Cultura

Circuito Internacional de Teatro promove unidade e diversidade

Armindo Canda

Jornalista

A gala de abertura da 9ª edição do Circuito Internacional de Teatro (CIT) acontece de 6 de Julho a 13 de Setembro, no Instituto Guimarães Rosa, em Luanda. Para este ano, o festival destaca a época “dourada” dos anos 1960.

20/06/2024  Última atualização 09H05
Adérito Rodrigues ao (centro) ladeado por José Teixeira (à direita) e Matondo Silvestre © Fotografia por: Luis Damião | Edições Novembro

Sob o lema "O Teatro Exalta os Anos 60”, o director do CIT, Adérito Rodrigues "BI”, em conferência de imprensa, realizada, na terça-feira, no espaço "Matabicho”, em Talatona, avançou que a ideia é dar a conhecer, sobretudo, às novas gerações, um período marcado pela simplicidade, respeito e valorização dos costumes que impactaram positivamente a sociedade.

Embora reconheça que as sociedades são dinâmicas, Adérito Rodrigues disse que a proposta desta edição visa mostrar como nas décadas 60, 70 e 80, as pessoas eram mais divertidas, unidas e solidárias: "Naquela época não precisava de muito e o pouco que se tinha era o suficiente para se ser feliz. Por isso, queremos nesta edição realçar a necessidade de se repensar na forma como valorizamos as nossas tradições face à globalização”.

 Para esta edição, realçou, o festival vai contar com a participação de 30 grupos. A nível internacional, segundo Adérito Rodrigues, vão participar grupos do Brasil, Portugal, Moçambique e Canadá, este último que participa pela primeira vez. A nível nacional, disse, participam grupos da província do Uíge, Bié e Luanda. 

O CIT que este ano, disse, vai ter a participação de 30 grupos vai homenagear o músico e compositor Dionísio Rocha.

Um dos grandes objectivos do CIT, explicou, é homenagear esta figura das artes e da cultura do país.

As distinções, frisou, são atribuídas a todos aqueles que directa ou indirectamente contribuíram para o desenvolvimento das mais variadas disciplinas artísticas como o teatro, a literatura, a música, as artes plásticas e a dança.

Para esta edição, prosseguiu, a escolha recaiu sobre o músico Dionísio Rocha, por ser um homem de arte e ao longo da carreira ter contribuído de forma efectiva para o engrandecimento da cultura nacional.

"O músico carrega um mosaico artístico e cultural muito grande, não só através da sua composição, mas na questão da representação musical, por isso foi, a pessoa que mereceu a distinção”.

Formação contínua para os participantes

O responsável pela área de formação do CIT, José Teixeira "Chetas”, referiu que, para além dos espectáculos que vão acontecer ao longo dos três meses, estão previstas formações para os participantes.

José Teixeira explicou que a organização do CIT projectou duas fases de formação contínua, sendo a primeira no mês de Julho, entre os dias 9 e 11, com formadores do Brasil. Durante os três meses, os formadores vão abordar o "Trabalho do Corpo do Actor”, com a encenadora Bruna Longo, "O figurino e o Cenário”, com o professor Cleber Monteiro, e "A Iluminação”, com o formador Rodrigues.

"Nos últimos anos, os grupos nacionais estão a apostar muito na questão técnica, por ser um dos grandes problemas do teatro angolano. Mas as técnicas utilizadas ainda são constatadas com muitas falhas, porque temos poucos recursos técnicos dentro das salas de espectáculos e, para além disso, temos poucos técnicos capacitados para dar soluções pontuais a estas situações”.

De acordo com o responsável pela formação do CIT, em Agosto, haverá a "Conversa CIT”, uma das marcas do projecto que serve para potencializar os artistas e permitir o intercâmbio cultural entre os diferentes países participantes desta edição. Para este ano, disse, vai ser abordada a "Dramaturgia”, para colmatar dúvidas e esclarecimentos.

"Nesta conversa vamos falar sobre a dramaturgia do actor, da iluminação, cenografia, e do cenário que é o espaço onde se realiza os espectáculos teatrais. E, neste ano, o CIT vai realizar espectáculos para as crianças vulneráveis que vivem em alguns lares de acolhimento na cidade capital, no sentido de mostrar o lado social do projecto”.

Prémio Produção CIT

Para este ano, a grande novidade do Circuito Internacional de Teatro, segundo Adérito Rodrigues, é a distinção do prémio Produção CIT, e o Grupo CIT, que vai ser eleito pelos directores que participaram na nona edição.

O projecto, disse, não é um concurso, mas sim uma festa das artes, porque cada distinção feita serve para reconhecer todo o esforço que os artistas vão fazer ao longo desses três meses, por isso devem ser reconhecidos.

O director da Produtora Visarte Entretenimento, Matondo Silvestre, avançou que o prémio Produção CIT serve para incentivar os produtores de teatro a trabalharem com maior afinco e valorizar essa classe das artes cénicas, porque não existe um espectáculo de teatro bem concedido sem o suporte dos produtores. O vencedor do prémio, disse, vai receber valores monetários. "Ainda não vamos avançar quanto será, mas nos próximos dias iremos nos pronunciar”

No âmbito da parceria assinada com o Circuito Internacional de Teatro, ressaltou, a produtora decidiu fazer a inserção do prémio Produção CIT, de maneira a dar mais dignidade a estes profissionais. 

Trinta espectáculos

Para esta edição do CIT, Adérito Rodrigues garantiu que vai se realizar um total de 30 espectáculos de teatro, no Elinga Teatro e na Fundação Arte e Cultura, na capital do país, a partir das 19h00, até o dia do encerramento, mas a maior parte vai acontecer no palco do Elinga Teatro.

O director do CIT adiantou, igualmente, que o programa vai continuar com a exibição do grupo de teatro infantil "Paulo Lage”, proveniente de Portugal, que se realizará no dia 9 de Julho, a partir das 15h30, na Fundação Arte e Cultura. Para além do grupo português, frisou, haverá, também, a exibição de um grupo infantil de Moçambique.

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