Especial

Ministério do Ambiente prepara condições para a criação do Observatório Nacional

Manuela Gomes

Jornalista

A ministra do Ambiente avançou, sexta-feira, ao Jornal de Angola, que o país está a preparar condições para a criação do Observatório Nacional, de forma a ter um melhor controlo de algumas catástrofes naturais, como inundações e secas, e tomar as medidas atempadas de prevenção

16/09/2023  Última atualização 12H27
Ministra do Ambiente, Ana Paula de Carvalho © Fotografia por: João Gomes| Edições Novembro
Ana Paula de Carvalho disse, por ocasião do Dia Mundial da Protecção da Camada de Ozono, assinalado hoje, que é preciso continuar a alertar as pessoas para a importância da preservação do meio ambiente.

Angola, adiantou, é, desde o ano de 2000, parte signatária de vários acordos multilaterais para a protecção do ambiente. Por isso, acrescentou, mesmo com a actual aposta no industrialização não haverá impactos negativos nos esforços para a protecção da Camada de Ozono. "O processo vai ser feito com uma componente de sustentabilidade”, avançou.

Para a ministra, os países mais poluentes, há muito tempo, iniciaram a industrialização e Angola que apenas começou esse processo deve o fazer de forma sustentável e consciência diferente, olhando não só para a questão social e económica, mas sempre para tese ambiental.

Celebra-se hoje, em todo o mundo, o Dia da Preservação da Camada de Ozono, a data sublinha a importância que a camada de ozono representa para o planeta Terra, protegendo-o e a nós, seres vivos, dos raios solares. Em entrevista à imprensa, por ocasião ao dia,

O país, continuou, começou a criar condições como a Unidade Nacional de Ozono e desenvolveu um Programa Nacional de Eliminação Progressiva das Substâncias Destruidoras, que permitiu implementar a proibição de entrada, uso e consumo dos clorofluorcarbonos (compostos responsáveis pela redução da camada de ozono), halons e carbono, cujo prazo de eliminação é até 2030 para os países em desenvolvimento.

De acordo com a ministra, as acções desenvolvidas no quadro do Protocolo de Montreal, por parte de Angola, resultaram na redução de 98 por cento do consumo mundial das substâncias destruidoras da camada de ozono.

A governante destacou o facto de, devido ao Protocolo de Montreal, o país ter conseguido implementar com êxito o Programa Nacional de Eliminação Progressiva dos Clorofluorcarbonos, que resultaram na total eliminação dos Fluidos Refrigerantes pertencentes a família dos Clorofluorcarbonos no sector de refrigeração e ar condicionado.

"Neste quesito, temos realizadas campanhas de sensibilização pública, formação e montagem de laboratórios, assim como constituído grupos de trabalho de apoio à Unidade Nacional do Ozono, em todas as províncias, no sentido de controlar a movimentação dos fluidos refrigerantes e realizar o levantamento e compilação de dados relativos ao uso e consumo de substâncias destruidoras da camada de ozono e alternativas”, disse.

Eliminação dos Hidroclorofluorcarbonos

Desde 2011, Angola tem implementado o Programa Nacional de Eliminação Progressiva dos Hidroclorofluorcarbonos,  regulamentada pela Emenda de Copenhaga de 1992.

Ana Paula de Carvalho explicou que o programa define a Estratégia Nacional e  foi elaborado com base no levantamento e compilação de dados do sector em 2010.

O projecto entrou em vigor no país, em 2011, com a aprovação do regulamento que estabelece as regras de importação, exportação, reexportação de substâncias e equipamentos possuidores das substâncias destruidoras da camada de ozono.

Fruto do trabalho realizado pelo país, Angola foi eleita presidente da 23ª Reunião das Partes do Protocolo de Montreal em Novembro de 2011, na cidade de Bali, Indonésia, e eleita na 26ª Reunião das Partes do Protocolo de Montreal, em Novembro de 2014, em Paris, Vice-presidente da Convenção de Viena, em Representação de África.

Alterações climáticas

A ministra do Ambiente reafirmou que as alterações climáticas acontecem devido a intervenção humana, difundindo à contaminação dos gases de efeito de estufa e outras acções que empobrecem a camada de ozono.

Angola, acrescentou, é parte dos menos poluidores, mas acaba sofrendo com as consequências, porque quem contamina em maior escala são os países industrializados. "Não vamos dizer que o nosso nível é zero, porque também contaminamos com as nossas centrais”. O país, explicou, já teve energia produzida a partir de centrais térmicas, ou seja, de grupos geradores, acção que contaminava a camada de ozono. "Hoje, felizmente, já temos mais centrais fotovoltaicas, onde são produzidas energias limpas, geradas a partir de barragens. À medida que substituímos o material antigo, vamos diminuindo a poluição”, disse, além de lamentar o facto de apesar de termos muitas florestas a maioria sofre com o abate  e, em muitos casos, não é  feita a reposição dessas árvores.

A ministra do Ambiente explicou que, com isso, acabamos por sofrer com as alterações climáticas que, principalmente, são mais visíveis na parte sul de Angola. "Já temos em legislação, mas há a necessidade de passar à prática para que, se, eventualmente acontecesse um  fenómeno estejamos presentes e  será melhor se tivermos uma previsão, ainda que não seja a 100 por cento fiável, mas 99% de probabilidades de acontecer para previamente tomarmos medidas”.

De acordo com Ana Paula de Carvalho pretende-se, também, com a criação do Observatório, congregar mais dados sobre o clima e realizar estudos. "Temos visto na província do Cunene, periodicamente, casos de seca e cheias, mas, com o Observatório teremos mais ou menos ideias ou sinais do período de tempo que isso deve acontecer”.

Ana Paula de Carvalho disse que a congregação dos serviços realizados pelo Centro de Ecologia Tropical e Alterações Climáticas, localizado no Huambo, que também já tem alguns estudos, e do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica de Angola (INAMET) vai resultar na formação de um Sistema de Alerta Rápido. "Já temos alguns no país, mas precisamos ter mais sinais de alerta rápida, para que possamos ter avisos na devida altura e diligenciarmos as precauções necessárias”, realçou. 

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