Opinião

As relações económicas internacionais e a não deslocalização de indústrias para África

Tiago Armando

As relações económicas internacionais estabelecidas entre o continente africano e as economias mais desenvolvidas do globo, sobretudo as do mundo ocidental sempre foram de dependência, apesar da linguagem político-diplomática e até mesmo económica devido ao fornecimento de matéria-prima.

21/06/2024  Última atualização 22H20
Em parte deve-se aos condicionalismos impostos ao continente, nomeadamente a escravatura, colonização e os choques (neo) liberais.

A industrialização do continente africano constitui o grande desafio para as lideranças a fim de reduzir o grau de dependência dos países mais industrializados. Senão, vejamos, África do Sul, Egipto, Marrocos e Tunísia continuam a liderar em termos de pontuação relativas aos índices de industrialização no continente.

Maior parte das economias africanas apresentam défices sérios em termos de capacidade produtiva, ou seja, não produzem bens económicos e serviços suficientes para a satisfação das necessidades colectivas e gerar excedentes para exportar. 

Este entrave ocorre devido aos factores de produção, o (capital) tanto o fixo, como o financeiro, tornando assim o peso das importações maior em relação as exportações nas suas balanças comerciais com as economias mais industrializadas. Algumas lideranças acreditam que o futuro da industrialização em África dependerá da deslocalização industrial das grandes economias para o continente. 

Por esta razão, em alguns fóruns sobre relações económicas internacionais se vai discutindo a temática da deslocalização de indústrias das grandes economias para África, sobretudo as indústrias chinesas uma vez que a China tornou-se no principal parceiro económico do continente. 

Mas, não acredito que a China faça isto, porque aprendeu a lição com os Estados Unidos tem noção das implicações que a deslocalização das indústrias podem trazer na sua classe média em ascensão. 
Contudo, os países mais industrializados por enquanto não estão interessados em deslocalizar suas indústrias para a África. Primeiro porque não há interesse para que África se desenvolva e que seja apenas a fornecedora de matéria-prima. 

Segundo pelos factores relacionados com as infra-estrutura e logística limitadas, instabilidade política e risco de segurança, ambiente regulatório e burocrático complexo, qualificação da força de trabalho e educação e mercado consumidor menos desenvolvido.

Em suma, é necessário que as lideranças africanas concentrem os seus esforços no sentido de melhorar os factores anteriormente mencionados.

Docente universitário e especialista em Relações Internacionais.

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