Sociedade

“Vamos inspirar os jovens do meio rural”

A vida do jovem Pambassangue Amões, de 28 anos - como a da própria família Amões - conheceu, com o falecimento do patriarca, uma viragem abrupta para quem tinha no horizonte, num futuro breve, construir, a partir da África do Sul, uma carreira empresarial à escala mundial: no segmento da hotelaria, turismo e transporte. E, na medida do possível, noutros ramos de negócios

28/02/2021  Última atualização 11H05
© Fotografia por: DR
"A imprevisibilidade da vida, própria da condição humana, em que a materialização das ideias e projectos não dependem, absolutamente, de nós, tem enormíssimo poder para alterar, sem piedade, todos os sonhos traçados. E comigo essa realidade, com a morte do meu pai, não fugiu à regra. Tudo fica adiado… para um dia, se Deus quiser”, lamenta Pambassangue Amões.

Em finais de Janeiro, em reunião alargada de família, primeiro, e, depois, com os membros do conselho de administração, Pambassangue é indigitado para assumir o cargo de vice-presidente do grupo empresarial ASAS. Recaía sobre os braços do jovem, por consenso, a responsabilidade de auxiliar na gestão de um universo de mais de trinta empresas e milhares de colaboradores.

"É, para um jovem da minha idade, uma responsabilidade enorme fazer parte da gestão de activos desse universo de empresas. É uma realidade completamente diferente daquilo que perspectivava, para um futuro breve, na minha carreira empresarial. Mas, em honra do meu pai e da família, tive que deixar os meus negócios de lado e aceitar esse desafio”, explana.   
 
Pambassangue Amões, terceiro filho do falecido empresário António Segunda Amões com Maria Augusta Ferreira Amões, nasceu em Lisboa (Portugal), em 1993. A infância foi vivida na África do Sul. Em 2011, a fim de dar sequência aos estudos superiores, foi para Nova Iorque, onde, na Pace University, licenciou-se em Negócios Internacionais.
De regresso a África do Sul, em 2016, começa a trabalhar na empresa do pai, a CSA, gestora de inúmeros empreendimentos naquele país africano. Em 2018, a fim de "ensaiar”, em termos práticos, os conhecimentos adquiridos no curso de licenciatura, abre o seu primeiro negócio, a Fauchil Hotel, em Bedfordview, em Joanesburgo.

Mas com a morte do pai, em Dezembro de 2020, os seus próximos desafios no mundo empresarial e do empreendedorismo, colocando em evidência as aptidões adquiridas na Pace University, passaram a ser, primeiramente, orientar o rumo da requalificação da aldeia Camela Amões, um projecto orçado em mais de 400 milhões de dólares.
"O nosso pai sempre partilhou connosco que este mundo só terá valor se os filhos da terra fizerem algo por ele. Eu e os meus irmãos, e demais familiares, queremos manter este espírito de solidariedade. A aldeia Camela Amões, nestes seis anos de trabalho árduo, representa como devemos ser úteis às pessoas e ao país”, explica o vice-presidente do grupo ASAS.

Na aldeia Camela Amões, faz questão de sublinhar, "vamos inspirar os jovens ao empreendedorismo, em todas as vertentes do trabalho”. Pambassangue Amões acredita, piamente, ser este o caminho para que milhares de jovens com potencialidades "possam contribuir para o desenvolvimento rural”.

"Há talentos. Precisamos lapidar. Vamos, seriamente, apostar na formação de jovens nas áreas de construção civil, engenharia e obras públicas, para um dia, quando chamados, estarmos preparados para replicar o modelo da Camela pelo país, com baixo custo de execução, aproveitando todos os meios disponíveis”, revela.

No primeiro contacto que manteve com os aldeões, após assumir a vice-presidência, Pambassangue Amões disse ter ficado sensibilizado com os apelos dos jovens e adultos, que, na aldeia e arredores, andam à procura de emprego e apostam na formação. "O sucesso deste projecto e de outros está intrinsecamente ligado à formação. É o que será feito!”, vaticina.

A aldeia Camela Amões tem sido, nos últimos anos, o cartão-de-visita do grupo empresarial ASAS. O jovem empresário é peremptório em assegurar que tem ideias concretas para que o projecto seja "um orgulho para todos os angolanos” que acreditam no trabalho. 

"Os populares pedem-nos, como herdeiros, para que não deixemos o projecto morrer. Sentimos que há um sentimento de gratidão das pessoas por tudo que, desde 2014 até hoje foi realizado. Estamos decididos, em homenagem ao nosso pai, em dar continuidade a essa obra”, garante o vice-presidente do grupo empresarial ASAS.


Busto de Segunda Amões

Um busto em homenagem ao mentor do projecto de requalificação e reforma da aldeia Camela Amões, o empresário António Segunda Amões, será erguido na localidade. A primeira pedra da construção foi lançada no passado dia 20 de Fevereiro, em acto presidido pela viúva, Maria Augusta Ferreira Amões.

O busto, segundo Pambassangue Amões, é uma forma de "perpetuar o legado” do pai e demonstrar à população local que o projecto Camela Amões é para avançar e ser consolidado. "As grandes lideranças deixam obras que devem ser perpetuadas. E assim faremos, com certeza, neste projecto”, disse o jovem empresário, à margem da cerimónia, que também visou saudar o 52.º aniversário natalício do malogrado empresário e o 111.º aniversário da fundação, por Prata Camela Amões, da aldeia.

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