Reportagem

Sequele nove anos depois: “Temos hoje em dia uma cidade calma e tranquila”

Helma Reis

Jornalista

Localizada no município de Cacuaco, a cidade do Sequele era, antes da sua construção, uma área desabitada. A zona era usada para as manobras militares da 101ª Brigada de Tanques, que dividia o espaço com alguns camponeses que praticavam a agricultura de subsistência. Actualmente, a urbe alberga 60 mil pessoas, o que constitui um desafio para a administração distrital liderada por Francisco Tchipilica

13/08/2023  Última atualização 08H45
Município de Cacuaco, a cidade do Sequele © Fotografia por: Edições Novembro

A cidade tem, actualmente, mais de 60 mil habitantes, informou o administrador do Distrito Urbano do Sequele, que, numa conversa com o Jornal de Angola, disse estarem os habitantes engajados no progresso da cidade, que, como disse, "é diário e visível”.

Francisco Tchiplica acentuou que há sempre desafios,  apesar de a administração  não ter orçamento próprio há já algum tempo.

"Temos, hoje em dia, uma cidade calma e tranquila e que é motivo de orgulho para todos nós”, garantiu o administrador. 

O número de equipamentos sociais, como escolas e unidades de saúde, segundo Francisco Tchipilica, ainda está muito aquém das necessidades actuais dos habitantes da cidade. De acordo com o administrador, o abastecimento de água, por exemplo, já foi um problema, um quadro que se alterou, já que, actualmente, os moradores recebem o "precioso líquido” durante um período de 20 a 21 horas, quando, anteriormente, a água jorrava das torneiras apenas durante oito horas.

Uma das principais reclamações apresentadas pela população à Administração do Distrito Urbano do Sequele tem a ver com a  iluminação pública. Sobre este ponto, Francisco Tchipilica referiu que tudo tem sido feito, mas o problema não é de fácil solução, por não haver dinheiro para a manutenção do sistema de iluminação pública. "Uma das prioridades, neste  momento, tem sido a recuperação da iluminação pública,  cujo trabalho tem recebido o apoio  de grupos de moradores organizados”, acrescentou. 

Um valor, cujo montante não foi revelado por Francisco Tchipilica, foi colocado à disposição da Administração do Distrito Urbano do Sequele pela Administração Municipal de Cacuaco, o que permitiu a recuperação da iluminação pública nas ruas 2 e 3, assim como de um PT que foi vandalizado há mais de quatro anos, na via principal, conhecida por Avenida 12 de Agosto.

O administrador defendeu que, para terem sempre uma iluminação em funcionamento, as centralidades deveriam ter verbas próprias para a sua manutenção.

Sector da Educação

A cidade do Sequele tem apenas três escolas públicas, todas sob a gestão da Igreja Católica. São escolas que atendem o ensino primário, o I e o II ciclos do Ensino Secundário. A escola primária pública da cidade do Sequele tem a particularidade de ser a maior a nível do país.

A entrega da gestão das três escolas públicas à Igreja Católica já foi motivo de acesos debates entre os moradores, com um número expressivo a não concordar com a decisão do Governo da Província de Luanda.

"É importante lembrar que a Igreja sempre foi uma reserva moral”, defendeu o administrador, acrescentando que "existem parcerias estratégicas entre as igrejas e o Estado angolano”.

A gestão das escolas foi entregue à Igreja Católica como poderia ter sido entregue a uma outra igreja qualquer, salientou Francisco Tchiplilica.

O que faltou, no entender do administrador, foi falta de comunicação entre as escolas e os encarregados de educação, depois da decisão da entrega da gestão à Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST). "O distrito urbano do Sequele recebe alunos que vêm dos municípios vizinhos, como Icolo e Bengo e Viana, algo que acontece também no sector da Saúde”, informou o administrador.

Ocupações ilegais e projectos em acção

O Distrito Urbano do Sequele é uma das áreas da província de Luanda que regista, habitualmente, casos de ocupação ilegal de terrenos. O fenómeno tem sido esbatido no âmbito de uma concertação, desde 2020, entre a Administração do Distrito  e a Empresa de Gestão de Terrenos Infra-estruturados (EGTI).

Segundo o administrador, em quase todo o território do Distrito Urbano do Sequele há ocupações ilegais, um fenómeno social "criado por pessoas gananciosas,  para a venda ilegal de terrenos, principalmente”.

Francisco Tchiplilica denunciou que os invasores são sempre os mesmos e adiantou que os bairros Sombra do Imbondeiro, Tande, Bênção de Deus, Ecos da Paz e Vontade de Deus são ilegais e, por esta razão, não vão ser requalificados.

O responsável pelo Distrito Urbano do Sequele lembrou que o cidadão que queira adquirir uma parcela de terra deve   fazer  uma solicitação  à administração.

Francisco Tchipilica referiu que existe vontade de muitos particulares em construir zonas de lazer nas imediações da cidade do Sequele, um desejo que encontra dificuldades de concretização, dado que a EGTI tem "políticas próprias de concessão de terrenos”.

A rede de comércio é deficitária, reconheceu Francisco Tchipilica, depois de ter informado que no Distrito Urbano do Sequele existem  apenas  duas grandes superfícies comerciais. Um défice que está na origem do número expressivo de cantinas, um comércio precário dominado por expatriados.

O Distrito do Sequele tem um mercado público com capacidade para 350 bancadas e dois mercados  privados. "Infelizmente, o número de mercados ainda não satisfaz”, declarou o administrador, que disse ser uma preocupação que vai ser levada "às entidades de direito, no sentido  de  incluir,  no OGE de 2024, a construção de um mercado municipal maior”.

Semáforos e manutenção dos prédios

A cidade do Sequele não tem, até hoje, um sistema de semaforização, apesar de ter constado do projecto de construção da centralidade, habitada desde 2013. Sobre o assunto, o administrador distrital revelou que estudos já foram feitos para a introdução do sistema de semaforização.

O que existe de momento é a sinalização horizontal e vertical, que tem contribuído para a regularização da circulação rodoviária, garantiu Francisco Tchipilica.

O administrador informou que a manutenção dos edifícios é um trabalho desenvolvido pela empresa construtora da cidade do Sequele, que, quando há necessidade de intervenção, recebe um pedido, para o efeito, da administração do distrito.

O administrador avançou igualmente que  está a ser realizada uma campanha  de sensibilização sobre como usar os apartamentos, com a entrega de cartilhas aos habitantes da cidade do Sequele.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Reportagem