Especial

A “magia tecnológica”no Centro de Ciência de Luanda

Edna Dala

Jornalista

O Centro de Ciência de Luanda (CCL), inaugurado no final do ano, que tem como objectivo incentivar a cultura da ciência, por via da valorização do conhecimento científico e tecnológico dos cidadãos, conta com uma variedade de equipamentos interactivos, como o Planetário, a sala de cinema de grande formato e as alas atractivas de exposições.

05/01/2024  Última atualização 11H59
Centro permite, ao mesmo tempo, o contacto com a história da ciência e da antiga Fábrica de Sabão © Fotografia por: kindala Manuel | Edições Novembro
A infra-estrutura que acolhe o Centro, a antiga Fábrica de Sabão, apesar da reestruturação ao mais alto nível, mantém a fachada principal do edifício, de modo a preservar os traços arquitectónicos e a memória do lugar.

Desenhado inicialmente para acolher um museu, ganhou nova dinâmica, na década de 2000, evoluindo para um Centro de Ciência, com um espaço dinâmico e interactivo, onde a experimentação é predominante, com vista a estimular a curiosidade, inspirando futuras gerações, em particular a estudantil. Logo à entrada do Centro, despertam a atenção do visitante os espólios (peças) da antiga Fábrica de Sabão e Óleo, que resistiram ao tempo e à vandalização, servindo de testemunho vivo sobre a história do local, que, hoje, acolhe o CCL.

Além do pequeno jardim e do espólio, os bancos e o imponente imbondeiro, rodeado de flores coloridas, dão vida ao lugar e arrastam a visão à Casa Secular, interligada ao Borboletário.

Sala de exposição de borboletas

A Casa Secular é o edifício histórico, anterior à fábrica de Sabão, de 1925. O espaço abriga uma sala de exposição de borboletas, um laboratório de apoio ao Borboletário, escritórios e uma ala de exposição dedicada à História da Ciência em Angola, adornado de pequenos retratos com informações sobre as diferentes espécies. Um local onde o passado e o presente se encontram de forma magnífica e harmoniosa.

Espelhado e com um jardim interno, o Borboletário permite aos visitantes contemplar as borboletas vivas e ter contacto com informações sobre o seu ciclo de vida, habitat, capacidade migratória, beleza e relevância para o ecossistema. Construído em madeira e vidro, o Borboletário é adornado de pequenos vasos que servem de base aos restos de frutas para alimentar os pequenos insectos. O tecto do espaço fica completamente apinhado de um panapaná (bando) de borboletas.

Placa informativa

No hall de entrada do edifício principal, deparámo-nos com uma placa digital informativa gigante que serve de orientação aos visitantes, mantendo o conteúdo ligado aos serviços e programas disponíveis no Centro, como a bilheteira, uma modesta sala de espera com cacifos e devidamente equipada com cadeiras, para garantir conforto aos utentes. Uma escada em madeira guia-nos até à loja de Ciência, onde os visitantes têm a oportunidade de comprar brindes diversos, material didáctico e outros objectos para crianças, adolescentes e adultos.

O Centro de Ciência de Luanda conta ainda com um pequeno café e uma exposição permanente que retrata a história da fábrica de Sabão e os percursores desta prática no mundo. Pequenas barras e moldes de sabão estão expostos, bem como alguns pormenores informativos sobre a composição e a importância de cada produto. Toda a informação disponível no Centro está elaborada em duas línguas, a portuguesa e a inglesa, a pensar no acolhimento da comunidade estrangeira.



Ala dos dinossauros

O Centro tem um cenário dinâmico, com 16 réplicas de dinossauros robóticos, que reproduzem sons e movimentos característicos que ajudam a compreender a evolução destas espécies.

Na sala, o visitante fica como que hipnotizado, tomado pelo som e o movimento dos bichos, reavivando memórias formadas a partir de filmes de ficção que narram a história desta espécie na terra.

A cada movimento, é como se os bichos ganhassem vida, um momento ímpar baptizado de "mundo Jurássico”, tal e qual como a vida destes bichos retratada em filmes, confundindo realidade e ficção, uma verdadeira obra de arte.

