Economia

Tomboco prioriza parque industrial

Fernando Neto | Mbanza Kongo

Jornalista

O parque industrial rural do município do Tomboco, na província do Zaire, vai ser, em breve, redimensionado e privatizado para responder às reais necessidades de absorção da produção local de citrinos e ananás, conforme avançou, no sábado, o director nacional do Instituto de Desenvolvimento Industrial de Angola.

31/01/2021  Última atualização 19H46
As moageiras estão inoperantes por falta de matéria-prima © Fotografia por: Jaquelino Figueiredo| Edições Novembro NOVEMBRO
Dário Camati Gaspar integrou a delegação chefiada pelo secretário de Estado da Indústria e Comércio, Amadeu Leitão Nunes, que radiografou o estado de desenvolvimento e exploração daquele investimento público, inaugurado em 2017.
O parque foi implementado no âmbito do programa de fomento da pequena indústria rural. Está equipado com moageiras de milho e mandioca, porém se encontra paralisado desde Março de 2020 por insuficiência de matéria-prima, após ter funcionado durante cinco meses apenas.

Para além da falta de mandioca e milho suficientes, segundo constatou a delegação, o parque industrial rural do Tomboco não tem energia eléctrica da rede pública, cujo equipamento deve ser redimensionado para a produção local.
"O parque industrial rural foi concebido numa lógica de aproximação à produção local, para auxiliar na transformação dos produtos, mas constatámos que o Tomboco produz, essencialmente, citrinos e ananás, daí haver um programa de redimensionamento para adequar os equipamentos, porque o que existe visa  transformar a mandioca e o milho em fuba, mas a produção de milho é muito escassa na localidade”, reconheceu", disse.


Opção pelas frutas

Para Dário Camati, o programa de redimensionamento do parque industrial do Tomboco prevê também a instalação de equipamentos de transformação de frutas em sumos e de polpa, um processo a ser concluído tão logo haja finanças.
O director explicou que a instalação de novas máquinas para transformação de frutas e ajustadas à produção local pode efectivar o processo de expansão da actividade industrial e rentabilizar o investimento público.

"O processo de expansão é muito dependente do desenvolvimento da actividade e da disponibilidade financeira para o investimento e aquisição dos equipamentos. Também é necessário articular a integração de actores privados que queiram participar deste processo, de modo a capitalizar o investimento privado na materialização destes objectivos. Os privados também podem dinamizar o funcionamento dos equipamentos já disponíveis aqui no Tomboco”, disse.

Sem avançar datas, para a concretização do processo de privatização dos três parques industriais instalados nos municípios do Tomboco no Zaire, do Cacuso em Malanje e da Kanjala, em Benguela, Dário Camati disse apenas de tudo estar a ser feito no sentido de articular-se melhor a intervenção da população na disponibilização da produção.

"A produção a nível da agricultura familiar é boa e ajuda muito a economia. Precisa-se fazer um estudo em relação à produção de cada região, custos de produção, transporte e mercados de venda. Os parques têm de facilitar o processo de escoamento dos produtos locais e, para tal, devem possuir grande capacidade para armazenagem, conservação e transformação”, disse.

 
Custo do quilo de mandioca

No período em que o parque industrial rural do Tomboco funcionou, produziu em média 25 sacos de fuba de bombo/dia. A fuba era vendida no valor de cinco mil kwanzas o saco, a razão de 200 kwanzas por quilo, um valor que não compensa os custos de produção, como avançou o responsável do parque, Ngezeiedyo Ricardo.

"Compramos a mandioca às senhoras da região, o quilo no valor de 60 kwanzas, com o auxílio de duas motorizadas, de momento avariadas. Vamos até as lavras das senhoras buscar a mandioca. Descascamos, colocámos na água, depois secamos e moemos. As máquinas de produção de ração e milho não chegaram a funcionar por falta de matéria-prima, apenas foram testadas. Temos 14 funcionários, dos quais, motoristas, mecânicos, operadores e empregados de limpeza”, frisou.

O responsável da cooperativa "Kong Kongo”, do município do Tomboco, Pedro Miguel Maiunga, dedica-se desde 2009 na produção de mandioca, banana, amendoim e citrinos. Referiu que a fábrica instalada na região não cumpre o papel, pelo facto de terem sido montadas moageiras, ao contrário de máquinas de transformação de frutas em sumos.

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