Especial

Luandenses elogiam nova imagem da Avenida Deolinda Rodrigues

Flávia Massua

Jornalista

José Rui, 43 anos, é taxista. Há mais de 20 anos que frequenta a rota dos Congolenses-Mercado do Km-30, no município de Viana. Ao longo da sua actividade, referiu, já acompanhou várias obras feitas na Avenida Deolinda Rodrigues, mas ressalta a qualidade dos trabalhos de requalificação no tapete asfáltico, colocação de novos separadores, reparação das pedonais e limpeza no sistema de drenagem iniciados em meados do ano passado.

25/01/2024  Última atualização 11H27
As obras estão inseridas no programa de melhoria dos acessos ao Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto © Fotografia por: Maria Augusta | Edições Novembro
Na sua óptica, o trabalho em curso vai causar um impacto positivo na vida dos cidadãos que anseiam pela melhoria da mobilidade e imagem da cidade de Luanda.

Apesar de notar níveis assustadores de teimosia de pessoas que frequentemente fazem a travessia em locais impróprios, em detrimento da pedonais, observou que a altura de mais de um metro, dos novos separadores, agregados com uma rede e gradeamentos em metal e ferro na parte superior, garante maior segurança e, de alguma forma, impede a passagem anárquica de transeuntes de um lado para o outro, em alguns troços.

Pela via, são inúmeros os candeeiros apagados, razão pela qual apela à colocação urgente de lâmpadas nos postes de iluminação pública, o que poderá baixar os níveis de insegurança dos transeuntes, sobretudo os que frequentam o troço da zona da Robaldina até à ponte do Km-25.

"Esperamos que se coloquem candeeiros o mais breve possível, porque desde que começaram os trabalhos de requalificação deste troço da Estrada Nacional (EN) 230, notamos que a via está literalmente mais escura e instalou-se mais ainda a insegurança para quem transpõe a via, no período nocturno”, apelou.

Pelo nível de delinquência que se vive actualmente na capital do país, segundo José Rui, a escuridão nas ruas só aumenta a insegurança e abre brechas para os malfeitores.

A opinião de José Rui foi corroborada por outros três entrevistados que enalteceram, igualmente, os trabalhos em curso, tendo em conta a movimentação de milhares de viaturas e transeuntes na Avenida Deolinda Rodrigues, fluxo que pode aumentar devido à entrada em funcionamento do Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, inaugurado em Novembro último.

Os entrevistados defenderam, igualmente, a iluminação e a construção de uma pedonal nas imediações da travessa da Robaldina, para facilitar a travessia dos alunos, que no período matinal arriscam-se a saltar os separadores para irem à escola.

 Paragens para transportes públicos

A directora provincial de Luanda do Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA), Rosária Kiala, confirmou que os trabalhos em curso na Avenida Deolinda Rodrigeus, iniciados na Unidade Operativa de Luanda, até à ponte do Km-25, compreendem igualmente trabalhos na via expressa, num total de 14 quilómetros.

As obras estão sob a égide dos Ministérios das Obras Públicas Habitação e Urbanismo, dos Transportes e Governo da Província de Luanda que, até ao momento, construíram ao longo da via, 13 pontos de paragens para transportes públicos, cinco quilómetros de separadores de betão para a segurança dos automobilistas e transeuntes, 16 quilómetros de sinalização vertical e horizontal, dois pórticos informativos, 18 acções de limpeza de órgãos de drenagem e reabilitação de quatro pedonais.

As obras envolvem 322 trabalhadores nacionais, no quadro do programa denominado "Melhorias dos acessos ao novo aeroporto Doutor António Agostinho Neto”, que abrange os municípios de Luanda, Kilamba-Kiaxi, Cazenga e Viana.

Sem avançar os custos da empreitada, a também engenheira frisou que estão em curso várias obras, nomeadamente, a reabilitação da Avenida Fidel Castro, manutenção e conservação de outras vias estruturantes dos referidos municípios, sob a égide dos mesmos organismos.

 
Estações do Musseques Caminho-de-Ferro

Modernização das estações do Caminho-de-Ferro
 

É quase impossível não notar as alterações, do ponto de vista da modernização, das estações do Caminho-de-Ferro de Luanda. As modernas e atraentes estruturas, mesmo sem querer, chamam a atenção no olhar de quem passa pelo Bungo, Musseques, Baia e Viana, onde decorrem trabalhos no provimento de energia e água, implementação de parques de estacionamento e requalificação das ruas de acesso.

