Coronavírus

Taxa de danos nos órgãos parece aumentar em infectados com alta

Pessoas infectadas com Covid-19 e que tiveram alta hospitalar parecem ter aumentado as taxas de danos de órgãos (disfunção multiorgânica), comparando com a população em geral, indica um estudo publicado pela revista médica britânica BMJ.

06/04/2021  Última atualização 08H21
O aumento do risco, de acordo com o estudo, não se limitou a pessoas idosas nem foi uniforme, entre grupos étnicos, levando os investigadores a sugerir que vai aumentar, a longo prazo, o peso de doenças relacionadas com a Covid-19 nos hospitais e sistemas de saúde.

Ainda que a Covid-19 seja mais conhecida por causar problemas respiratórios graves pode também afectar outros sistemas e órgãos do corpo, incluindo o coração, rins e fígado.

Os responsáveis pelo estudo indicam a existência de vários sintomas inexplicáveis que persistem por mais de três meses após a doença, mas dizem também que o padrão, a longo prazo, de lesão de órgãos, após a infecção, ainda não é claro.

Para investigar a questão, os especialistas britânicos do Instituto Nacional de Estatísticas e das universidades de Londres ("College London”) e de Leicester procuraram comparar as taxas de disfunção orgânica em pessoas com vários meses de alta hospitalar após a doença, com um grupo de controlo correspondente da população em geral.

As conclusões baseiam-se em 47.780 pessoas, com uma idade média de 65 anos e 55% das quais homens, que estiveram internadas e que tiveram alta até 31 de Agosto do ano passado.
Durante o seguimento médio de 140 dias, quase um terço dos indivíduos que tiveram alta hospitalar após a Covid-19 aguda foram readmitidos no hospital (14.060 de 47.780) e mais de um em cada 10 (5.875) morreu após a alta. Valores quatro e oito vezes maiores, respectivamente, do que no grupo de controlo.

As taxas de doenças respiratórias, cardiovasculares e diabetes também aumentaram significativamente em doentes com Covid-19, igualmente superiores do que no grupo de controlo, especialmente no caso das doenças respiratórias.

As diferenças nas taxas de disfunção multiorgânica entre os doentes com Covid-19 e os controlos combinados foram maiores para os indivíduos com menos de 70 anos do que para os com 70 ou mais, e nos grupos étnicos minoritários em comparação com a população branca, com as maiores diferenças observadas para as doenças respiratórias.

O estudo, divulgado naquela que é das mais influentes publicações sobre medicina, usou 10 anos de histórico clínico de pessoas para as fazer corresponder exactamente com as pessoas infectadas com Covid-19.

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