Opinião

A celebração da mulher africana

A data de 31 de Julho, celebrada anteontem como o Dia da Mulher Africana, foi instituída em 1962, na Conferência das Mulheres Africanas, realizada na cidade de Dar-es-Salam, capital da Tanzânia.

02/08/2024  Última atualização 08H05
Na verdade, a celebração da mulher africana deve ser intemporal, sendo o dia comemorado apenas indicativo e lembrança da condição em que se encontram os membros do maior segmento demográfico em África. As mulheres são, no mundo e em particular em África, o grupo mais expressivo em termos populacionais, razão pela qual acaba por ser afectado pelos piores indicadores sociais e económicos. A herança cultural, que relegou sempre a mulher a uma condição inferior em relação ao homem e cuja desconstrução está a levar o tempo que testemunhamos e tem condicionado, em muitos casos, a emancipação da mulher.

Em Angola, a condição da mulher mudou muito ao longo dos últimos 49 anos, referindo-nos aqui desde que Angola é país independente, na medida em que os números relativos ao papel e afirmação das senhoras falam por si.

Há cerca de meio século, provavelmente e sem muita margem de erro, o percentual de mulheres que não sabia ler e escrever, de Cabinda ao Cunene, devia ascender aos noventa, numa altura em que era excepcional ver mulheres a exercer determinadas actividades.

Desde a educação ao emprego, bem como ao exercício de cargos de responsabilidade e a realização de "actividades percebidas como eminentemente masculinas”, de acordo com o contexto de então, passaram a ser vistas, hoje, como ofícios de todos.

Felizmente, caminhamos em Angola para a completa desconstrução da ideia de que existam actividades para homens e tarefas para as mulheres, responsabilidades só para homens e atribuições apenas para mulheres.

A Constituição da República de Angola, no Artigo 35.º, sobre a família, casamento e filiação, no seu número 3 é clara quando dispõe que "o homem e a mulher são iguais no seio da família, da sociedade e do Estado, gozando dos mesmos direitos e cabendo-lhes os mesmos deveres”, uma disposição claríssima como água no que a paridade do género diz respeito”.

Num dia como o celebrado ontem e que, na verdade, deve ser motivo de contínua reflexão sobre a condição da mulher africana em geral e da angolana em particular, porque, como vemos na generalidade, prevalece como um desafio permanente da sociedade angolana. 

 Se por um lado, há muito progresso feito em termos de afirmação da mulher e da consciencialização sobre a sua condição na família, sociedade e no Estado, por outro, continuamos a assistir a inúmeros  casos inadmissíveis de discrminação e maus-tratos. Quer dizer, nada está garantido enquanto não formos capazes de continuar a lutar pela igualdade de género, um pressuposto indissociavelmente ligado ao desenvolvimento e modernização do país.

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