Especial

43ª Cimeira da SADC analisa segurança na região e no mundo

César Esteves

Jornalista

A 43ª Cimeira Ordinária da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), que confirmou, quinta-feira, em Luanda, João Lourenço como o novo presidente em exercício da organização, analisou, de forma exaustiva, a questão de paz e segurança naquela região, em África, de uma maneira geral, e no mundo.

18/08/2023  Última atualização 09H40
Na qualidade de presidente em exercício da organização, João Lourenço perspectiva passos para a estabilidade © Fotografia por: Contreiras Pipa| Edições Novembro
Ao proferir o discurso de encerramento da Cimeira, João Lourenço fez saber que, quanto à região da SADC, constatou-se que o actual panorama em Moçambique é, "consideravelmente”, mais tranquilo e estável. O presidente da SADC disse que essa conquista resultou, em grande medida, da entrada em acção da Força Conjunta em Estado de Alerta da SADC, cuja missão do contingente presente em Moçambique foi recentemente prorrogada para mais um ano, em resposta aos resultados "positivos” que se vêm registando.

"A estabilidade nesta zona de Moçambique será a chave para que consigamos dar passos objectivos tendentes à captação dos apoios necessários à reconstrução económica e social da província de Cabo Delgado e, consequentemente, do país”, frisou.

Na busca de solução para estes focos de instabilidade na região, o estadista angolano informou que a SADC vai continuar a trabalhar de modo a encontrar-se os melhores caminhos para a paz no Leste da República Democrática do Congo, em estreita coordenação e concertação com os outros mecanismos existentes actualmente para a resolução do que chamou de "intrincado conflito”.

Sobre este particular, o Presidente João Lourenço saudou a deliberação sobre o envio do destacamento das Forças da Brigada Reforçada da SADC para um período de 12 meses, cujo objectivo final é o de ajudar aquele país a encontrar os caminhos mais rápidos para a estabilidade, contribuindo, assim, para a pacificação total da região.

A situação vigente no Sudão, que já causou milhares de mortes, deslocados internos e refugiados e destruídas várias infra-estruturas do país, também mereceu atenção dos Chefes de Estado e de Governo da SADC durante a Cimeira.

Aqui, o presidente da SADC disse ter sido feito um apelo às partes em conflito, no sentido de se colocar um fim imediato ao uso das armas e aceitar resolver os diferendos que os separa, sentando à mesa de negociações, para se alcançar a paz necessária à reconstrução nacional e ao desenvolvimento económico-social do país.

"Acompanhamos, com muita preocupação, os acontecimentos na região do Sahel com o terrorismo por um lado, mas, também, as mudanças inconstitucionais de governos legitimamente eleitos pelos povos, através de golpes de Estado praticados pelas chefias militares”, ressaltou o Chefe de Estado, acrescentando terem encorajado, igualmente, os esforços dos líderes dos países-membros da CEDEAO, com vista à reposição urgente da ordem jurídico-constitucional nos países em causa.

João Lourenço referiu que a Cimeira defendeu, ainda, a necessidade de pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, devido às consequências que representa para a paz e segurança mundial, segurança alimentar e energética e para o comércio internacional.

"As armas devem se calar e ceder lugar à diplomacia para se evitar o escalar do conflito ou uma possível confrontação nuclear, negociando uma paz que seja realmente duradoura para a Europa”, realçou.

João Lourenço salientou que estes e outros conflitos que se desenvolvem em África e no mundo, associados à seca que afecta vastas áreas da região da SADC, as ainda presentes e nefastas consequências da pandemia da Covid-19 e outros factores, têm sido os grandes causadores da crise actual em torno do défice da produção alimentar mundial, devendo, por isso, fazer parte das preocupações e do esforço colectivo dos Estados da região na identificação de medidas que atenuem os impactos daí resultantes que levem a produzir mais produtos agrícolas até atingir a auto-suficiência alimentar.

O presidente da SADC disse que, durante os debates dos vários temas agendados, houve uma grande unanimidade de pontos de vista sobre a necessidade de haver unidade de acção entre os Estados-membros, visando o cumprimento das decisões tomadas em sede da Cimeira.

Informou que estas decisões serão cruciais para a efectivação do principal desígnio da organização, de fazer da SADC uma região pacífica, inclusiva, competitiva e industrializada, onde o capital humano deverá desempenhar um papel central em todas as estratégias de desenvolvimento.

Mas, para tal, ressaltou que será necessário trabalhar de forma afincada para o cumprimento das acções constantes no Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional, que estabelece uma agenda de desenvolvimento abrangente e sustentável nas áreas social, económica, política, governativa, de segurança e outras, cujos projectos prioritários, como sublinhou, necessitarão do esforço colectivo, com vista à mobilização dos recursos financeiros necessários à sua aplicação.

 Pagamento de quotas

O novo presidente em exercício da SADC chamou atenção para a necessidade do pagamento, a tempo, das quotas, para a concretização de todas as iniciativas viradas para o crescimento da Comunidade. "Reconhecemos que hoje estamos bem melhor do que antes quanto ao cumprimento dos prazos em termos de contribuições, mas estou convencido que ainda não atingimos a excelência que pretendemos”, destacou.

O Presidente João Lourenço disse existir a necessidade premente de, cada vez mais, continuar-se a trabalhar, ao nível da região e com as contribuições possíveis dos parceiros de cooperação internacional, a fim de munir a região de todos os meios e ferramentas necessárias à implementação dos compromissos prioritários constantes do Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional.

Indicou que essa questão assume uma importância capital na captação de fundos para o apoio ao desenvolvimento social e do capital humano e para o reforço dos sistemas de ensino e formação técnico-profissional, bem como para a criação e modernização de infra-estruturas essenciais à integração regional.

A 43ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da SADC apreciou os documentos que ilustram, com clareza, o que foi feito durante o último exercício, os resultados obtidos e o que se pretende para o ano da presidência de Angola e as perspectivas futuras.

  SADC indica Angola para presidência da UA

Os Estados-membros da SADC indicaram, ontem, durante a Cimeira, Angola como o candidato da região para assumira presidência da União Africana em 2025, altura em que o país estará a comemorar 50 anos de Independência.

"Aproveito esta ocasião para agradecer, em nome do Executivo e do povo angolano, a decisão dos Estados-membros da nossa organização, a SADC, em indicar Angola como seu candidato a assumir a presidência da União Africana no ano de 2025”, agradeceu o Presidente João Lourenço, que se fez acompanhar nesta actividade pela Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço.

 Vencedores do Prémio SADC

O Chefe de Estado felicitou os vencedores dos prémios SADC de Jornalismo e do concurso de redacção das escolas, expressando o desejo de que trabalhem com maior empenho para uma organização cada vez mais pacífica, desenvolvida, competitiva e integradora.

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