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Kwenda fomenta negócios e iniciativas que impactam na vida das famílias

Feliciana Tula é costureira de profissão, mas, dada às dificuldades financeiras, nunca conseguiu desenvolver a sua actividade de forma satisfatória. Tudo mudou, conforme contou à reportagem do Jornal de Angola, quando, em Dezembro do ano passado, recebeu 51 mil kwanzas, por via do Programa de Transferências Monetárias, dinheiro que veio dar um outro alento a sua vida. E, tão logo o recebeu, investiu de imediato na compra de trinta e cinco peças de pano, ou seja, os chamados “panos do Congo”, para costurar roupa africana para mulheres, homens e crianças.

30/06/2023  Última atualização 08H50
Kwenda transferências Sociais Monetárias em Cabinda © Fotografia por: Edições Novembro
Aos 69 anos de idade, portadora de deficiência dos membros inferiores, fez da aquisição de peças de pano a produção de trajes africanos, dando melhor aproveitamento aos valores recebidos do Kwenda.

Feliciana Tula disse sentir-se muito feliz, uma vez que, depois, de ter investido o dinheiro que recebeu do Kwenda, na compra de panos do Congo, a sua actividade ganhou maior visibilidade, passando a ter mais receitas diárias, que antes não era possível devido às poucas quantidades de peças de roupas que confecionava, contrariamente ao que produz hoje com o dinheiro do Kwenda.

A costureira descreveu que, com o aumento da produção, já consegue, actualmente, arrecadar entre 5 a 7 mil kwanzas por dia, das vendas de roupa que faz, a razão de 2.000 mil kwanzas por cada peça.

"A minha vida, pouco a pouco, está a mudar graças ao Kwenda. O negócio de roupa está andar, apesar de que muita gente esta a fazer o mesmo tipo de comércio ”, disse, Feliciana Tula, para quem com o dinheiro que faz das vendas é empregue novamente na compra de mais peças de pano para continuar a desenvolver a sua actividade de costureira.

"Depois de fazer as vendas volto a comprar novamente os panos para fazer roupa africana”, disse, Feliciana Tula, que já pensa num futuro breve isto é, depois de algumas poupanças, fazer "um bom dinheiro” e comprar uma máquina de fazer bordado para conferir um outro colorido e qualidade às peças de roupa que futuramente passará a confecionar para atrair mais clientela.

Com a máquina de fazer bordado, continuou, "o meu negócio irá crescer, cada vez mais, e assim poder ter também mais dinheiro. Para a nossa entrevistada, será possível concretizar este sonho, porque já perspetiva receber a sua segunda tranche semestral que será, desta vez, de 69 mil kwanzas a razão de 11.500 por mês, contra os anteriores 51 mil que havia recebido antes do governo aumentar os valores. O Programa de Fortalecimento de Protecção "Social Kwenda” está a melhorar a condição social e financeira de muitas pessoas vulneráveis em Cabinda, por via de transferência sociais monetárias que passaram a beneficiar com valores, que muitos dos beneficiários estão a investir em pequenos negócios e na compra de alguns utensílios domésticos que estão a impactar  na vida dos agregados familiares e das pessoas singulares.

Desde Fevereiro de 2021,  o programa Kwenda abrange todos os municípios da província, nomeadamente Cabinda, Cacongo, Buco-Zau e Belize, sendo que o município sede (Cabinda) é a localidade com maior número de beneficiários, devido à sua extensão territorial e por albergar cerca de oitenta e sete por cento da população da província.

  Negócio de bebida

A outra beneficiária do Kwenda é Elisa Buanga Luemba, 31 anos, que recebeu, no passado mês de Dezembro 51, mil kwanzas e que investiu maior parte do dinheiro no negócio de venda de bebidas, gasosa e cerveja, no intuito de, "rapidamente, gerar mais receitas e variar as fontes de rendimento”.

"Comprei quatro grades, sendo duas de gasosa e restante de cerveja que passei a vender e, felizmente, agora já conto com uma receita em termos de lucros de aproximadamente 27 mil kwanzas”, disse a empreendedora, para acrescentar que os lucros poderiam ser ainda muito mais, caso não tirasse parte do mesmo dinheiro para comprar alimentação e pagar renda de casa e outras necessidades pessoais.

Com um sorriso nos lábios, Elisa Buanga Luemba disse estar esperançosa de que a sua vida, pouco a pouco, irá mudar "porque com o Kwenda tudo será mais fácil desde que eu saiba gerir muito bem o dinheiro que passarei a beneficiar do Kwenda”.

