Cultura

Delegação congolesa visita símbolos da civilização Kongo

Fernando Neto | Mbanza Kongo

Jornalista

O director provincial das Alfândegas do Kongo Central (República Democrática do Congo), Alain Lupumba, mostrou-se satisfeito ao visitar os monumentos e sítios históricos da cidade de Mbanza Kongo, capital da província do Zaire, símbolos da civilização do povo Kongo.

14/05/2024  Última atualização 10H50
Comitiva congolesa do Kongo Central visitou o centro histórico © Fotografia por: DR

Alain Lupumba liderou uma delegação das Alfândegas da província congolesa do Kongo Central que trabalhou na semana passada em Mbanza Kongo, no âmbito da IX Reunião Ordinária com a homóloga angolana da 1ª Região da Administração Geral Tributária (AGT).

No final da visita ao centro histórico da cidade de Mbanza Kongo, Alain Lumumba apelou à necessidade de salvaguardar o património ancestral comum.

"Vamos salvaguardar o nosso património comum, aqui mora a nossa ancestralidade. Não podíamos deixar a cidade berço da civilização Kongo, de que somos parte, sem visitar os sítios históricos do Património Mundial da Humanidade, para o reencontro com a nossa história comum. E aprendemos muito. Os membros desta delegação realizaram o sonho de conhecer o berço da sua civilização. Vamos voltar ao Congo e transmitir a boa nova, porque vimos, ouvimos, compreendemos e vamos salvaguardar o nosso património comum”, reafirmou.

Por seu turno, o director da AGT da 1.ª Região Tributária, Ricardo de Aguiar, enquanto anfitrião, exaltou o facto de a delegação congolesa ter recebido explicações detalhadas sobre a moeda "Zimbo” e que os impostos arrecadados nas seis províncias que constituíam o vasto e poderoso Reino do Kongo eram entregues ao Rei, em Mbanza Kongo, no final de cada ano. Os valores financeiros arrecadados dos impostos serviam para pagar os salários das várias regiões constituintes do Reino, que se estendiam até aos actuais Congos (Kinshasa e Brazzaville), ao Gabão e parte dos Camarões.

"É para vermos a beleza e a grandeza desta cultura. Fizemos questão de seleccionar estes lugares históricos e turísticos justamente em função deste aspecto. À margem da reunião, queríamos dar um brilho a esta visita, por isso enquadramos a visita ao Museu dos Reis do Kongo, ao Sungilu, às ruínas da igreja do Kulumbimbi e ao Cemitério dos Reis, pois os dois países faziam parte do Reino do Kongo”, lembrou.

De acordo com Ricardo de Aguiar, a visita da delegação congolesa aos principais monumentos e sítios da cidade Património Mundial da Humanidade teve como objectivo brindá-la com informações muito importantes sobre as origens dos dois povos e a história comum.

"A nossa alegria é maior pelo facto de ficar evidente que fomos assertivos na escolha dos monumentos e sítios, pois era evidente a satisfação dos nossos visitantes, certos de que saíram daqui com conhecimentos acrescidos relativamente ao antigo Reino do Kongo.


Músicos de Cabinda

A jovem cantora Rosana Gimi, 20 anos, que integrou a comitiva de Cabinda à IX Reunião Ordinária, mostrou-se radiante por ter tido a oportunidade de manter contacto com artefactos e instrumentos que retratam a cultura e a estrutura social do antigo Reino do Kongo.

"Estou muito feliz por conhecer a cultura desta província. Sempre tive a ansiedade de conhecer Mbanza Kongo, por ser muito rica em história e cultura. Fiquei encantada por ter visto de perto o trono do Rei, a réplica da cadeira e das vestes. Aconselharam-me a não me sentar, nem chegar muito perto. Mas foi um momento simbólico muito profundo e vou contar aos meus irmãos e amigos sobre tudo o que aqui vi e vivi”, frisou de forma emocionada.

Por seu turno, o seu irmão Ismael Gimi, 23 anos, contou que não parou de filmar e tirar fotos durante a viagem do Soyo para Mbanza Kongo, as belas paisagens cobertas de um verde-claro, verdadeiros colírios para a vista e a alma, que o deixaram profundamente encantado.

"Durante a viagem do Soyo a Mbanza Kongo encontrei muitas rochas, enormes e muito bonitas e, fui filmando, fazendo fotos o caminho todo. Realmente, como artista, porque para além de cantar e compor, faço pinturas e artes plásticas, sou muito fã de estética. Estas paisagens vão servir-me de inspiração para continuar a trabalhar e contribuir para a preservação dos nossos traços culturais. Se tivesse que pintar logo à minha chegada, com certeza tinha de ser o Kulumbimbi, que apenas via na nota de cinco mil kwanzas, e também a coroa do Rei do Kongo”, disse o artista Ismael Gimi, visivelmente maravilhado.

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