Cultura

Artistas lusófonos demonstram potencialidades culturais em Luanda

Um total de 13 artistas lusófonos, provenientes de Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné-Bissau, demonstram, desde ontem, no espaço Elinga Teatro, localizado na província de Luanda, as potencialidades culturais, sobretudo artísticas dos seus países.

05/06/2024  Última atualização 15H20
Ana Ferreira (ao centro) afirmou que o projecto iniciado em 2019 vai estender-se até o próximo ano © Fotografia por: DR

Os fazedores de arte utilizam a música, dança e teatro para criar vínculos e transportar os espectadores aos hábitos e costumes dos seus povos.

Na actividade, que decorre até 7 de Junho e acolhe a segunda mostra de artistas residentes do projecto "Procultura”, Angola está representada por duas artistas, nomeadamente Renata Torres, que apresentou, ontem, a peça "Di Banzelo”, e Khristall África, que amanhã exibe o monólogo "O Câncer”.

O país com mais representantes este ano é o Cabo Verde, com cinco, segue-se Moçambique com quatro e a Guiné-Bissau com dois. Entram em cena, hoje, a partir das 19h00, no Elinga Teatro, Wílson da Silva (Guiné-Bissau), Juli Machado (Moçambique), Nuno Barreto e Rosy Timas (Cabo Verde).

A  representante do "Procultura” para Angola em São Tomé, Ana Ferreira, durante uma conferência de imprensa, realizada, segunda-feira, no Camões - Centro Cultural Português, localizado em Luanda, explicou que o projecto, que teve início em 2019 e estende-se até 2025, tem o objectivo de proporcionar um espaço de criação aos artistas.

Além disso, disse pretender, igualmente, apoiar o desenvolvimento de trabalhos em diálogo com outros contextos de criação contemporânea, bem como incentivar o circulação internacional dos artistas participantes.

"Estamos também focados na capacitação e inserção dos artistas em projectos culturas”, sublinhou.

Segundo Ana Ferreira, o "Procultura”, surge, também, com a intenção de ajudar a alavancar o sector cultural dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e em Timor-Leste.

Por outro lado, o curador da actividade, José Teixeira, considera o evento um motivo para se celebrar, pois a actividade permite uma interacção  profunda, entre os artistas de países irmãos.

O curador aconselhou, também, a população angolana a aparecer em massa, uma vez que o evento vai permitir, igualmente, ao público, conhecer mais sobre Angola e sobre os outros países falantes da Língua Portuguesa.

A artista Renata Torres, que representa Angola, em declarações à imprensa, considerou a iniciativa muito importante, por conceder a oportunidade aos artistas de mostrarem os seus trabalhos em outros países.

A actriz mostrou-se triste por haver poucos artistas angolanos nesta edição, por isso apelou aos fazedores de arte angolanos a estarem atentos à oportunidades do género, de forma a poderem alavancar as carreiras profissionais.

Por outro lado, a artista moçambicana Juli Machado, que vem pela primeira vez a Angola, garantiu estar a viver um momento único, que promete aproveitar ao máximo. "Estou muito feliz por notar que Angola é tão parecida com o meu país”, sublinhou.

O evento internacional é uma mostra de criações artísticas nas áreas de música, artes cénicas, dança e cinema, com 13 artistas seleccionados entre os 50 criadores que participaram no programa de mobilidade de artistas dos PALOP e Timor-Leste, no âmbito do Procultura, acção financiada pela União Europeia.

O "Procultura” pretende alavancar o potencial criativo da população dos país falantes de Língua Portuguesa, concentrando-se nos sectores da música, artes cénicas e literatura infanto-juvenil, aumentando aí o número de criadores diferenciados, operadores técnicos especializados, empresários e negócios e dando a conhecer o seu trabalho a novos mercados.

Nesse sentido, o projecto combina a promoção de novas competências artísticas, técnicas e de gestão nos recursos humanos e reforço da capacidade nacional de educação formal e formação profissional para os sectores culturais e o financiamento a produtos e serviços culturais, através da atribuição de subvenções às melhores propostas de projectos, em concurso aberto a pessoas singulares, organizações da sociedade civil, sector público e empresas.

Participantes interagem com alunos do Complexo Escolar das Artes

Os artistas Renata Torres (Angola), Hilário Manhiça, Francisca Minire, Mai-Juli Machado (Moçambique), Livigia Monteiro (Guiné-Bissau), Mano Petro, Rosy Timas, Djam Neguin, Betty Fernandes (Cabo Verde) e criadores nacionais interagiram, segunda-feira, no Camões-Centro Cultural Português, em Luanda, com estudantes das escolas de artes do país.

O bate-papo com os alunos do Complexo Escolar das Artes (CEARTE) e da Faculdade de Artes (FAARTE) serviu para os artistas partilharem as suas experiências.

O grupo participa na segunda "Mostra de Artistas Residentes”, também designada Procultura, que decorre até sexta-feira, no Elinga Teatro, em Luanda.

Durante o encontro, com a duração de uma hora, os artistas foram unânimes em afirmar que o projecto Procultura deve ser mais divulgado nos Países de Língua  Oficial Portuguesa.

De acordo com a angolana Renata Torres, é uma honra fazer parte da segunda mostra do projecto "Procultura”. A artista lembrou que quando se candidatou para a participação na residência artística teve uma fraca adesão de artistas angolanos, devido  à falta de comunicação.

"A maior parte dos artistas angolanos que precisa desse tipo de apoio não tem acesso aos meios convencionais que fazem a divulgação do projecto”, afirmou.

O cabo-verdiano Djam Neguin incentivou os estudantes de artes a irem atrás das oportunidades que os projectos artísticos oferecem. O sistema em África, argumentou, é de muitos desafios, principalmente no que diz respeito à formação e a espaços para os artistas apresentarem suas criações, então é preciso aproveitar todas as oportunidades, como são as que oferecem o Complexo Escolar das Artes (CEARTE) e a Faculdade de Artes (FAARTE).

"Mesmo com estes desafios não devemos desistir dos nossos objectivos, para isso é necessário que os artistas emergentes, e não só,  se eduquem de modo a conquistar o público”, aconselhou Djam Neguin.

A artista moçambicana Francisca Minire frisou que o programa "Procultura” foi uma escola para si, criando profissionalismo e desenvolvimento artístico, algo que procurou durante muitos anos. "Hoje me considero uma artista humilde nas minhas criações, mas posso partilhar todo o conhecimento que ganhei através do projecto com os outros artistas, e desta forma eu cresço muito mais”, ressaltou.

 

Armindo Canda Gil Vieira

 

 

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