Política

Academia quer ajudar a população timorense

António Gaspar |

Jornalista

O Governo angolano pretende dar a sua contribuição para o alargamento da língua portuguesa na República Democrática de Timor-Leste, anunciou, terça-feira, em Luanda, o director- geral da Academia Diplomática Venâncio de Moura (ADVM), Marcos Barrica.

10/07/2024  Última atualização 07H53
Marcos Barrica na palestra da Acedemia Venâncio de Moura © Fotografia por: Arsénio Bravo| Edições Novembro

O responsável, que falava durante a visita de trabalho do Presidente do Timor-Leste, José Ramos-Horta, às instalações da ADVM, que culminou com uma palestra, referiu, no entanto, que a expansão da língua poderá acontecer com o envio de estudantes timorenses à Academia para estudos de uma série de matérias.

"A recepção de estudantes daquele país asiático vai permitir que Angola possa transmitir a língua portuguesa. Ora, desta forma, poderemos contribuir para alargar a expressão do português em Timor-Leste. Portanto, a vinda do Presidente significa isso mesmo, a aproximação de povos que têm uma história comum de luta e de resistência", disse.

Aquele país do Sudeste Asiático, acrescentou, tem um grande desafio no que diz respeito à manutenção e sobrevivência da língua portuguesa.

"Há um assédio muito grande decorrente da invasão indonésia, que fez com que praticamente a língua portuguesa tenha desaparecido. Hoje, sentimos que efectivamente temos problemas sérios com Timor-Leste, Estado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Portanto, precisamos fazer um esforço muito grande para disseminar o português no país e nesse esforço Angola quer também participar nele, de modo a que a língua portuguesa possa sobreviver", salientou.

Em relação à visita de trabalho do Chefe de Estado de Timor-Leste à instituição, José Marcos Barrica frisou que foi possível partilhar informações sobre a actividade diplomática, contornos das missões que a Academia realiza, sobretudo no contexto da mediação e resolução de conflitos.

Sobre a palestra, que teve como tema "Timor-Leste, a Região e o Mundo”, o também embaixador sublinhou que José Ramos-Horta trouxe experiências de luta e de resistência que poderão servir de exemplo para que a juventude, hoje em dia, possa conhecer aquilo que os mais "velhos", em situações muito difíceis, fizeram, persistiram e triunfaram.

"Trata-se de uma mensagem de encorajamento para os jovens de hoje, que apesar das dificuldades do momento devem resistir e manter viva a esperança e a fé no futuro”, atirou José Marcos Barrica.

 
Timor-Leste aplaude reconciliação no país

O Presidente da República Democrática de Timor-Leste, José Ramos-Horta, disse que o seu país aprendeu ao longo dos anos com a experiência de Angola, como, por exemplo, o processo de reconciliação nacional, desmobilização e a reintegração de antigos oponentes nas Forças Armadas Angolanas ( FAA).

"Angola merecia um Prémio Nobel da Paz pelo que fez. Diria que o autor de todo esse processo foi José Eduardo Santos, que recebeu o país após a morte de António Agostinho Neto, com os desafios da guerra e a assinatura dos acordos de paz. Portanto, o actual Presidente da República, João Lourenço, e tantos outros, foram parte de toda essa arquitectura da paz e estabilidade ", destacou.

José Ramos-Horta sublinhou, igualmente, que após o fim da guerra em Angola não se fez perseguição aos derrotados e, também, não se criaram tribunais especiais para a responsabilização por quaisquer crimes de guerra. "Integraram nas Forças Armadas Angolanas os derrotados, que aceitaram participar na nova vida política do país”, ressaltou o Nobel da Paz de 1996.Mudando para a situação do sector da Saúde no seu país, o representante máximo de Timor-Leste fez saber que o número de médicos profissionais subiu, quando comparado com os anos anteriores, devido ao apoio do Governo de Cuba.

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