Desporto

Vila Clotilde com um terço representado na Selecção

Armindo Pereira

Jornalista

Um terço dos jogadores presentes na última Selecção Nacional sénior masculina de basquetebol, que disputou a segunda janela FIBA de qualificação ao Afrobasket Rwanda'2021, foram formados no FC Vila Clotilde, clube que assinalou 68 anos no passado dia 25 do corrente.

30/03/2021  Última atualização 07H50
Basquetebol é a principal modalidade da agremiação desportiva que conta com 68 cacimbos © Fotografia por: Agostinho Narciso |Edições Novembro
Sob a orientação técnica do ex-seleccionador brasileiro José Neto, Leonel Paulo, Pedro Bastos, Alexandre Jungo e Gerson Domingos fizeram parte do "cinco nacional” que garantiu a presença de Angola na 30ª edição do certame a ter lugar em Agosto próximo, em Kigali, capital rwandesa.
 
Para o director-geral da agremiação do bairro Maculusso, Fernando Sousa, ver os atletas a representar o país por via da selecção mais titulada do continente acaba por ser a principal motivação para continuar o trabalho em meio às "inúmeras dificuldades” face à conjuntura económica e financeira dos últimos anos.  

Em declarações ao Jornal de Angola, o dirigente descreveu o que lhe vem à alma: "É um sentimento de orgulho indescritível; é a principal gratificação constatar que os atletas atingiram o topo nacional. Até hoje, não existe motivação maior para continuarmos a apostar na formação”.
Os jogadores dotados de melhor técnica individual e com margem de progressão foram sempre cobiçados, recordou o secretário da equipa luandina. Outro aspecto "grave”, segundo o responsável, prende-se com o aliciamento dos mesmos.

"Falam primeiro com o atleta e, posteriormente, contactam a direcção do FC Vila Clotilde, quando devia ser o contrário. Temos noção das ambições dos jogadores em ter melhor condição financeira, por isso, não podemos impedi-los de sair”, justificou. 

De momento, uma das metas passa por conseguir dinheiro para pagar a cobertura do campo e montar um piso adequado. O antigo basquetebolista acredita que as metas vão tornar-se cada vez mais difíceis de atingir sem a componente financeira. Por outro lado, lamentou o facto da legislação da Federação Angolana de Basquetebol não proteger o clube de formação.

"Nunca tivemos facilidades. Somos uma agremiação modesta, do bairro, que sobrevive à base da carolice de sócios, amigos, bem como das poucas receitas provenientes do arrendamento das nossas instalações”, revelou.   
A prioridade passa por canalizar os parcos recursos à equipa sénior masculina que evolui no Campeonato Nacional Unitel Basket: Bolsas de estudos, subsídios de transporte e merendas.

Sousa destacou igualmente o papel do clube na "formação de homens íntegros” através do desporto. Entretanto, lamenta o facto de não se reconhecer o esforço do clube do bairro Maculusso e diz não perceber as razões de atribuição do dinheiro do Orçamento Geral do Estado aos clubes mais expressivos como o 1º de Agosto, Petro de Luanda e Interclube.

Pelo segundo ano consecutivo, a direcção liderada por Júlio Abrantes não realizou o torneio de basquetebol voltado aos escalões de formação (com a participação dos principais clubes de Luamda), devido à pandemia da Covid-19. O "plano B” era o almoço de confraternização entre membros de direcção e atletas, mas as limitações financeiras impediram a materialização da pretensão.

A direcção continua a bater-se para dar continuidade ao projecto de preparação da nova geração para o surgimento de novos talentos. O nome do Vila entra para a história do desporto angolano a 25 de Março de 1953. O objectivo sempre foi a formação académica do homem e o desporto assume o papel de escape para unir os jovens do bairro. 

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