Cultura

A vez da poetisa brasileira Adélia Prado

“Adélia Prado é autora de uma obra muito original, que se estende ao longo de décadas, com destaque para a produção poética. Herdeira de Carlos Drummond de Andrade, o autor que a deu a conhecer e que sobre ela escreveu as conhecidas palavras ‘Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo…’, Adélia Prado é há longos anos uma voz inconfundível na literatura de língua portuguesa”.

30/06/2024  Última atualização 10H12
© Fotografia por: DR

Assim se pronunciou o júri da edição deste ano do Prémio Camões de Literatura, justificando a atribuição do prémio à poetisa, professora, filósofa, romancista e contista brasileira.

O corpo de júri, constituído pelo escritor e professor Deonisio da Silva (Brasil), o professor e pesquisador Ranieri Ribas (Brasil), o filósofo e crítico de arte poética Dionísio Bahule (Moçambique), o professor Francisco Noa (Moçambique), a professora Clara Crabbé Rocha (Portugal) e a professora Isabel Cristina Mateus (Portugal), foi unânime na sua decisão.

"Adélia não é apenas um dos maiores nomes da poesia do Brasil, mas de toda língua portuguesa, em todos os quadrantes da terra e da grande poesia. Uma poesia lírica e metafísica, amorosa e existencial, antiga e moderna. É a voz profunda de Divinópolis, que teve em Carlos Drummond de Andrade um de seus mais fervorosos leitores”, afirmou em reacção Marco Lucchese, presidente Fundação Biblioteca Nacional do Brasil.

O valor monetário do Prémio Camões é de 100 mil euros, concedidos por financiamento dos Governos de Portugal e Brasil.

Nome sempre mencionada como potencial premiada nas edições anteriores do Prémio Camões, Adélia Prado nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, em 1935. A sua estreia literária aconteceu em 1975, quando remeteu para Carlos Drummond de Andrade os originais dos seus novos poemas. Impressionado com a sua escrita, este enviou os poemas para uma editora para publicação."Bagagem” é o título deste livro de poemas, que chamou atenção da crítica pela originalidade e pelo estilo.Em 1978, escreveu "O Coração Disparado”, livro de poemas com o qual conquistou o Prémio Jabuti de Literatura. Nos dois anos seguintes, dedicou-se à prosa, com "Solte os Cachorros” em 1979 e "Cacos para um Vitral” em 1980. Em 1981, regressa à poesia com "Terra de Santa Cruz”.

O Prémio Camões foi instituído pelos Governos do Brasil e de Portugal em 1988, com o objectivo de estreitar os laços culturais entre as nações que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e enriquecer o património literário e cultural da língua portuguesa. Com o nome do maior escritor da história da língua portuguesa - o poeta português, Luís Vaz de Camões - o prémio é atribuído aos autores, pelo conjunto da obra, que contribuíram para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa.

Em todas as edições do prémio, o júri é composto por dois portugueses, dois brasileiros e dois representantes das demais nações da CPLP - Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique, Timor Leste e São Tomé e Príncipe. O mandato dos jurados é de dois anos.

O diploma entregue aos laureados contém o nome de todos os países lusófonos e é assinado pelos chefes de Estado do Brasil e de Portugal. Entre os 34 vencedores, encontram-se autores de cinco países (Brasil, Portugal, Moçambique, Angola e Cabo Verde).

Angola tem inscritos na lista dos galardoados com o Prémio Camões os escritores Pepetela (1997) e Luandino Vieira (2006).

Depois de no ano passado o prémio ter sido atribuído ao português João Barrento e no ano anterior ao brasileiro Silvano Santiago,à luz de uma "tendência” que parecia consolidar-se em tradição, havia a expectativa de que o prémio este ano fosse atribuído a um autor africano.


BERNARDO DOMBELE MBALA
Veterano embaixador lança livro de memórias

Na próxima terça-feira, 2/7, vai ser lançado, no Palácio de Ferro, em Luanda, o livro "LibererL’Angola Pour Changer L’Afrique – Fragments de Memoires” (Libertar Angola para Mudar a África – Fragmentos de Memória), de autoria de Bernardo Dombele Mbala e de José Joaquim Ndombasi Mavatiku. A apresentação estará a cargo do escritor José Mena Abrantes e do embaixador Ismael Martins. O livro, em língua francesa, ostenta a chancela da editora francesa L’Harmattan.

 "A luta de libertação nacional do povo angolano contra o colonialismo português foi travada durante a Guerra Fria. Teve uma influência inegavelmente decisiva no desenvolvimento da luta dos povos da África Austral e levou ao colapso do sistema do Apartheid e à independência do Zimbabwe e da Namíbia.Prova de que uma Angola verdadeiramente livre pode mudar a face de África. Certamente...Mas esta luta também resultou numa independência sangrenta pela mais longa guerra civil em África. 27 anos de destruição sistemática e loucura assassina sob o pretexto de lutar pela democracia. Na realidade, um desígnio para satisfazer as excessivas ambições pessoais de um único homem, Jonas Savimbi, líder rebelde da UNITA”, assim contextualiza a nota editorial inserta na contracapa do livro.

Trata-se, portanto, de uma obra em que o veterano diplomata Bernardo Dombele Mbala, com o auxílio de José Joaquim Ndombasi Mavatiku, explora a sua rica memória de participante e testemunha dos processos políticos e diplomáticos decisivos da história de Angola desde a luta de libertação nacional.

Antigo jornalista e o angolano com a carreira mais longa na diplomacia, 47 anos, Bernardo Dombele Mbala é por isso mesmo considerado uma das personalidades mais influentes de Angola.

João Joaquim Ndombasi Mavatiku, irmão e confidente de Bernardo Dombele Mbala, é um antigo jornalista, cronista de política internacional em diferentes órgãos de imprensa escrita de Kinshasa, RDC, entre 1978 e 1997.

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