Cipriano era um jovem empregado de limpeza, simpático e bem-falante, aparentemente trabalhador dedicado. O seu maior defeito era, talvez, a sua aparente incapacidade de perceber quando estava a ser inconveniente ou inoportuno.
Quando pensamos nos passos importantes que o país tem dado com a realização de vários instrumentos jurídicos de cooperação com destaque para a Espanha, Brasil e, recentemente, com a República da Coreia do Sul, é reconhecer que novas dinâmicas serão implementadas, como reduzir burocracias e animar o desempenho da balança comercial entre os países.
A ideia segundo a qual Portugal deve assumir as suas responsabilidades sobre os crimes cometidos durante a Era Colonial, tal como oportunamente defendida pelo Presidente da República portuguesa, além do ineditismo e lado relevante da política portuguesa actual, representa um passo importante na direcção certa.
É verdade que em quase 50 anos de independência das ex-colónias, de liberdade e democracia em Portugal, nunca de um e do outro lado, foi levantado este debate que divide opiniões, reacende certos ânimos e levanta inúmeras interrogações, mas sobre o qual urge fazer alguma coisa em nome da verdade histórica, preservação da memória e justiça.
O debate que gerou a intervenção do Chefe de Estado de Portugal, efectuado, quinta-feira, durante um jantar com os correspondentes estrangeiros baseados na terra lusa, não pode ser prejudicado pelas posições ideológicas, filosóficas ou doutrinárias dos intervenientes colectivos e pessoais, muito menos resumir-se ao pedido formal de desculpas por crimes da Era Colonial.
Sabemos que alguns sectores da direita e extrema-direita portuguesas, saudosistas de um período em que o aventureirismo "dos mares nunca antes navegados” não apenas permitiu o intercâmbio com os outros povos, mas desembocou, igualmente, na maior tragédia para os povos africanos, pretendem subscrever um revisionismo histórico sobre o qual, mais do que enaltecer, se deviam envergonhar.
Esquecem-se estes quantos africanos, descendentes dos povos que formam o actual território nacional angolano, foram desterrados entre 1700 e 1900, foram despojados de tudo o que os dizia respeito e morreram em nome de um ideário e suposta civilização que provocou estragos cujas sequelas persistem até hoje?
É verdade que o passado não retrocede, que nada se pode fazer para o alterar e que se precisa de viver com a História de forma a assumi-la, sem deturpar a compreensão e percepção que se deve ter da mesma.
Está coberto de razão o Presidente da República portuguesa quando defende a necessidade de assumpção das responsabilidades relacionadas com as atrocidades cometidas durante a Era Colonial, independentemente de ser uma matéria da esfera governativa, mas que deve mobilizar todos os portugueses.
Mas é preciso que, depois de lançado o mote por Marcelo Rebelo de Sousa, haja força, incentivo e acção para que esse debate ganhe corpo para se efectivar, de resto como ocorreu com outras realidades. Ao lado do pedido de desculpas, haja também espaço para as esperadas reparações, que devem ser desapaixonadamente discutidas, para, em jeito de komba, encerrar-se a maka do Passado Colonial.
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