Cultura

Condecorações e títulos honoríficos de Agostinho Neto

A cerimónia de lançamento do livro “Agostinho Neto, Uma Vida por Angola, Condecorações e títulos honoríficos”, realizada terça-feira última no Memorial Dr. António Agostinho Neto, foi presidida pela presidente da Fundação Dr.

09/04/2018  Última atualização 11H24
Délcio Rocha © Fotografia por: Irene Neto (filha) e Maria Eugénia Neto no acto de lançamento

A cerimónia de lançamento do livro “Agostinho Neto, Uma Vida por Angola, Condecorações e títulos honoríficos”, realizada terça-feira última no Memorial Dr. António Agostinho Neto, foi presidida pela presidente da Fundação Dr. António Agostinho Neto, Maria Eugénia Neto, que, na ocasião, pronunciou um discurso de singular importância e magnitude simbólica, tendo realçado os feitos, a dimensão visionária e cultural de Agostinho Neto, do qual extraímos o seguinte excerto, “Agostinho Neto é a maior personalidade angolana do Século XX, por ter libertado Angola de armas na mão, e por ter norteado a República de Angola e ajudado a libertar a África Austral.
Agostinho Neto está no catálogo das glórias humanas e orgulha todos os angolanos pela sua obra literária e pelas suas conquistas políticas e militares. Ao ser eleito em 1961, pela Amnistia Internacional, Prisioneiro Político do Ano, Agostinho Neto entrou para a galeria dos grandes homens que marcam uma época. Em vida recebeu catorze Condecorações, Títulos e Diplomas. A título póstumo, recebeu outras tantas, ultrapassando hoje as quatro dezenas de honrarias, que julgamos oportuno trazer à luz do dia para que os angolanos conheçam as múltiplas facetas da sua vida, luta e os gestos solidários dos povos que ajudaram Angola”. No texto de apresentação do livro, assinado pela Fundação Dr. António Agostinho Neto, podemos ainda ler o seguinte, “O livro é uma homenagem que evidencia o reconhecimento do seu povo e de outros povos do Mundo pela sua luta para a conquista da liberdade e da igualdade em Angola e em África”.
O livro reproduz, depois do texto de apresentação, o emblemático poema de Agostinho Neto, “Não me peças sorrisos”, 1949, um texto que celebra, de forma simbólica e desinteressada, os feitos de Agostinho Neto por Angola e pelo seu povo, “Não me exijas glórias/que ainda transpiro/os ais/dos feridos nas batalhas/Não me exijas glórias/que sou eu o soldado desconhecido/da humanidade//As honras cabem aos generais/A minha glória/é tudo o que padeço/e que sofri/Os meus sorrisos/tudo o que chorei// Nem sorrisos nem glória (…).  As condecorações e demais títulos honoríficos, conferidos a Agostinho Neto, incluindo o doutoramento “honoris causa” concedido pela Universidade de Lagos, Nigéria, estão à disposição do público, no Museu do Memorial Dr. António Agostinho Neto.

Estrutura 

Na sequência, o leitor encontraum texto sobre Agostinho Neto, que aborda um pequeno perfil do Primeiro Presidente de Angola, e notas sobre a estrutura do livro. No capítulo seguinte, “Uma vida por Angola” e “Condecorações, medalhas, prémios honoríficos, atribuídos a título póstumo”, encontramos por ordem cronológica, referencias ao nascimento de Agostinho Neto, 1922, a atribuição da primeira Medalha, Joliot-Curie para a paz, atribuída pelo Conselho Mundial da Paz,em 1966, incluindo a última distinção, designada Ordem de Solidariedade, “El Mehdi Ben Barka”, recebida, a título póstumo, no dia 23 de Maio de 2017, em Cuba. Os capítulos seguintes são, “Condecorações e títulos honoríficos”, “Intervenção de conservação e restauro”, ou seja, seis condecorações que apresentavam sinais de corrosão e foram restauradas, “Execução e réplicas”, onde podemos ler que um “conjunto de vinte e oito condecorações e respectivas insígnias, foram replicadas com o objectivo de expor uma réplica de cada uma das condecorações conferidas, em vida e a título póstumo, a Agostinho Neto, no Museu do Memorial Dr. António Agostinho Neto (…)” O livro, uma edição da Fundação Dr. António Agostinho Neto, encerra com um capítulo sobre “Outras distinções” que regista a inscrição do nome de Agostinho Neto em “alguns bens públicos, como aeroportos, hospitais, universidades, escolas e espaços públicos”. 

Memorial

Durante a apresentação do livro, o historiador Cornélio Caley, realçou a importância actual do Memorial Dr. António Agostinho Neto, enquanto espaço referencial de eventos para a juventude, nos seguintes termos, “A minha intervenção tem lugar neste emblemático edifício, o Memorial Dr. António Agostinho Neto, onde repousam os restos mortais do Guia e do Fundador da Nação e onde, felizmente, nos últimos tempos, tudo vem acontecendo, debates e visitas, transformando-se num local de peregrinação do seu povo.  Não haveria um momento mais próprio para o lançamento do livro “Agostinho Neto, Uma Vida por Angola, Condecorações e Títulos Honoríficos”, senão, repito, neste lugar e nesta data, enquadrada no dia da paz e de reconciliação nacional, pois Agostinho Neto foi o libertador e foi quem forjou, o caminho para a paz entre os angolanos”, concluiu o eminente historiador. 


Virtudes de Agostinho Neto 

Pela sua pertinência, destacamos um momento do referido texto de apresentação, redigido pelo historiador Cornélio Caley, “A minha intervenção aponta para quatropontos principais, nomeadamente, a estrutura do livro, conteúdo e abrangência,dimensão simbólica e cultural e, por último, considerações finais à volta do perfil de Agostinho Neto. Em relação à estrutura, o livro apresenta as condecorações, medalhas e títulos honoríficos outorgados a Agostinho Neto enquanto, nacionalista, médico, lutador pela libertação, poeta, ensaísta, demonstrando como se tornou um dos maiores estadistas africanos do século XX. Em relação ao conteúdo e abrangência, o livro apresenta  duas linguagens, a mais visível é aquela que desperta o leitor, através da ilustração dos troféus, relembrando os momentos históricos, as entidades envolvidas e fotos de Agostinho Neto. A segunda linguagem é traduzida pelo próprio texto explicativo que secunda as gravuras, onde sobressai a introdução que considero peça importante na análise da vida de Agostinho Neto e dos acontecimentos à sua volta. Quanto ao simbólico e cultural, os autores recorreram a técnicas que tocam em pleno a arte de pensar, sonhar e fazer.  As medalhas, os prémios, os títulos, as condecorações e outros atributos em objectos ou em palavras, só encontram seu verdadeiro significado, uma vez interpretados nos aspectos simbólicos e no culturais que representam.
Por último, em relação às considerações finais à volta de Agostinho Neto, Cornélio Caley, escreveu o seguinte, “lendo o livro, ocorreu-me fazer um exercício paralelo às condecorações, ou seja, ter consciência que estas peças significativas surgiram das práticas e obras de Neto, personalidade cujo legado motiva um universo infinito de exploração académica, para as gerações  presentes, futuras, políticos e público, na sua  generalidade”.


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