Cultura

Criatividade de Ndaka Yo Wiñi representa Angola em Montreal

Matadi Makola

O músico Ndaka Yo Wiñi é o artista escolhido para encerrar a terceira edição do festival Afro Urbain Fest, que decorre de 9 a 11 de Abril, no Centro de Artes da Casa do Haiti, na cidade de Montreal, no Canadá.

29/03/2021  Última atualização 07H05
Músico tem estado a explorar e apresentar novas sonoridades dos ritmos africanos nos EUA © Fotografia por: Edições Novembro
Com a missão de celebrar a arte e a cultura dos afro-descendentes na diáspora, o festival apresenta uma programação diversificada, com tertúlias e espectáculos de música e dança, exibições de filmes, debates em torno das artes, homenagens e residências artísticas.

O festival, que junta diferentes manifestações com influências da cultura africana, tem no elenco musical dos três dias nomes como da cantora guadalupe Malika Tirolien e do canadiano Waahli. O representante angolano foi o escolhido da organização para assumir o encerramento, com um espectáculo agendado para às 20h00, do dia 11.

A residir nos EUA há mais de um ano, Ndaka Yo Wiñi tem aproveitado para promover a sua arte e, consequentemente, conquistar este mercado, através da word music. Embora as restrições causadas pela Covid-19  tenham impedido parte das aspirações do artista, este considera as oportunidades que teve de proveitosas. 

"Fui bem recebido aqui na América. Mas os artistas sentem esse período como um cerco. E criador nenhum se compadece com cercos. Esta pandemia acaba por tirar a liberdade de fazer quase tudo. Mas trata-se da arquitectura da máscara. Mais uma vez a humanidade vive um momento privilegiado para reflectir”, disse, numa entrevista online, a partir de Montreal.
Apesar de a música estar quase parada, o músico tem feito um esforço para permanecer no activo. Nesse período de confinamento, disse, continua a compor, e a avançar com alguns projectos. "Recebi propostas para participar em vários festivais, apesar das restrições causadas pela pandemia”, lamentou.


Estada na América
Ndaka Yo Wiñi diz não estar só, visto que mantém contacto com a comunidade angolana, embora numa pequena escala. A sua ida a Montreal se afigura como um ponto de partida da missão de se dar a conhecer ao mundo. "Para mim foi um passo na carreira, pois tenho procurado participar no maior número possível de festivais”, ambiciona. 

A cidade de Montreal, reconhece, o recebeu de braços abertos, tanto que conseguiu montar um grupo. "As pessoas estão curiosas com o meu trabalho e querem que progrida. Estamos neste momento a ensaiar afincadamente para a actuação no festival”, disse, além de assegurar ser um espectáculo focado na cultura angolana, símbolo da sua criação. "Vamos ter um repertório assente na fusão de ritmos musicais”, promete.    


"Olukwembo”
"Olukwembo”, o álbum de estreia, lançado em Agosto de 2018, consagrou Ndaka Yo Wiñi no elenco das grandes vozes que orbitam o mercado musical angolano. Consequência de um projecto denominado "Lundongo no Lwando-Ritmo ancestral do berço”, que condensa as nuances estéticas da etnia e da modernidade, sem prejuízo de nenhuma e resultar num produto que foi amplamente elogiado pela crítica. O projecto "Lundongo no Lwandu”, que é embaixador, visa motivar a diplomacia cultural através da música étnica, fundida com outros géneros aclamados, mas cuja notoriedade seja transversal em todo o mundo, como o jazz, soul, blues, funck e pop.       
 

Percurso
Natural do Lobito (Benguela), Ndaka Yo Wiñi, pseudónimo de Adriano Dokas, nasceu a 5 de Janeiro de 1981. Filho de dois músicos tradicionais, o cantor provém de uma família de vasta ramificação, espalhada pelo Huambo, Uíge, Cabinda, Congo Democrático e Guiné-Bissau. Foi durante a vivência em Cabinda que este investigador cultural aproveitou a proximidade geográfica com o Congo Democrático e começou a ser influenciado pelos ritmos deste país. Assistiu regularmente a concertos de artistas como General Defao e conheceu o movimento cultural de cidades como Libreville.

O artista iniciou a carreira em 2011 e já participou em várias actividades, com realce para actuações na "Expo Milão”, em Itália, no "Marco’s African Restaurant” em Cape Town, África do Sul, "Encontro com a África”, no Brasil, entre outros pontos do mundo como Portugal e EUA.  Em 2016, conquistou o prémio de Melhor Afrojazz do Top Rádio Luanda. Porém, ficou ainda mais conhecido em 2019, pela actuação na 20ª edição do Cape Town International Jazz Festival, na África do Sul. Nesta edição, que comemorou as duas décadas de existência do festival, partilhou o palco com nomes de relevo da música como Richard Bona.  

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