Quem também acredita que o dinheiro que está a receber do Kwenda vai mudar para melhor a sua vida e de outros integrantes da família é a Lina Mbado Nguimbi, mãe de dois filhos, que recebeu, igualmente, em Dezembro do ano passado 51 mil kwanzas, mas esta contrariamente a Felicidade Tula e Elisa Buanga Luemba, que investiram os seus recursos financeiros em negócio de manufaturação de roupa e comércio de bebida, preferiu passar a emprestar o seu dinheiro a singulares para ganhar juros e assim poder aumentar o seu capital.

Segundo contou, desde que começou com o processo de empréstimo já conta com um rendimento (lucro) de aproximadamente 100 mil kwanzas.

"Estou muito feliz por ter recebido dinheiro do Kwenda”, disse, Lina Nguimbi, que afirma ser o seu maior sonho, isto é, depois de conseguir atingir pelo menos 300 mil kwanzas de lucro pelo negócio de empréstimo de dinheiro que tem estado a fazer "celebrar contrato com a Unitel para começar a vender cartões de saldos”.

"Todo o meu dinheiro, que recebi do kwenda, não gastei ainda, nem sequer um kwanza. Esperei tanto para ter esse dinheiro e agora que Deus me abriu a porta não me resta mais nada se não fazer crescer esse dinheiro”, disse Lina Mguimbi, quando exteriorizava o que lhe vinha da alma no que concerne aos planos que tem pela vida sobre o dinheiro que está a beneficiar do Programa de Fortalecimento de Protecção Social "Kwenda”.

  Bons exemplos

O director provincial do Fundo de Apoio Social (FAS), Daniel Mujinga,  louvou a iniciativa empreendedora evidenciada por todos os beneficiários do Kwenda que, mesmo estando na condição de vulnerabilidade absoluta, investiram o seu dinheiro em pequenos negócios para gerar mais renda.

Segundo aquele responsável, é facultativo o destino a dar por cada beneficiário do valor que recebe do Programa de Fortalecimento de Protecção Social Kwenda pelo facto de, reforçou, "as transferências sociais monetárias encerrarem um conceito muito importante, que é do direito e dignidade que se assiste à pessoa na condição de vulnerabilidade”.

 Em face disso, disse, é  legítimo que cada beneficiário dê o destino que quiser ao dinheiro que recebe do Estado, preferencialmente sempre na vertente de mudança da sua vida.

"O beneficiário tem a liberdade de usar o dinheiro do jeito que ele bem entender”, disse Daniel Mujinga, para quem ainda assim o Programa tem estado a desenvolver acções pedagógicas aos beneficiários em termos de educação financeiras sobre as boas práticas quanto ao uso do dinheiro.

As acções pedagógicas, a que se referiu, segundo o director do FAS são assumidas pelos Agentes de Desenvolvimento Comunitários (ADECO), que tem a tarefa de mobilizar, educar e ensinar aos beneficiários de como devem não só usarem o cartão multicaixa, a sua conta bancaria, mas também como fazerem melhor uso do seu valor, desde melhorar a poupança, aplicação do dinheiro para as necessidades da casa, pessoas e sobretudo em actividades produtivas e  geradoras de renda para as famílias.

  Dinheiro disponibilizado

O director do FAS informou que desde o surgimento do Programa de Fortalecimento de Protecção Social ”Kwenda”, em Cabinda, já foram gastos no domínio  de transferências socais um total de 462.825.000.00 Kwanzas, pagos quer em numerário, quer directamente na conta dos beneficiários.

Segundo disse, o programa está a ser implementado de forma faseado, nos quatro municípios da província (Cabinda, Cacongo, Buco-zau e Belize) e ao todo já foram cadastradas um total de 16.344 agregados familiares dos quais 6.139 já beneficiaram das transferências monetárias e 4.224 processos estão em curso para pagamento.

Daniel Mujinga destacou que o propósito do Programa de Fortalecimento de Protecção Social ”Kwenda” é o de proteger as pessoas na condição de vulnerabilidade contra a fome, miséria e indigência, atribuindo transferências monetárias (dinheiro), para que estas possam mitigar tais dificuldades, para depois serem envolvidas em processos que aumentam a sua renda.

"A pessoa precisa, primeiro, de resolver as necessidades básicas”, disse, o director do FAS, lembrando que só depois de se cumprir com esse desiderato é que o cidadão é inserido em actividade produtiva ou seja, a chamada inclusão produtiva.

Lembrou que, têm acesso ao Kwenda, pessoas idosas, deficientes, com doenças que incapacitam trabalhar, albinos e todas àquelas pessoas que sofrem qualquer tipo de estigma social e mulheres mães ou chefes de famílias com crianças.

A cada beneficiário, terá direito à uma prestação mensal equivalente a 11.000,00 kwanzas durante dois anos correspondentes a 24 prestações que são pagas semestralmente.

"A pessoa recebe de seis em seis meses uma transferência de 66 mil kwanzas”, disse, Daniel Mujinga, para quem o valor acima destacado resultou do último reajusto feito recentemente pelo Executivo.

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