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Aliados tentam impedir avanço russo na Ucrânia

As forças ucranianas iniciaram movimentações tácticas com o reforço da capacidade militar com a chega das primeiras baterias entregues pelos Estados Unidos da América e aliados, segundo o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, garantindo que planeiam colocar mais unidades à disposição de Kiev.

15/05/2024  Última atualização 11H13
Casa Branca garante que ucranianos têm financiamento assegurado para conduzir a guerra © Fotografia por: DR

As alterações tácticas das forças ucranianas ocorrem numa altura em que Kiev e aliados acompanham com grande apreensão a entrada em cena do novo ministro da Defesa da Rússia, Andrei Belousov, em substituição de Sergei Shoigu, que coordenou as operações desde 2012. 

Nesta ordem, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, procura transmitir "apoio duradouro" de Washington à Ucrânia, no quadro de uma visita ao país, prevista para iniciar ontem. Sem comentar o assunto, Jake Sullivan anunciou, para os próximos dias, um novo pacote de ajuda militar para a Ucrânia, no quadro da aceleração do ritmo da entrega de arsenal. "Teremos outro, o que chamamos de pacote de Autoridade de Retirada Presidencial [PDA, na sigla em inglês], apenas nos próximos dias, porque estamos a tentar, realmente, acelerar o ritmo das entregas", afirmou o conselheiro de segurança da Casa Branca, citado, na segunda-feira, pela imprensa brasileira.

Segundo Sullivan, os EUA e os seus aliados estão a fazer tudo que é possível para enviar armas à Ucrânia e tentar combater o avanço das tropas russas na região de Carcóvia.

Acrescentou que algum equipamento militar dos pacotes de ajuda recentemente anunciados pelos EUA já está no campo de batalha. Na semana passada, os Estados Unidos destacaram um pacote de ajuda adicional de 400 milhões de dólares para a Ucrânia. No entanto, nos últimos seis meses não foi enviada nenhuma assistência militar à Ucrânia, depois do financiamento ter esgotado em Dezembro do ano passado e os republicanos, na Câmara dos Representantes, terem atrasado a aprovação de novos fundos. Situação que foi reposta no final de Abril.

 
Exército ucraniano retoma Lukyantsi

As forças ucranianas tomaram o controlo da cidade de Lukyantsi, perto da fronteira russa, segundo o grupo de análise ucraniano DeepState citado pela agência espanhola EFE. "O inimigo ocupou Lukyantsi", lê-se numa mensagem publicada nas redes sociais pelo DeepState, que tem vindo a publicar, desde sexta-feira, informações sobre a conquista de várias localidades pelas forças da Rússia na zona de fronteira.

No final da semana passada, a Rússia projectou uma nova frente ao atacar a província fronteiriça ucraniana de Kharkov. Lukyantsi situa-se numa das duas áreas do Norte da Região de Kharkov. De acordo com o Estado-Maior ucraniano, as tropas de Kiev fizeram recuar um total de 13 ataques russos no Norte de Kharkov, nas últimas 24 horas.

Por outro lado, o DeepState relatou avanços russos perto de Vovchansk (cerca de 40 quilómetros a leste de Lukyantsi e principal alvo russo a norte de Kharkov) e em outras áreas da linha da frente, principalmente na província oriental de Donetsk.

Até ao momento, Moscovo não se pronunciou sobre as últimas informações divulgadas por Kiev. O Presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, afirmou que as acções ofensivas russas no norte de Kharkov têm como objectivo forçar as tropas ucranianas a se dispersarem, negligenciando, assim, outras áreas ao longo das linhas da frente.

O Instituto para o Estudo da Guerra, em Washington, refere, no relatório diário, que a prioridade das forças russas no norte de Kharkov não é avançar mais, mas sim "criar uma zona tampão" para afastar o Exército ucraniano da zona fronteiriça russa de Belgorod, a fim de reduzir os ataques nesta zona do território.

