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Burundi pede ajuda financeira para assistência às populações

As autoridades do Burundi e a representante das Nações Unidas lançaram um apelo à comunidade internacional para prestar ajuda financeira as acções de assistência às populações afectadas pelas cheias, que provocaram a deslocação de quase 100 mil pessoas.

23/04/2024  Última atualização 09H00
Em Bujumbura, bairros foram inundados, pontes destruídas e hospitais abandonados © Fotografia por: DR

O Governo e a representante da ONU pontualizam que, nesta altura, 306 mil pessoas "necessitam de assistência humanitária". Nas últimas semanas, a Região da África Oriental foi atingida por chuvas torrenciais, que causaram a morte de pelo menos 58 pessoas na Tanzânia, na primeira quinzena deste mês, e de 13 no Quénia. No caso do Burundi, em vez das duas estações chuvosas ao ano (Setembro-Janeiro e Março-Maio), tem registado precipitações ininterruptamente. Entre Setembro (2023) a Abril deste ano, "203.944 pessoas foram afectadas" por inundações, deslizamentos de terras, ventos violentos e granizo, aumentando os deslocados internos para 96 mil", sublinharam o ministro do Interior, Martin Niteretse, e a coordenadora local do sistema das Nações Unidas no Burundi, Violet Kenyana Kakyomya, num comunicado de imprensa.

Referem mortes, sem indicar números, destruição de campos agrícolas, casas e infra-estruturas sócio-económicas. Com as previsões meteorológicas a indicarem precipitações acima do normal até Maio, o Governo e os actores humanitários anunciaram que precisam de recursos financeiros para enfrentar os desafios crescentes, a fim de evitar um agravamento da situação.

Há várias semanas que o Governo do Presidente, Evariste Ndayishimiye, é alvo de críticas por parte da sociedade civil e da oposição, que lhe pedem que declare o "estado de catástrofe natural" ou o "estado de emergência". Em Bujumbura, a capital económica e a principal cidade do país, situada na margem norte do lago Tanganica, vários bairros foram inundados, estradas e pontes destruídas e hotéis e hospitais abandonados devido à subida do nível das águas.

"As águas do segundo maior lago de África atingiram 777,04 metros a 12 de Abril, 36 centímetros abaixo do recorde de cheia de 1964”, alertou, na sexta-feira, o chefe da Protecção Civil, general Anicet Nibaruta, citado pelos meios de comunicação social do Burundi. O fenómeno meteorológico El Niño, que começou em meados de 2023 e pode durar até Maio, tem tido, regularmente, consequências devastadoras na África Oriental.

Em Dezembro, mais de 300 pessoas morreram em várias catástrofes provocadas por chuvas torrenciais. Entre Outubro de 1997 e Janeiro de 1998, inundações gigantescas mataram mais de 6 mil pessoas em cinco países da região.

Jornalista acusada de crime contra a segurança do Estado

Uma jornalista do Burundi, detida há cinco dias pelos Serviços Secretos, pode ser condena a prisão perpétua, depois de ser acusada de "atentar contra a segurança do Estado", anunciaram, ontem, fontes judiciais.

Sandra Muhoza, 42 anos, é jornalista do La Nova Burundi, um meio de comunicação social online considerado próximo do Governo. Detida desde dia 13 deste mês, a jornalista foi indiciada, na quinta-feira e transferida para a prisão de Mpimba, em Bujumbura, avançou a fonte à AFP, sob condição de anonimato.

"A investigação continua, mas o Ministério Público anunciou que está a ser processada por pôr em perigo a segurança interna do Estado e por aversão étnica", continuou. A informação foi confirmada pela defesa e familiares, que acusaram os Serviços Secretos do Burundi de terem cometido "abusos corporais durante os interrogatórios".

De acordo com pessoas próximas, Sandra Muhoza foi detida na sequência de uma denúncia de comentários numa conversa de Whatsapp durante um debate sobre a alegada distribuição de catanas aos Imbonerakure, membros da liga juvenil do partido CNDD-FDD. No entanto, esta não é a primeira vez que jornalistas são alvo de ataques no Burundi.

Em Maio de 2023, a jornalista Floriane Irangabiye foi condenada a 10 anos de prisão por "prejudicar a integridade do território nacional", num país que foi classificado em 114.º lugar entre 180 em 2023 em termos de liberdade de imprensa, segundo a Organização Não-Governamental Repórteres Sem Fronteiras.

O Presidente burundês, Evariste Ndayishimiye, que sucedeu Pierre Nkurunziza após a morte deste em 2020, foi elogiado pela comunidade internacional por pôr, gradualmente, fim a anos de isolamento do Burundi, mas não conseguiu melhorar a prestação em matéria de direitos humanos.

 


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