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Ajuda militar dos EUA a Israel é “agressão ao povo palestiniano”

A Presidência Palestiniana reagiu, ontem, à aprovação pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos (câmara baixa do Parlamento) de milhares de milhões de dólares de ajuda militar a Israel, classificando-a como uma "agressão ao povo palestiniano".

22/04/2024  Última atualização 09H57
Nabil Abu Rudeina é o porta-voz do Presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) © Fotografia por: DR

Esse dinheiro pode "resultar em milhares de vítimas palestinianas na Faixa de Gaza" e na Cisjordânia, declarou Nabil Abu Rudeina, porta-voz do Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, condenando o que descreveu como uma "perigosa escalada".

O diploma, aprovado pela câmara baixa do Congresso norte-americano, prevê 13 mil milhões de dólares (cerca de 12 mil milhões de euros) de ajuda militar a Israel, aliado histórico dos Estados Unidos, em guerra há mais de seis meses com o movimento islamita palestiniano Hamas, na Faixa de Gaza.

Este dinheiro servirá, nomeadamente, para reforçar o escudo antimísseis israelita, o "Iron Dome" ("Redoma de Ferro").

Mais de nove mil milhões de dólares (8,4 mil milhões de euros) destinam-se, por outro lado, a "responder às necessidades urgentes de ajuda humanitária em Gaza e de outras populações vulneráveis no mundo", segundo um resumo do documento.

O projecto proíbe, em contrapartida, qualquer financiamento directo dos Estados Unidos à Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos, a UNRWA, depois de Israel ter acusado alguns dos seus trabalhadores de envolvimento no atentado de 7 de Outubro do ano passado, perpetrado pelo Hamas.

O diploma terá ainda de ser aprovado no Senado, onde o Partido Democrata dispõe de uma pequena maioria.

A 7 de Outubro do ano passado, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) - desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel - realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e 250 reféns, cerca de 130 dos quais permanecem em cativeiro e 34 terão entretanto morrido, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que, desde ontem, entrou no 197.º dia, continuando a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, e fez até agora na Faixa de Gaza mais de 34.000 mortos, mais de 76.200 feridos e milhares de desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.

O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica", que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

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