Opinião

Somos todos a Geração Igualdade

A crise do Covid-19 é reveladora da fragilidade dos direitos das mulheres no mundo e da persistência das desigualdades entre homens e mulheres. Os exemplos não faltam: os períodos de confinamento conduziram a um aumento da violência doméstica e as mulheres serão sem dúvida as mais vulneráveis ao impacto económico da crise.

20/03/2021  Última atualização 09H33
Ainda hoje, as mulheres e as raparigas são sempre mais afectadas pela pobreza, pelos conflitos e pelas alterações climáticas do que os homens. Enfrentam dificuldades e discriminações em todos os domínios e em todos os países. A França considera as mulheres, tal como os homens, agentes do desenvolvimento sustentável e do bom funcionamento das sociedades. A sua representação em todas as instâncias de decisão deve ser promovida.

Por isso, a igualdade entre os homens e as mulheres é uma prioridade do Governo francês. A diplomacia feminista da França visa levar este compromisso ao nível internacional, através da nossa rede diplomática. Na sua defesa da igualdade de género, a França empenha-se em que este objectivo seja integrado em todos os assuntos: redução das desigualdades e desenvolvimento sustentável, paz e segurança, defesa e promoção dos direitos fundamentais, desafios climáticos e económicos.

A França definiu os eixos da sua diplomacia feminista na sua Estratégia Internacional para a Igualdade entre as Mulheres e os Homens, que fixa o rumo de acções concretas a realizar no período 2018-2022. Neste contexto, comprometemo-nos a que, até 2022, 50% da nossa ajuda pública ao desenvolvimento seja afectada, através da Agência Francesa de Desenvolvimento, a projectos que tenham como objectivo principal ou significativo a redução das desigualdades de género.

O ano de 2020 marcou os 25 anos da Conferência Mundial da ONU sobre as Mulheres, realizada em Pequim em 1995, e da adopção da Plataforma de Acção de Pequim. Nessa ocasião, o Fórum Geração Igualdade, co-organizado pela França e México, foi adiado para 2021. Composto por um evento ministerial na Cidade do México do dia 29 a 31 de Março próximos, seguido de um evento de alto nível em Paris em Junho, o Fórum constituirá um marco histórico para fazer progredir os direitos das mulheres no mundo. O Fórum será um momento-chave para reunir, inclusive virtualmente, as feministas de todo o mundo.

O Fórum salientará sobretudo o papel que as mulheres desempenharam durante a crise da Covid-19, especialmente as que continuaram a fazer funcionar as nossas sociedades durante os períodos de confinamento. O Fórum constituirá também uma oportunidade para apresentar soluções propostas pelas mulheres, nomeadamente em matéria de luta contra a violência de género ou de revalorização e de partilha mais equitativa do trabalho não remunerado.

Várias iniciativas dos diferentes parceiros envolvidos deverão ser implementadas ao longo de um período de cinco anos. O objectivo é realizar progressos duradouros nos seguintes domínios: (1) luta contra a violência contra as mulheres, (2) direitos e saúde sexuais e reprodutivos e direito de dispor do seu próprio corpo, (3) justiça e direitos económicos, (4) acção feminista em prol da justiça climática, (5) inovação e tecnologia ao serviço da igualdade entre mulheres e homens e (6) movimentos e liderança feministas.

Os Estados, as organizações internacionais, o sector privado e as fundações empenhar-se-ão colectivamente em fazer progredir os direitos das mulheres. Será uma ocasião para celebrar, através do compromisso de acções concretas, os diferentes instrumentos internacionais de promoção da igualdade entre homens e mulheres: a Declaração e a Plataforma de Acção de Pequim, a Agenda Mulheres, Paz e Segurança e os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Angola, enquanto parceiro destas iniciativas internacionais e com os seus 15 milhões de mulheres, tem um papel importante a desempenhar ao lado dos seus parceiros internacionais.

Daniel Vosgien  | Embaixador da França em Angola 

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