Especial

Impacto económico e social do Kwenda é motivo de alegria para milhares de famílias

Maximiano Filipe | Tumbulo

Jornalista

Paulina Benguela, de 20 anos, explica que o negócio de peixe ou sal tem rendimento na sua aldeia denominada “Cavinji”, e acrescenta que, para aumentar o volume de vendas é preciso ter um valor inicial, ainda que seja mínimo, e “o Kwenda oferece essa possibilidade”

08/07/2023  Última atualização 07H05
Agentes do Fundo de Apoio Social (FAS) desempanham papel relevante no apoio, sobretudo, de pessoas idosas no cadastramento e benefício do programa Kwenda no município © Fotografia por: Fernando Oliveira | Edições Novembro
Na  comuna de Tumbulo, a 27 quilómetros do município do Cubal, província de Benguela, a idosa Maurícia Cuvanga, 62 anos, proveniente da aldeia de Nascende, uma das beneficiárias do Kwenda, faz parte do universo de 11 mil e 518 famílias abrangidas pelo programa,  que conta na primeira pessoa o impacto da experiência na sua vida.

Segundo ela, o dinheiro já tem destino, referindo-se à vocação ligada à criação de aves, o ganha-pão que, de noite para dia, perdeu, como descreve adiante. "Por causa da doença conhecida como otchikupuca”, em umbundo, uma peste que afecta as galinhas, perdi todas as aves que criava. 

"Gosto de dar de comer às galinhas, que servem também para alimentar as visitas que vêm da cidade. Por causa da doença, as minhas morreram. E com o dinheiro do Kwenda, vou comprar, ainda que seja um galo e uma galinha, para começar, novamente, a criação”, disse a sexagenária, exteriozando satisfação pela forma  como o Programa de Fortalecimento da Protecção Social veio em muito boa altura.

Na referida localidade da província de Benguela,  Adriana Jamba Pina, de 33 anos, outra beneficiária do programa, disse que vai implementar o sonho de fazer negócio de roupa usada, na comuna de Tumbulu.

-Mãe de 11 filhos, disse que o ganho é uma mais-valia. "Eu sou, praticamente, mãe e pai dos meus filhos e, inclusive dos meus irmãos. O sonho é ter gado. Porém, sem dinheiro, é impossível. Para remediar a vida, usamos a enxada e vendemos, às vezes, lenha, o que não suporta atender a todas as necessidades básicas da família”, precisou.

A iniciativa do Governo em apoiar as famílias pobres "não tem preço”, disse a jove, ao receber o seu dinheiro das mãos do administrador municipal do Cubal, Paulino Banja.

A gravidez de Janete Maria Nguele, 19 anos, é motivo de alegria para a família. Todavia, para quem espera ter um bebé, pela primeira vez, a perspectiva de aquisição do enxoval e outras condições ocorrem num momento oportuno, ao lado de outras prioridades.

Janete olha um bocado além do descrito acima e, como descreveu à nossa reportagem, pensa comprar galinha, porco e cabritos para um futuro melhor.

 A futura mãe explicou que a experiência de criar animais em casa é antiga. "Na galinha aproveitamos o ovo para vender. Na mesma galinha é possível ter pintos, para no futuro vender. Estou à espera de um bebé, que, de certeza, vai mudar a minha vida. O dinheiro do Kwenda chegou em boa altura”, afirmou.

 Paulina Benguela, de 20 anos de idade, padece de deficiência física, dos membros inferiores, desde à nascença. Órfã de pai e mãe de um filho, confessou que a vida tem sido dura, desde que o seu progenitor passou para outra dimensão da vida.

"Devido ao meu estado físico, é difícil correr, mas, também, tenho sonhos que, muitas vezes, por falta de condições receio não os puder realizar”, disse, com lágrimas no canto do olho.

Benguela explicou que o negócio de peixe ou sal tem rendimento na sua aldeia denominada "Cavinji”. Para fazer tal negócio, acrescentou, é preciso ter um valor inicial,  ainda que seja mínimo.

Ela olha para o dinheiro que recebeu do KWENDA como tábua de salvação. "Vou pedir ao meu irmão para construir, ainda que de forma provisória, um quarto de adobo para servir de cantina. Com 60 mil kwanzas, posso tirar parte do dinheiro para começar o negócio de sal. Ainda que, numa primeira fase, seja apenas uma quantidade ínfima”, explicou.

O sacrifício e missão dos ADECOS

O domínio da língua local, Umbundu, é um dos elementos fundamentais que fez Tomás Mucanda, Agente de Desenvolvimento Comunitários e Sanitária, ser compreendido ao bater à porta de uma casa feita de capim, na aldeia de Chamba.

Tomás Mucanda explicou que, durante 16 dias, uma equipa de 11 ADECOS, conseguiu cadastrar, porta-a-porta, as famílias da comuna do Tumbulu, com recurso a viaturas, motorizadas, em áreas que distam de dois, cinco a 18 quilómetros da sede do Tumbulu, muitas famílias, com seis a 12 membros nos agregados familiares.

"Percorremos as aldeias, bairros e povoações, nomeadamente, Tumbulu Sede, Tchissonjo, Chamba de baixo, Huona, Lambo, Samba, Via Serração, Sombe, Barragem, Cassolio, Cambomdo, entre outras, sendo que, em áreas de difícil acesso, a viagem tinha que ser feita a pé e ficamos satisfeito porque a missão surtiu efeito e vai contribuir para a melhoria da qualidade de vida de muitas famílias”, explicou.