Os trabalhos abrangem um raio de 37 quilómetros de extensão no troço Bungo-Baia, onde foram empregados um número considerável de trabalhadores nacionais, de forma directa e indirecta, no sentido de facilitar o acesso ao Aeroporto Internacional Dr António Agostinho Neto.

A intenção, de acordo com o Presidente do Conselho de Administração da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Énio Costa, é criar mais uma alternativa para tornar a via mais rápida e livre de congestionamentos de trânsito, tal como acontece com a rodovia.

Desta forma, assegurou, depois do término de todas as fases do projecto, com um financiamento na ordem de 255 milhões de dólares, englobando trabalhos de sinalização, telecomunicações, passagens superiores e vedação, em toda extensão da linha férrea.

A construção do ramal de ligação até ao AIAAN envolve um valor monetário acima de 160 milhões de dólares, com nove passagens superiores também no valor de 99 milhões de Euros.

As obras, na componente de construção civil, que correspondem às estações, estão praticamente concluídas. No momento, seguem os trabalhos de conclusão de nove passagens superiores para médio prazo. "Estamos a avançar com a electrificação do troço, para proporcionar um ambiente mais atractivo à população”, sublinhou.

Avançou que já é notória a nova imagem que as estações apresentam, trazendo grandes benefícios e valorização da área, com a aposta destes investimentos. No interior das estações, ressaltou, vão ser instalados vários serviços públicos, como lojas, restaurantes, boutiques e similares.

Ansiosos pelo fim das obras

Matilde Congo aproveita a oportunidade para vender comida ao longo da rua adjacente à estação dos Musseques, no município do Cazenga, onde dezenas de trabalhadores cumprem as suas tarefas.

Com uma média diária de vendas de 37 pratos diferentes a preços que variam entre 700 e 1.500 Kwanzas, o funge é o mais procurado. Matilde Congo elogia os trabalhos que, mesmo antes de terminarem, dão um ar de modernização à estação do Tunga Ngó e valoriza mais ainda a zona onde mora há mais de 20 anos.

 "Estamos ansiosos pelo fim da obra, para andarmos mais à vontade e eliminar de uma vez por todas a poeira que invade o interior das nossas casas todos os dias”, referiu.

O funcionário público Victor Joel partilha da mesma opinião. Ele e um colega de trabalho enalteceram a aposta do Governo de requalificar os vários pontos de partida e chegada de comboios, facilitando a mobilidade das pessoas, reduzir custos das viagens e maior segurança.

Enquanto aguardava pelo comboio, por volta das 16 horas, considerou que era pertinente mudar a imagem sobretudo da estação do Bungo, tendo em conta a sua localização.


Museus Nacionais da Escravatura

MUSEUS ENTRE OS ESPAÇOS MAIS PROCURADOS
Cidade rica em locais turísticos

Mais do que uma capital de país, Luanda, a cidade que hoje completa 448 anos, é também a província com o maior número de locais e zonas turísticas, com destaque para os museus. O seu rico acervo, histórias narradas em exposições no formato de gravura, fauna e flora, motivam as concorridas visitas de cidadãos nacionais e expatriados.

O Jornal de Angola visitou o Museus Nacionais da Escravatura e de História Natural, que recebem, em média, mais de 50 mil turistas por ano, cada.

Além de grupos escolares, o Museu Nacional da Escravatura recebe, por semana, mais de 200 turistas estrangeiros de diferentes nacionalidades.

Um dos técnicos da instituição, fundada em 1977, situado no distrito urbano do Morro dos Veados, disse que as visitas são pagas, com taxas que vão até 10 mil Kwanzas, valor que inclui o acompanhamento dos turistas por parte de guias, com conhecimentos sobre o acervo exposto.

Museu de História Natural

O Museu de História Natural, antigo Museu de História de Angola, situado no largo do Kinaxixi, no centro da cidade de Luanda recebeu, em 2023, cerca de 50 mil visitas, entre as quais crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.

A chefe de departamento, Ana Traves, só no primeiro semestre do ano em referência, 182 cidadãos estrangeiros de várias nacionalidades visitaram o Museu de História Natural, que tem mais 800 mil exemplares de peças diversas, da fauna e flora.

