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África precisa de ajuda para evitar instabilidade

O Departamento das Nações Unidas para os Assuntos Económicos e Sociais (UNDESA) defendeu, segunda-feira, que os países africanos precisam de mais ajuda internacional para evitar uma crise da dívida, que obrigaria a austeridade, agravando as condições económicas actuais.

27/01/2021  Última atualização 09H04
Alguns países podem enfrentar extremas dificuldades para reavivar a actividade económica © Fotografia por: DR
"Os desafios relacionados com o financiamento externo e os elevados níveis de dívida colocam um enorme risco” às economias africanas, lê-se no relatório divulgado, segunda-feira, pelas Nações Unidas, em Nova Iorque, no qual se alerta que "a elevada dívida pública está a limitar a capacidade de aumentar a despesa nesta encruzilhada crítica”.Os peritos da ONU escrevem que o nível médio de dívida pública face ao PIB em África subiu oito pontos percentuais, em média, no ano passado, e deverá continuar a crescer este ano, com consequências graves para as economias mais endividadas.

"Os países africanos precisam de mais apoio da comunidade internacional para evitar uma crise da dívida, crescimento baixo prolongado e a armadilha da dívida elevada”, escrevem, explicando que "uma crise da dívida não causaria apenas uma brutal deterioração nas condições actuais, implicando um futuro difícil, mas também obrigaria a ajustamentos orçamentais dolorosos, piorando assim as perspectivas de evolução do desenvolvimento”.Sem assistência internacional, acrescentam, "alguns países podem enfrentar extremas dificuldades nas suas tentativas de reavivar a actividade económica, o que tornaria o pagamento da dívida mais árduo”.

Além disso, avisam, "perante este contexto, a agitação social e as tensões políticas podem escalar facilmente, o que pode, por sua vez, aumentar a insegurança, a violência, as deslocações internas, as migrações e a insegurança alimentar”.Além do problema da dívida, que tem vindo a ser apontado pelos analistas como uma das mais nefastas consequências da pandemia, já que limita o desenvolvimento e o crescimento da economia nestes países em dificuldades, a ONU avisa também que a crise prejudicou muito o mercado laboral africano.

"Em 2020, as taxas de desemprego subiram em todo o continente, especialmente nas áreas urbanas; a pandemia da Covid-19 de-sencorajou muitas pessoas de procurarem emprego, o que fez com que a força de trabalho tenha regredido nas maiores economias”, como a Nigéria e a África do Sul, onde a taxa de desemprego subiu para valores a rondar os 30 por cento.Para evitar a instabilidade social e combater o impacto da crise, os Governos africanos embarcaram numa política expansionista, mas devido às dificuldades orçamentais da região, a resposta foi menor do que no resto do mundo.

"A resposta orçamental na África subsaariana representou apenas 3 por cento  do PIB até agora, o que compara com os cerca de 7 por cento registados no resto do mundo”, dizem os peritos, lamentando que "apesar de os Governos terem implementado um amplo leque de medidas, a assistência tem sido prejudicada por uma crónica falta de redes de segurança que permitiriam uma alocação mais rápida dos recursos aos mais necessitados”.

O défice orçamental médio na região, por isso, mais do que duplicou no ano passado, crescendo de 4,9 por cento em 2019 para mais de 10,7 por cento no ano passado."A médio prazo, muitos países vão precisar de implementar reformas para criarem espaço orçamental e garantir a sua sustentabilidade, através de melhoramentos na gestão e transparência da dívida, promoção de eficiência na despesa pública e expansão da base tributária", recomenda a ONU.

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