Satisfação das autoridades locais

O  administrador municipal do Cubal, Paulino Banja, em nome de toda população do município, agradeceu a iniciativa do Governo angolano, pelo facto do programa Kwenda ter chegado à referida localidade, e de forma particular, no Tumbulu, uma das zonas tida como a mais recôndita do município, onde quase falta de tudo um pouco.

Segundo o governante, a situação social das famílias no município do Cubal, em geral, particularmente, na Comuna do Tumbulu, em particular, ficou agravada em função da seca que nos últimos anos afectou as localidades e o Tumbulu não ficou de parte.

Perante tal fenómeno, esta localidade acabou por ficar com os diversos tipos de cultivos totalmente destruídos, daí os esforços do Governo da província de Benguela, em continuar a apoiar as famílias, no sentido de dar seguimento da produção agrícola, sendo esta a actividade típica desta região.

O governante apontou de igual modo, a pandemia da Covid-19, como um dos fenómenos que também contribuiu no agravamento da condição social das famílias, levando muitas delas, de mal a pior, um facto que, aos poucos, tem vindo a mudar, com o surgimento do Kwenda, a nível do município do Cubal.

Este dinheiro, explicou, é um reconhecimento das dificuldades das  população angolana, e não como muitos tem vindo a fazer crer, querendo incentivar a população a desacreditar do projecto.

Apelo aos partidos políticos

O administrador do Cubal, Paulino Banja, apelou aos partidos políticos, sobretudo com acento parlamentar, no sentido de promoverem a cultura de responsabilidade no seio da população, passar uma melhor informação, de modo a fazê -la compreender sobre as valências do projecto.

Os partidos políticos, frisou o administrador, revestidos de elevada idoneidade e responsabilidade, devem evitar a desinformação, como alguns incrédulos têm feito, ludibriando as famílias de que o Kwenda era apenas um projecto eleitoralista.

Para o responsável, "quem é patriota e ama a sua pátria, deve sim exercer a cidadania, dando a entender as comunidades de que o Kwenda, depois das eleições de 2022, contínua presente em atender a vida social das famílias”.

Convidamos aos partidos políticos, no sentido de passarem uma mensagem de esperança ao povo e não mensagem de desacreditação, que semeando amargura, tristeza, aflição, perante um povo que já tanto sofreu, sendo esta razão pelo qual o Executivo tem vindo a materializar um conjunto de acções significativas para mudar o quadro, em todos os domínios, no sentido de garantir a felicidade dos angolanos.

O administrador do Cubal afirmou que os actores políticos devem, também, fazer passar aos beneficiários a mensagem de melhor racionalização dos valores, exortarem a saber aplicar de forma correcta, isto é, investindo para boas acções, tais como, a compra de enxada, catana, um animal para criação, sementes, um pequeno negócio, de modo a fazer crescer de forma paulatina e economicamente as localidades.

Os administradores municipais de Chongoroi e de Caimbambo, Ernesto Pinto e José Ferreira, reafirmaram que a situação social das famílias em várias localidades ficou agravada em função da seca que, nos últimos anos, destruiu vários tipos de cultivos feitos na região de Benguela.

Segundo os mesmos gestores, a pandemia da Covid - 19 é um fenômeno que não deve ser esquecido, no quadro dos fenómenos que prejudicaram  a condição de muitas famílias, daí que o projecto Kwenda tem sido uma solução bastante positiva,  para os problemas sociais das populações.

Acrescentam que o Kwenda é bem-vindo e chegou em bom momento, a nível dos municípios do interior da província, visto que, vem de forma imediata, mitigar este problema, sobretudo, tirar as famílias da carência social e económica que viviam durante todo este tempo.

Estratégia do programa

A directora do Instituto de Desenvolvimento Local – FAS, Jasmine Ndatimana, fez saber que os beneficiários no Tumbulu são os que tiveram os seus dados constantes no processo devidamente validados.

Esta acção, que também decorre no âmbito da municipalização social, vai nos próximos dias, atender as demais localidades, para dar a continuidade ao programa no município do Cubal, como é o caso das comunas da Yambala e a sede municipal, acrescentou.

Referiu que, para o êxito de toda actividade, a nível do Cubal, foram capacitados 59 Agentes de Desenvolvimento Comunitários e Sanitária, (ADECOS), que trabalharam no processo de levantamento, sensibilização, educação da população sobre a importância do projecto e o devido cadastramento, feito de casa a casa.

Jasmine Ndatimana, avançou que, a previsão era de cadastrar, só no Cubal, 60 mil famílias, mas o número superou as expectativas, ao completar 80 mil 522 famílias.

Avançou que, a nível da província de Benguela, estão cadastrados um total de 118 mil 351 famílias, das quais, 43 mil e 403 famílias, dos municípios do Chongoroi, Caimbambo e Cubal, já beneficiam dos valores.

"A nível de Benguela, as transferências sociais monetárias para as famílias já inseridas no projecto, estão a ser feitas com normalidade, e passam a cumprir uma calendarização de três em três meses, com uma entrega semestral de 66 mil kwanzas, por cada família”, esclareceu. O processo, garantiu, é contínuo.

Segundo a responsável, o programa contempla, também, para os beneficiados, as componentes da inclusão produtiva, que têm como objectivo, incluir as famílias em actividades geradoras de renda, tais como na agricultura, comércio, artes e ofícios, entre outros.

Referiu também que, a componente da municipalização da Acção Social, que prevê aproximar os serviços sociais aos cidadãos, através da criação de Centros de Acção Social Integrados (CAS), fazde de igual modo parte do programa.

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