Para a criação deste espaço, o Centro contou com o apoio de paleontólogos argentinos e com um trabalho detalhado, que juntou o rasgo artístico e o conhecimento científico, um feito bem conseguido que originou a exposição, onde é possível fazer uma viagem profunda ao passado, redescobrindo momentos inusitados da vida dos dinossauros… tal como era.

Trata-se de uma cuidadosa selecção dos espécimes mais representativos da pré-História, que permite conhecer, de perto, o comportamento e as suas dimensões reais.

Os visitantes terão, também, a oportunidade de compreender os factores evolutivos que contribuíram para a permanência e o domínio destes gigantes que, no passado, dominaram a vida animal.

Cinema de grande formato

A sala de cinema, que funciona, também, como auditório, está revestida de tecnologia de ponta, com um sistema de projecção especial para filmes científicos.

Conta com dois projectores digitais, uma tela de 15,5 metros de largura e 11,65 de altura, totalizando 180,50 metros quadrados. Foram instaladas 146 cadeiras, das quais cinco com efeitos especiais como vibração, água, sensação de vento e toque, proporcionando uma experiência cinematográfica imersiva. O cenário é composto de um "tom” impressionante.

 

A magia da ciência sob o olhar dos pequenos

Entre os convidados à cerimonia inaugural, estava um grupo de crianças da Fundação Arte e Cultura, que tiveram o privilégio de acompanhar e explorar todos os serviços do Centro logo no primeiro dia.

Visivelmente encantados com a magia da tecnologia e todas as ferramentas disponíveis no Centro, para explorar e dar azo à sua curiosidade e imaginação. Kainara de Castro Matias, de 11 anos, disse ter compreendido a importância do Centro.

Muito à vontade para partilhar a sua "experiência”, Kainara disse que teve um dia  "mágico”. Tanta era a emoção que as palavras eram insuficientes para exprimir a alegria da pequena, que, gesticulando, disse que, além da diversão, aprendeu a montar circuitos eléctricos, um sino e tantas outras coisas.

Ivânia Domingos Francisco, mais reservada, destacou a "Sala Mim” como uma das áreas que mais despertou a sua curiosidade, onde aprendeu muito sobre as funcionalidades do corpo humano, mas de forma muito profunda e expressiva.

"Aprendi como podemos cuidar melhor da nossa saúde e da alimentação”, sublinhou. Era tanta a euforia que  Ivânia Domingos não via a hora de partilhar com os colegas da Fundação tudo o que aprendeu e uma oportunidade para que os mesmos visitassem o Centro.

Entre as delícias da cerimónia, a pequena sentiu-se radiante por ter conhecido o Casal Presidencial e todos aqueles que ajudaram a concretizar o sonho, cada um de forma muito particular.

Já Augusto dos Santos André, de 14 anos, considerou incrível a passagem pelo Centro de Ciência de Luanda. "Com os conhecimentos adquiridos na Fundação Arte e Cultura, tive o prazer de aplicar no CCL e espero que os meus colegas tenham igualmente essa oportunidade”, salientou.

O adolescente considerou ainda que a visita foi algo inacreditável. "Conhecemos coisas que nunca vivemos, como o mundo jurássico dos dinossauros, a montagem de circuitos e a Sala Mim. Foi muito bom e tive também a oportunidade de manusear os computadores e aplicar os meus conhecimentos na prática”, concluiu.

 

Conheça o corpo humano na "Sala Mim”

Como o nome diz, é o compartimento que apresenta a radiografia fiel do corpo humano, desde a fecundação de um embrião às várias fases da gestação, até ao nascimento.

A apresentação continua com a fase do crescimento do ser humano, as funcionalidades de cada órgão, ao mesmo tempo em que ecoa por toda sala o som das batidas do coração, activando o pensamento do visitante sobre a responsabilidade do lugar em que se encontra, mas também sobre a importância e o cuidado a ter com o coraçãozinho.

