Política

UNITA quer eleições autárquicas este ano

Bernardino Manje

Jornalista

A necessidade de institucionalização das autarquias, críticas ao programa de combate à corrupção, realizado pelo Executivo, e a reforma da administração eleitoral são as principais notas do discurso do presidente da UNITA, que marcou, ontem, a abertura do ano político do partido.

16/01/2021  Última atualização 16H45
© Fotografia por: DR
Num acto que coincidiu com o 46º aniversário dos Acordos de Alvor, Adalberto Costa Júnior acusou o Executivo de, no ano passado, ter-se escondido atrás da pandemia da Covid-19 para a não realização das eleições autárquicas. Nas entrelinhas, defendeu que, este ano, a pandemia não pode ser razão para o adiamento daquelas eleições.

Justificou o posicionamento com o facto de, no ano passado, muitos países, a maioria dos quais com mais infectados do que Angola, terem realizado eleições. "Em 2021, temos as eleições no Uganda, na Etiópia e duas em Cabo Verde, que terá, dia 18 de Abril, as eleições legislativas, e, a 17 de Outubro, as presidenciais. E Angola?”, questionou.

Adalberto Costa Júnior parece ter dado a resposta à sua pergunta quando, mais adiante, afirmou: "os patriotas de Angola vão unir-se e trabalhar juntos para que, em 2021, conquistemos direitos e qualidade de vida e para que, em 2022, construamos uma ampla frente democrática vencedora”.


Combate à corrupção

No acto, marcado com citações de alguns slogans do fundador da UNITA, Jonas Savimbi, o líder do partido fez críticas à forma como está a ser c onduzido o combate à corrupção em curso no país.
Para o político, este programa não tem credibilidade porque, na sua óptica, continua a evitar-se a realização de concursos públicos transparentes.

"Voltamos a apontar o dedo ao abuso da contratação pública por ajustes directos e simplificados. Em qualquer parte do mundo, esta prática está enquadrada na promoção da corrupção”, sustentou Adalberto Júnior, que pediu ao Presidente da República que "acabe com este vício que tantos danos e prejuízos acarreta ao país”.

Repatriamento de capitais

O presidente da UNITA minimizou, igualmente, o programa de repatriamento de capitais, em curso no país, afirmando que têm sido, erradamente, apresentados fundos como recuperação de capitais, quando na verdade não o são. Para Adalberto Júnior, aquele programa não está a trazer os resultados esperados e desafiou a Procuradoria-Geral da República a publicar os valores do repatriamento em espécie.

O também deputado lamentou que o Regime Extraordinário de Repatriamento Patrimonial, Lei proposta pela UNITA para promover o repatriamento de capitais roubados e a recuperação de património, dentro e fora do país, tenha sido rejeitada no Parlamento.

Para Adalberto Júnior, esta lei continua a ser necessária ao país, pois "o que existe hoje não está a trazer resultados concretos. Tudo é propaganda institucional”.
Relativamente à reforma da administração eleitoral, defendeu que haja paridade na representação dos partidos políticos na Comissão Nacional Eleitoral (CNE). "Cada partido deverá ter apenas um representante”, sugeriu Adalberto Costa Júnior, para quem o actual modelo mina a transparência dos processos eleitorais.
Secretário do partido
em Menongue está detido

O secretário municipal da UNITA de Menongue, Estêvão Tomás Lubungululu, foi detido, ontem, pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), na província do Cuando Cubango, por estar indiciado no crime de burla por defraudação e falsificação de documentos para a inserção de cidadãos na Caixa Social das Forças Armadas Angolanas (FAA).

Em declarações à imprensa, o porta-voz do SIC, Paulo Dias de Novais, explicou que Estevão Lubungululu burlou mais de 300 cidadãos que pagaram, cada um, 500 kwanzas, sob falsas promessas de serem inseridos como ex-militares da UNITA na Caixa Social das FAA.

Paulo Dias de Novais disse que o SIC vem registando denúncias deste tipo de crime, desde Janeiro de 2020 e que só na manhã de ontem foi possível prender o principal autor, residente no Bairro Paz, arredores da cidade de Menongue.
Segundo o porta-voz do SIC, só o facto de um cidadão cobrar dinheiro para empregar alguém já constitui crime de burla, não importando a quantia em causa.

Estêvão Lubungululu negou as acusações e explicou que o registo que estava a realizar em diferentes localidades do Cuando Cubango foi em obediência a uma orientação do partido. Disse existirem duas equipas a trabalharem a nível da província sobre o mesmo assunto.

Carlos Paulino | Menongue

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