Além dos dois museus referenciados, a cidade de Luanda conta com mais outros, abertos ao público, como o da Antropologia, Casa Museu Óscar Ribas, de História Militar, da Moeda e de Geologia.

Segundo Ana Traves, que é também bióloga química, o Governo angolano pretende, até 2027, implementar o Sistema Nacional de Museus, para valorizar, preservar e garantir a fruição do património cultural.

 Locais mais visitados

De acordo com o coordenador da Associação de Guias Turísticos de Angola (AGTA), Augusto Bilingo, a Igreja Nossa Senhora da Nazaré e a Rua dos Mercadores são os locais preferidos para visitas turísticas de angolanos e cidadãos expatriados.

O último ponto, situado no distrito urbano da Ingombota, no município de Luanda, tem, nas paredes, imagens que revelam o processo doloroso do comércio de escravos, com destino para vários pontos do mundo.

"É uma rua emblemática no contexto histórico de Angola”, ressaltou Augusto Bilingo, que cobra até 35 mil Kwanzas, por cada visita guiada nos vários pontos da cidade de Luanda, à escolha do visitante.

A fonte referiu que, no ano passado, mais de dois mil turistas procuraram pelos seus serviços da Associação de Guias Turísticos.

Além da Igreja da Nossa Senhora da Nazaré e a Rua dos Mercadores, os visitantes procuram conhecer de perto a história de Angola, através dos museus.

O aumento da oferta em serviços públicos, como água, energia, melhoria das vias de comunicação e combate à criminalidade, na sua opinião, são elementos fundamentais para o aumento do número de turistas.

Importância da Rua dos Mercadores

Artur da Silva e Gertrudes Evaristo são moradores da Rua dos Mercadores há mais de 40 anos. Coincidentemente, o primeiro é funcionário da Casa de Cultura Angola/Brasil, situada nas imediações, enquanto que a segunda, vendedora de ovos cozidos e frutas, é herdeira de uma das casas que pertenceu aos avôs.

Artur da Silva tem uma vaga ideia sobre o que se passou naquela fachada durante o período do tráfico de escravos.  Explica que era no Largo do Pelourinho, nas imediações, onde eram expostas as pessoas vulneráveis para fins comerciais às grandes famílias burguesas e outras, sobretudo de nacionalidades brasileira e americana.

A recente visita de três membros da família Tucker, dos Estados Unidos da América, com raízes em Angola, que incluiu uma passagem pela Rua dos Mercadores, provou mais uma vez a importância do local, além de outros, ressaltou Artur da Silva.

Lembrou, com satisfação, a forma simples como os americanos interagiram com as pessoas, compraram e comeram ovos cozidos vendidos pela nossa entrevistada e não menos importante, ficaram emocionados, porque identificaram o local, como sendo um dos pontos de onde terão partido ou passado os seus ancestrais.

A capital tem ainda como pontos turísticos as Ilhas do Cabo e Mussulo, o Miradouro da Lua, a Marginal, o Miradouro da Lua, o Parque Nacional da Quissama, a Praia dos Surfistas, entre outros.

Centro de Ciência de Luanda

O Centro de Ciência de Luanda (CCL), inaugurado no final do ano passado, no Largo do Baleizão, é um novo ponto turístico da cidade de Luanda. A instituição, focada na valorização do conhecimento científico e tecnológico dos cidadãos, conta com uma variedade de equipamentos interactivos, como o Planetário, a sala de cinema de grande formato e as salas de exposições.

A infra-estrutura que acolhe o Centro, a antiga Fábrica de Sabão, apesar da reestruturação, mantém a fachada principal do edifício, de modo a preservar os traços arquitectónicos e a memória do lugar.

Desenhado inicialmente para acolher um museu, ganhou nova dinâmica na década de 2000, evoluindo para um Centro de Ciência, com um espaço dinâmico e interactivo onde a experimentação é predominante, com vista a estimular a curiosidade, inspirando futuras gerações, em particular a estudantil.

Logo à entrada do Centro, despertam a atenção do visitante os espólios (peças) da antiga Fábrica de Sabão e Óleo, que resistiram ao tempo e à vandalização, servindo de testemunho da história do local, que hoje acolhe o CCL.

Além do pequeno jardim e do espólio, os bancos e o imponente imbondeiro, rodeado de flores coloridas, dão vida ao lugar e arrastam a visão à Casa Secular, interligada ao Borboletário.

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