Opinião

Tratamento de choque

Luciano Rocha

Jornalista

Luanda está cada vez mais imunda e perigosa, para a saúde e investimentos estrangeiros, coisa tão simples de entender, que causa confusão ao cidadão comum o alheamento com que o assunto é tratado.

05/03/2021  Última atualização 09H00
O problema é gravíssimo - muito mais do que alguns julgam - e requer medidas imediatas  de recurso, para travar o número assustador de lixeiras que, como nunca, pululam a província, a confirmar que barrelas de fim-de-semana, feitas por "brigadas de voluntários”, sequer o remedeiam. É, como soe dizer, "atirar a porcaria para baixo do tapete”. Pior, na actual circunstância,  por não  haver no país inteiro, alcatifas, cobertores, esteiras, o quer que seja, mesmo cosidas umas às outras, suficientes para encobrir tantos focos de doenças.

O desleixo é tal que nem é preciso sair do centro da capital do país para tropeçar em lixeiras a céu aberto, mal se saia de casa. Mesmo em frente à sede da Edições Novembro, há um dos exemplos da inércia dos incumbidos da limpeza pública: o "carro do lixo”, quando passa, deixa, ivariavelmente,  na rua - vá lá saber-se porquê, mas é importante apurar -  parte do conteúdo do contentor; mais à frente,  numa das esquinas com a do Comandante Veneno, a curta distância da sede do Governo Provincial, o cenário é idêntico; mais acima, a dois passos de uma padaria, com janela de venda, colada a um restaurante, mora o maior amontoado de resíduos poluentes da Baixa luandense, de tal modo que enchem passeios e transborda-os, dificultando a circulação automóvel e de transeuntes.

O  figurino  de imundice e desleixo não se confina à rua, em plena Baixa  da capital angolana. com nome de rainha, figura de relevo da nossa História, estende-se  praticamente a todas as áreas adjacentes, num atentado à saúde pública e ao investimento estrangeiro.
As centenas de milhares de kwanzas destinadas à limpeza pública da província de Luanda hão-de vir a estancar, espera-se, origens consequências do problema. Para já, contudo, enquanto projectos não se concretizam -varinhas de condão só nos contos de fada - é urgente tomar medidas, que já deviam ter sido há muito adoptadas e jamais  foram levadas a sério.
O lixo de Luanda precisa de tratamento de choque, para o bem de todos, inclusive dos prevaricadores.

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