As réplicas, em tamanho gigante, do coração e do cérebro, são das peças mais atractivas e espectaculares expostas naquele espaço.

Sala ETU: Angola no mundo

A sala Etu – terminologia quimbundo, que em português significa "nós”, é dedicada exclusivamente a Angola.

O espaço comporta informações sobre a geografia e potencialidades do país, sua extensão territorial, exibindo uma exposição sobre a fauna e a flora, clima, recursos minerais, hábitos e costumes e outras curiosidades sobre Angola.

Nesta sala, desenhada com 51 módulos, estão expostas máscaras  Bakamas, a figura do Pensador, instrumentos musicais tradicionais, uma manequim vestida de Bessangana, traje típico da mulher de Luanda, músicas e danças, do tradicional aos ritmos modernos. Disponibiliza, ainda, informações sobre as línguas e a tradição oral dos grupos etnolinguísticos de Angola.

A sala tem disponível, por exemplo, uma mesa digital com informações sobre os hábitos e a cultura alimentar angolana. Encontramos informações e exposição em miniatura das potencialidades do sector Mineiro e Petrolífero, além do fóssil do dinossauro angolano, o "Angolatitan”.

O Planetário

O Planetário, equipado com um sistema híbrido de projecção, permite ao visitante explorar o cosmos e a sua beleza, promovendo a educação e o interesse da população pelas questões relacionadas com a exploração espacial e astronomia.

É um verdadeiro espaço celestial, equipado com um projector da Starball, dois projectores digitais que formam um sistema híbrido, uma mesa de controlo, um servidor de software, seis colunas de som e dois subwoofrs. Aqui, os visitantes podem explorar o cosmos e a beleza do céu completamente estrelado.

Entre os principais atractivos está o vídeo Mapping, com um total de oito projectores, incluindo a caixa de projecção na fachada principal, com 115 metros de comprimento.

O Centro de Ciência de Luanda oferece uma experiência de mapeamento de vídeo impressionante, capaz de transmitir imagens cativantes e envolventes, cuja magia só é perceptível viver no período nocturno.

Permite, ainda, a projecção de vídeos impressionantes nos 115 metros da fachada principal do edifício, explorando uma variedade de temas, desde a realidade angolana a  tópicos relacionados com o corpo humano, planetas, fauna e flora, bolhas de sabão e refracção da luz.

Fábrica de Sabão

Esta sala foi projectada para despertar o interesse dos pequenos, e não só, pela química e ciências auxiliares, através da participação dos visitantes no processo técnico – científico de fazer sabão de forma divertida.

O espaço oferece informações e fotografias da época em que a fábrica era funcional e pequenos trechos sobre essa prática milenar.

O Centro de Ciência de Luanda oferece uma variedade de exposições, num total de 278 módulos que abrangem uma ampla gama de tópicos educacionais e científicos.

No Mural dos Cientistas, estão os nomes dos grandes impulsionadores físicos, matemáticos, informáticos, químicos, microbiologistas, médicos e inventores diversos, como Isaac Newton, Pythagoras, Galileo Galilei, o astrofísico Stephen Hawking, Richard Feynman, Marie Curie, Werner Heisenberg, James Clerk Maxwell, Henri Poincaré, Alan Turing, Claude Cohen Tannoudji, Rediet Abebe, Ahmed Zewail, David Blackwell, Gladys West, Max Theiler, Charles Richard Drew, Allan Macleod Cormack,  Garret Morgan, George Washington Carver.

Como ter acesso ao CCL

O Centro de Ciência de Luanda (CCL) vai promover, durante todo o mês de Janeiro, visitas grátis para difundir as qualidades e o funcionamento da instituição. Neste período, algumas instituições convidadas vão visitar as exposições em grupos de até 30 pessoas.

A recepção dos grupos, previamente convidados, está sujeita a um agendamento. Em Fevereiro, o CCL inicia o regime normal de funcionamento, com acesso às exposições e demais atracções mediante a compra de bilhetes no valor de 2.500 kwanzas por pessoa.

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