente resultou na morte de seis pessoas ligadas  à rebelião, dois dos quais morreram ontem numa das unidades sanitárias de Cafunfo.

Entre os feridos constam um oficial superior das Forças Armadas Angolanas (FAA) e outro da Polícia Nacional, que se encontram em estado crítico, e quatro elementos ligados aos invasores.  Sem avançar números, o comandante-geral da Polícia Nacional disse que  algumas  pessoas ligadas ao movimento foram detidas por estarem supostamente en-volvidas na vandalização de bens públicos.

"A Polícia Nacional vai continuar no encalço de outras pessoas, supostamente ligadas ao incidente, com o objectivo de esclarecer convenientemente a situação, tomar as medidas que sejam pertinentes  e encaminhar aos órgãos de Justiça os culpados”,  afirmou.
Paulo de Almeida presidiu uma reunião com as forças de defesa e segurança para apurar as reais motivações que terão levado os manifestantes a rebelarem-se contra a Polícia Nacional.

Fazem parte da comitiva do comandante-geral, membros do Conselho Superior da Polícia Nacional, oficiais das Forças Armadas Angolanas (FAA) e entidades ligadas aos direitos humanos.

  UNITA pede Comissão Parlamentar de Inquérito

A UNITA instou, sábado, a Assembleia Nacional a criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para "in loco” constatar e esclarecer a opinião pública nacional e internacional sobre os tumultos ocorridos na madrugada de sábado na vila mineira de Cafunfo.

Num comunicado de imprensa do Secretariado Executivo do Comité Permanente da UNITA, o maior partido da oposição em Angola exige do Presidente da República, João Lourenço, a tomada de uma posição perante o ocorrido e apela à solidariedade dos angolanos, com vista a exigir-se do Estado a responsabilização "dos autores morais e materiais deste crime hediondo”.

No documento, a UNITA "condena com veemência” qualquer tipo de violência contra populações que, através de manifestações, procuram apenas exprimir a vontade de ver os seus problemas resolvidos.

A UNITA lembra que a Constituição da República de Angola, no artigo 47º, consagra o direito de Liberdade, de Reunião e de Manifestação, tendo o legislador reconhecido os mesmos direitos como fundamentais.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Política