O ataque das forças russas à região de Kharkov já provocou a demissão do comandante militar ucraniano na zona, o que os analistas interpretam como prova de que a Ucrânia não conseguiu defender o território.

Zelenski sublinhou, num discurso, segunda-feira, que o novo comandante militar da zona, o brigadeiro-general Mikhail Drapati, está a trabalhar "no terreno", tendo recebido "forças e munições suficientes". "Estamos a obter resultados cada vez melhores, destruindo a infantaria e o equipamento do ocupante", disse Zelenski.

A resposta ucraniana ao ataque russo transfronteiriço na região de Kharkov foi criticada na Ucrânia, uma vez que as fortificações necessárias para uma situação deste tipo não existiam na zona situada próxima do território da Rússia.

O Ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, e o chefe do Exército ucraniano, Oleksandr Sirski, informaram o responsável pelos assuntos europeus do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Michael Carpenter, sobre a situação na linha da frente.

Umerov e Sirski também participaram, na segunda-feira, numa reunião virtual com o Conselheiro de Segurança da Casa Branca, Jake Sullivan, e o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, a quem explicaram a evolução da situação ao longo das linhas na região de Kharkov.

"Mantivemos uma discussão sobre a situação na linha da frente, sobre as acções ofensivas russas e sobre a ajuda de que a Ucrânia necessita", escreveu o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andri Yermak, que também participou na reunião.

Yermak acrescentou que a necessidade da Ucrânia em receber armamento dos Estados Unidos foi também discutida "em pormenor".


Novo ministro da Defesa mantém o foco na guerra

O novo ministro da Defesa da Rússia, Andrei Belousov, mantém o foco na guerra, com o alargamento da estratégia à inovação e preparação de actividades a longo prazo, referiu o Chefe de Estado russo, Vladimir Putin.

Belousov substitui Sergei Shoigu, que ficou no cargo de ministro da Defesa desde 2012, e passa a desempenhar, agora, as funções de secretário do Conselho de Segurança da Rússia, monitorando o trabalho do Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar, segundo o Kremlin.

No entanto, o agora ministro da Defesa da Rússia, Andrei Belousov, nascido a 17 de Março de 1959, possui um doutoramento em Ciências Económicas e formou-se  na Faculdade de Economia da Universidade Lomonósov de Moscovo, em 1981. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, enfatizou que a escolha foi motivada pela necessidade de integrar a economia geral do sector de segurança, particularmente o Ministério da Defesa, à economia nacional.

"É muito importante alinhar a economia do sector de segurança com a dinâmica do momento actual", disse Peskov. Acrescentou que a nomeação de Belousov não alteraria o "sistema de coordenação" da composição militar.

"Com relação ao componente militar, esta nomeação não mudará o sistema de coordenação actual; o componente militar sempre foi prerrogativa do chefe do Estado-Maior, que continuará as suas actividades, e não estão previstas mudanças a esse respeito", esclareceu Peskov aos jornalistas.

De 1981 a 1986, Belousov trabalhou como pesquisador no laboratório de modelagem de sistemas homem-máquina do Instituto Central de Economia e Matemática da Academia de Ciências da URSS. Durante 20 anos, ocupou várias posições no Instituto de Economia e Previsão do Progresso Científico e Tecnológico da Academia de Ciências da União Soviética.

Actuou, de 2000 a 2006, como director-geral do Centro de Análise Macroeconómica e Previsão de Curto Prazo, além de servir como conselheiro independente do Primeiro-Ministro da Rússia à época.

Entre 2006 e 2008, também trabalhou como vice-ministro do Ministério para Desenvolvimento Económico e, posteriormente, de 2008 a 2012, foi director do Departamento de Economia e Finanças do Governo da Rússia.

Em 2012, Beloúsov foi nomeado ministro para Desenvolvimento Económico, e em 2013, ascendeu a assistente do Presidente da Rússia, cargo que ocupou até ao início de 2020, quando foi designado Primeiro Vice-Primeiro-Ministro da Rússia.  

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