Opinião

Transgressões descaradas

Luciano Rocha

Jornalista

Luanda tem cada vez mais condutores de veículos a motor de duas rodas a disputar com as kinguilas - entre outros figurões - o título de maiores desrespeitadores de espaços públicos.

22/02/2021  Última atualização 09H45
Uns e outros não se coíbem de exibir o estatuto que lhes é conferido pela indulgência de quem, pago pelo  erário, compactua com a ilegalidade.  Não admira, pois, que continue a aumentar a quantidade de veículos a motor de duas rodas, independentemente da cilindrada, a violar as leis de trânsito: circularem em contra-mão, ignorarem sinais,  estacionarem em curvas, passadeiras, onde lhes aprouver, não raro em amenas cavaqueiras com indivíduos envergando fardas da Polícia, tal como sucede com as inefáveis cambistas.

Os repetidos exemplos de desrespeito à ordem pública sem consequências para os transgressores  faz multiplicá-los, serem encarados, por muitos de nós, como banais. Foi assim que  floresceram os chamados reguladores de trânsito a chantagearem automobilistas. Tivessem os primeiros sido detidos, em vez de incentivados por comportamentos de superiores hierárquicos e as coisas não tinham ganho as proporções actuais.

O inspector-geral adjunto da Administração Geral do Estado lembrou - e bem - que falar em baixos salários para justificar a atitude de alguns "reguladores de trânsito” "é encorajar a acção criminosa e legitimar a corrupção na Polícia Nacional" . Em cheio no alvo. Tardou, mas chegou, antes agora do que nunca.  Que a iniciativa não esmoreça, nem fique por aqui. Nesta fase de tentar cativar investimentos, todas as medidas que alterem, para melhor, a imagem da capital são bem-vindas. Sem anúncios, discursos bacocos, mas com a determinação que cada caso exige. Pode ser que cambistas de rua  e transgressores às regras de trânsito automóvel deixem de estar incólumes às leis. Já nos bastam a Covi-19, o desemprego, a pobreza.    

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