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Tempestade Guambe ameaça Moçambique

A tempestade tropical Guambe pode crescer e transformar-se num ciclone e afectar a costa Sul de Moçambique até domingo, anunciou, ontem, o Centro Meteorológico francês do Oceano Índico.

19/02/2021  Última atualização 10H40
Sul de Moçambique tem sido assolado por tempestades tropicais que se formam no Índico © Fotografia por: DR
"Os impactos em termos de ventos e chuvas fortes deverão acontecer sobretudo no Sul de Moçambique até domingo” e "os habitantes devem seguir indicações fornecidas pelas autoridades”, alerta o serviço. A intempérie, que está a cerca de 250 quilómetros da costa, não deverá entrar em terra, avançando para Sul com o epicentro sobre o mar alto, mas suficientemente próximo para causar estragos.
O aviso coincide com outro já emitido na quarta-feira pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) moçambicano para chuvas muito acima da média (mais de 100 milímetros em 24 horas) na província de Inhambane. Segundo as previsões do Inam, as províncias de Manica, Sofala e Zambézia, no Centro, também deverão ser afectadas.A aproximação da tempestade Guambe acontece depois de o país já ter sido fustigado em poucas semanas por outras depressões atmosféricas que têm causado inúmeras inundações.


  CICV quer respeito pelos direitos humanos
O presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) apelou, ontem, a um maior respeito pelos direitos humanos no conflito armado em Cabo Delgado, Norte de Moçambique, prometendo intensificar a formação dada a militares.

Peter Maurer anunciou um reforço da acção do CICV este ano em Moçambique, sobretudo com foco em Cabo Delgado, mas ao mesmo tempo sublinhou que é necessário promover o respeito por princípios universais. "Vamos, certamente,  tentar aumentar essas actividades no futuro”, acrescentou, referindo-se a um "memorando de entendimento com o Ministério da Defesa, que já deu resultados positivos no passado”, e adiantou ainda que a organização vai "aumentar actividades de treino”.

É um "assunto complexo” em que "a Cruz Vermelha é especialista e em que tem experiência”. As Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas foram alvo de duras críticas dentro e fora do país após a divulgação de vídeos, fotografias e relatórios de diferentes organizações sobre alegadas atrocidades cometidas a par do conflito armado em Cabo Delgado.

Um dos casos mais notórios aconteceu em Setembro de 2020 quando um vídeo mostrou homens fardados a espancar uma mulher que caminhava sozinha, nua, e que depois acabam por abater pelas costas, enquanto fugia, com várias rajadas de metralhadora.No caso, o Governo de-fendeu sempre que as imagens tinham sido "fabricadas” pelos insurgentes de Cabo Delgado ou forças a eles ligados, mas noutros momentos, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, admitiu haver excessos que tinham de ser averiguados.

O presidente do CICV disse ainda que a convergência de crises em Moçambique requer mais apoios de doadores ao país, no qual a instituição vai reforçar a operação este ano.Peter Maurer disse estar "profundamente convencido” que é importante que sejam feitos "todos os esforços para convencer os doadores que esta crise é muito importante e precisamos de olhar para ela pela convergência de diferentes crises, como as alterações climáticas, pobreza, violência e Covid-19 juntos num só lugar”, destacou.

Moçambique é um dos países pobres do mundo, com épocas chuvosas desastrosas, sobretudo desde 2019, e onde uma insurgência armada no Norte tem crescido nos últimos três anos, provocando uma crise humanitária com mais de dois mil mortos e 560 mil deslocados.

Neste cenário, Peter Maurer anunciou que a organização vai "aumentar a sua resposta humanitária” em Moçambique durante este ano. No caso de Cabo Delgado, além do apoio às necessidades básicas, o CICV prevê reabilitar nove centros de saúde que atendem cerca de 175.400 pacientes, apoiar hospitais especializados no tratamento de feridas traumáticas e apoiar um centro de tratamento para doentes de Covid-19.

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