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Angola reforça plano para travar a Pólio que circula em países vizinho

Angola renovou, ontem, o seu compromisso de erradicar a poliomielite, também conhecida por “paralisia infantil”, com a abertura de uma campanha nacional, que visa travar a entrada de novas variantes da doença que circulam em países vizinhos.

18/05/2024  Última atualização 11H20
Vacinadores e registadores estão a efectuar, desde ontem, a imunização das crianças menores de cinco anos de todo o país © Fotografia por: ADRIANO CAHULI | EDIÇÕES NOVEMBRO

A renovação do compromisso de Angola foi garantida pelo secretário de Estado para a Saúde Pública, Carlos Pinto de Sousa, que, em representação da ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, procedeu, oficialmente, na comuna de Calumbo, em Viana, província de Luanda, à abertura da campanha nacional, que vai ser implementada em duas fases, devendo a primeira encerrar amanhã e vacinar 5,5 milhões de crianças menores de cinco anos.

O secretário de Estado sublinhou que a campanha é realizada devido à detecção do vírus da poliomielite em "amostras ambientais” e ao registo de um caso positivo, com vínculo a países vizinhos, nove anos depois de Angola ter sido declarada país livre da doença, pela Comissão Regional Africana para a Certificação da Erradicação da Poliomielite.

Carlos Pinto de Sousa alertou que a reintrodução do vírus da poliomielite em Angola "mostra a grande vulnerabilidade do país” e deu ênfase à necessidade de Angola "atingir altas coberturas de vacinação contra todos os antigénios (…), para a prevenção efectiva de doenças preveníveis pela vacinação”.

O secretário de Estado para a Saúde Pública informou que a realização da campanha nacional contra a poliomielite, cuja segunda fase vai decorrer de 21 a 23 de Junho, tem como objectivo manter "as conquistas alcançadas e evitar o alastramento do vírus em Angola”.

O responsável declarou que "a erradicação da poliomielite, em Angola, continua a ser uma das nossas maiores prioridades”, destacando as acções que têm sido desenvolvidas para o fortalecimento da vigilância epidemiológica e da vacinação das crianças menores de cinco anos.

O secretário de Estado lembrou, no seu discurso, que o caso positivo de poliomielite, com vínculo a países vizinhos e que está na origem da realização da campanha, foi registado 13 anos depois de ter sido notificado, no país, o último caso de "poliovírus selvagem” e 23 anos depois da eliminação do "poliovírus autóctone”.

O responsável ministerial pela Saúde Pública recordou, igualmente, que a eliminação do "poliovírus selvagem”, em 2001, deveu-se à realização de "inúmeras campanhas de vacinação e ao reforço da vigilância das Paralisias Flácidas Agudas (PFA)”, actividades desenvolvidas para o controlo do surto de poliomielite que ocorreu em 1999 e que foi considerado "o maior da região africana”, com o registo de 1.181 casos e 113 óbitos. Carlos Pinto de Sousa alertou que o ressurgimento da pólio pode ocorrer em populações com baixa imunidade, sendo esta uma razão para a vacinação, que, como acentuou, "é a ferramenta mais eficaz que temos para impedir a propagação da doença”.

A nova campanha nacional de vacinação está a ser realizada porta a porta e mobilizou 12.415 equipas, distribuídas pelos 164 municípios do país. As equipas recebem o apoio de 13.526 mobilizadores sociais, de 3.166 supervisores e de 1.065 logísticos.

A campanha é assegurada por 1.066 viaturas, 3.802 motas e 11 barcos, meios colocados à disposição para que, segundo o secretário de Estado para a Saúde Pública, todas as crianças com menos de cinco anos sejam vacinadas, incluindo as que vivem em locais remotos.

Uíge

As autoridades sanitárias da província do Uíge prevêem imunizar um total de 321 mil e 112 crianças menores de cinco anos, durante a campanha que arrancou, ontem, em todo o país.

Os dados foram tornados públicos, pela directora do gabinete da Saúde do Uíge, que recrutou 2.667 agentes, entre mobilizadores, vacinadores e supervisores, para o êxito da campanha.  

Kavenawete Malavu realçou que a acção é parte da visão do Governo, para erradicação da poliomielite no país. A baixa cobertura vacinal da poliomielite, adiantou, mostra que a imunidade das crianças contra o vírus se encontra, igualmente, reduzida, situação que coloca o país em risco de importação de pólio vírus.

Por seu turno, a vice-governadora apelou à comunidade do Uíge a participar, de forma activa, em todo o processo de vacinação. "Não façam resistência à vacinação, porque, até agora, tem ajudado a garantir um futuro melhor”, apelou.

População de Luanda adere em massa à campanha de vacinação

Os postos de vacinação montados em diferentes áreas da capital do país registam, desde ontem, a adesão massiva de pais e encarregados de educação que levaram os filhos para serem imunizados contra a poliomielite. Numa ronda efectuada nos Distritos Urbanos do Rangel, Sambizanga e Maianga constatou-se que, além dos postos fixos, criados pelas administrações municipais, as equipas móveis trabalharam sem sobressaltos, desde as primeiras horas do dia.

No posto de vacinação colocado no Centro de Saúde do Zangado, Distrito Urbano do Rangel, até às 12h00 tinham sido vacinadas 162 crianças, enquanto no bairro Mota, Distrito do Sambizanga, mais de 120 crianças.

O chefe da equipa número 2, do bairro Mota, no Distrito Urbano do Sambizanga, Pedro Garcia, referiu que a campanha decorre sem sobressalto, tendo em conta também a forma facilitada como os pais estão a participar no processo.

Jeusa André, supervisora das equipas número 49, 50 e 51 do Distrito Urbano do Rangel, realçou que as equipas destacadas trabalharam na normalidade. "Terminamos agora a vacinação de mais de 20 crianças da creche Viveiro dos Baixinhos”, disse.

Mais equipas

A chefe da área de Saúde Pública do Distrito Urbano do Rangel informou que foram criadas, na circunscrição, 62 equipas de vacinação, compostas por três elementos cada, sendo um vacinador e igual número de registadores e mobilizadores.

Rosa Lemos elogiou, também, a postura dos pais e encarregados de educação, pela disponibilidade na recepção das equipas de vacinação contra a poliomielite. "Até ao momento a campanha decorre sem sobressaltos”, disse.

Resistência

A responsável lamentou o facto ocorrido na Vila Alice, onde os pais de um menor não permitiram que a mesma fosse imunizada, justificando que a criança apenas toma vacinas em clínicas privadas.  Por este facto, apelou à sociedade em geral no sentido de continuarem a abrir as portas de casa para receber as equipas e permitirem que os menores sejam vacinados.

 

Jurelma de Castroe Weza Pascoal Helma Reis e Victor Mayala | Uíge

 

 

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