O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou, ontem, durante a tomada de posse para um mandato de seis anos, após a vitória nas eleições de 7 de Maio, que apenas os russos podem determinar o seu futuro e que continua aberto para negociar com o Ocidente.
O Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, após negar a proposta de cessar-fogo aceite pelo Hamas, na segunda-feira, para acabar com a guerra em Gaza, ordenou a entrada do Exército em Rafah, tomando a cidade fronteiriça com o Egipto, ignorando os apelos da comunidade internacional.
O embaixador da Palestina acreditado em Angola, Jubrael Alshomali, considerou, quinta-feira, em Luanda, que os problemas do povo palestiniano começaram em 1948 quando o que chamou de “colonos judeus chegaram para proteger os interesses da Inglaterra e dos Estados Unidos na região”.
O diplomata, que falava durante uma palestra, que teve lugar na Universidade Lusíada de Angola, numa iniciativa da instituição académica, lembrou que, após a proclamação do Estado de Israel, foram expulsos mais de um milhão de palestinianos, destruídas 362 vilas e alterados os topónimos árabes a favor de nomes hebraicos.
"Embora fossem judeus, os que vieram como ocupantes, eles encontraram comunidades muçulmanas, judaicas, cristãs”, frisou o embaixador, tendo acrescentado que "os palestinianos nunca tiveram problemas com os ´judeus bons`, muitos deles que chegaram a opor-se à forma como se efectivou a criação de Israel”.
Citou o exemplo do físico alemão, naturalizado americano, Albert Einstein, que, segundo o embaixador palestiniano, "não apenas tinha rejeitado a criação do Estado de Israel, como tinha, igualmente, recusado o convite para ser Presidente do Estado então criado no dia 14 de Maio de 1948”.
O embaixador afirmou, repetidas vezes, que os palestinianos não odeiam os judeus, porque o convívio é milenar entre os dois povos até aos dias de hoje, tendo exemplificado a experiência durante os dez anos em que esteve preso em Israel e teve como advogado um jurista israelita, hoje, amigo pessoal.
Quanto aos acontecimentos na Faixa de Gaza, Jubrael Alshomali considera que o poder de veto dos Estados Unidos não apenas coloca em causa a aplicação do Direito Internacional, como contribui para o isolamento destes dois países que se posicionam à margem do consenso internacional relativamente à causa palestiniana.
O representante do Estado palestiniano disse que "hoje, Israel está isolado e apenas apoiado por um único país”, tendo adiantado que encaram com boas perspectivas o pronunciamento de países como Espanha, Noruega, que se disponibilizaram a reconhecer o Estado palestiniano. O facto de 27 universidades americanas, além de inúmeras organizações internacionais se posicionarem a favor da causa palestiniana, segundo embaixador, espelha bem de que lado da História as pessoas querem estar.
Relações com Angola
Jubrael Alshomali realçou os laços históricos que ligam os dois povos e as respectivas lideranças desde há décadas, tendo lembrado o facto de a Organização de Libertação da Palestina (OLP), criada em Maio de 1964, ter apoiado a luta de libertação nacional em Angola. "Os palestinianos sempre se posicionaram contra Portugal, enquanto potência colonial em Angola, Israel mantinha-se do lado luso. Nos anos a seguir à Independência Nacional de Angola, sempre condenámos o Apartheid, Israel apoiou o então regime racista da África do Sul. Nós apoiámos a luta da Namíbia, Israel apoiou os que ocupavam aquele território”, lembrou o embaixador.
O diplomata afirmou que devemos conhecer os nossos amigos ao longo da História, tendo acrescentado que o mais importante é sobretudo o seu ensino às gerações mais novas. Aconselhou os estudantes e outros estudiosos a recorrerem à Embaixada da Palestina, em caso de necessidade de pesquisa académica.
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