Economia

Cooperativas da Huíla financiadas com meios de mecanização agrícola

Domingos Calucipa | Lubango

Jornalista

Nove cooperativas de igual número de municípios da província da Huíla foram financiadas, recentemente, com meios de mecanização agrícola, entre tractores e motocultivadoras, no âmbito da implementação do programa do Executivo denominado “Mecanização Ligeira da Agricultura Familiar”.

11/05/2024  Última atualização 12H15
Foram distribuídos equipamentos como tractores e motocultivadoras para ajudar na colheita © Fotografia por: agostinho fela

O acto de entrega de 17 kits mecanizados, entre cinco tractores e 12 motocultivadoras, equipadas com charruas, grades, semeadores, reboques, entre outras alfaias,  é uma iniciativa do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA).

O programa tem como finalidade fomentar e maximizar os níveis de produção e produtividade agrícola, incentivar o abandono de técnicas rudimentares na agricultura, fortalecer e empoderar os agricultores familiares, e contribuir para a segurança alimentar do país. Entre os beneficiários dos meios mecanizados, está a cooperativa "Kokule”, do município da Chibia, que recebeu um tractor com as respectivas alfaias, o que vai facilitar a lavoura e elevar os níveis de produção de cereais, como milho, massango e hortícolas, conforme o seu responsável.

Para Domingos Miguel, a recepção de meios mecanizados representa a materialização de um sonho dos membros da cooperativa que, nos seus seis anos de existência, praticou sempre uma agricultura à base da enxada manual e de tracção animal, o que limitava a ocupação de mais hectares.

O responsável da cooperativa Kokule referiu que a agremiação, criada em 2018, tem uma composição de 42 membros e possui um campo de cerca de 76 hectares, baseados nas margens do rio Kakuluvale. A produção tem sido comercializada nos mercados da Chibia e da província do Cunene.

A cooperativa "Tuamako Lupangue”, do município de Chicomba, recebeu duas motocultivadoras e respectivas alfaias. Com um ano de actuação, a agremiação conta com 74 membros, que se dedicam essencialmente ao cultivo de milho e feijão.

Segundo Leonardo Kalenga, presidente da cooperativa, a actividade produtiva vai ganhar maior dinamismo, produzindo mais, ao sair dos meios rudimentares para os mecanizados agora recebidos.

"Antes estávamos bastante limitados com o uso da charrua puxada pelos bois, agora com as motos será mais fácil”, reconheceu o responsável.

Segurança alimentar

O administrador executivo do FADA, Renato Baptista, disse que a agricultura familiar desempenha um papel crucial na luta contra a fome e a pobreza, e na segurança alimentar. Desde 2020, a instituição tem estado a trabalhar no apoio a projectos que impulsionam a produção agrícola familiar, principalmente de famílias ou indivíduos agrupados.

O programa-piloto teve início em Janeiro no Namibe, tendo abrangido, até agora, oito províncias do país, nomeadamente Benguela, Malanje, Bié, Uíge, Huambo, Cuanza-Sul e agora a Huíla.

O responsável do FADA assegurou que a entrega dos equipamentos agrícolas é um financiamento que deve ser reembolsado num período de quatro anos, com um ano de carência do capital, e nove meses de carência de juros, fixados entre 1 a 3 por cento.

Os preços dos tractores variam até 50 milhões, e o custo das motocultivadoras vai até 10 milhões de kwanzas.

Agricultura familiar

Na fase piloto do programa de "Mecanização Ligeira da Agricultura Familiar”, que abrangeu oito províncias, foi distribuído um total de 107 motocultivadoras e 41 tractores agrícolas com as respectivas alfaias. O administrador executivo do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário destacou que nesse período foram formados 450 beneficiários afectos às cooperativas.

Até ao mês passado, o FADA recebeu e aprovou, em todo o país, mais de 3.080 pedidos de créditos, correspondendo a cerca de 25 mil e 215 milhões de kwanzas.

Destes, sublinhou, foram desembolsados 2.172 créditos, que totalizam mais de 17 mil e 860 milhões de kwanzas.

Na província da Huíla, foram aprovados 305 pedidos de créditos, dos quais foram desembolsados 152, que correspondem a 2 mil e 39 milhões de kwanzas.

Parceria do IDA

O director nacional do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA), Felismino da Costa, destacou a necessidade de o país produzir mais, usando essencialmente o conhecimento e os meios mecanizados de pequeno porte.

"Hoje, através das nossas Escolas de Campo, as famílias têm acesso ao conhecimento técnico, e até científico, sobre boas práticas de como fazer agricultura”, disse, depois de frisar que, após a aquisição do conhecimento, é preciso ter acesso aos insumos.

O FADA, salientou, surge para financiar famílias que já têm o conhecimento, surgindo com os insumos e a mecanização, para que se possa aumentar as áreas de cultivo.

Os beneficiados já foram visitados antes pelas equipas do FADA nas suas zonas de trabalho, "para ver o que fazem e como fazem, até serem elegíveis para o processo de crédito”.

O vice-governador da Huíla para o sector Técnico e Infra-estruturas , Hélio de Almeida, disse que a mecanização é um dos caminhos para melhorar a eficiência da produção nacional.

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