Sociedade

GPL aposta na concorrência entre instituições de ensino

Uma das metas para garantir a confiança nas escolas passa pela promoção e concorrência entre as instituições de ensino, para que o nível de exigência e superação seja mais evidente, defendeu, na sexta-feira, o vice-governador de Luanda para o sector Político e Social.

31/08/2019  Última atualização 18H57
Edições Novembro © Fotografia por: Governo quer o reforço da parceria entre escolas públicas e privadas, para uma melhor interacção das instituições

Dionísio Manuel da Fonseca afirmou que em Luanda foram matriculados 1.533.725 alunos, dos quais 931.414 em escolas públicas, 347.310 no ensino privado e 254.401 no ensino comparticipado. Explicou que a província regista uma taxa global de fecundidade estimada em 4,5 nascimentos por mulher, dado que aponta o crescimento contínuo da população escolar.
O responsável falava durante um fórum sobre o Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação (PNDE-2017-2030), de modo a promover a confiança na escola pública. O encontro serviu para apontar directrizes metodológicas, teóricas e técnicas.
Durante fórum, o vice-governador fez referência aos parques escolares em que se observa algum equilíbrio em Luanda. Esclareceu que dados de 2017 indicam que 50,1 por cento das instituições escolares pertenciam ao ensino privado. 
No cômputo geral, continuou, os dados referenciados indicam que, apesar da rede escolar privada ser maior, a pública absorve um maior número de alunos, com cerca de 60,7 por cento. Relativamente ao perfil do corpo docente, o GPL constatou que mais de 70 por cento dos professores das escolas de Luanda tem como habilitações literárias o II ciclo do ensino secundário. Em 2017, a percentagem de docentes licenciados na província era de 3,5 %
Dionísio Manuel da Fonseca referiu que, de acordo com o Plano de Desenvolvimento Nacional, a província de Luanda deve continuar a ser projecta como o principal pólo de desenvolvimento económico do país, ser uma capital moderna com um crescimento industrial assinalável.
Para o alcance deste desígnio estratégico, acrescentou, é fundamental que as escolas de Luanda sejam capazes de proporcionar oportunidades, para que os alunos possam aprenderem a serem pessoas úteis à sociedade.
“Por isso, vamos continuar a desenvolver esforços no sentido de reduzir a carência de salas de aula, colocando em funcionamento as escolas já concluídas e melhorando as condições das que estão em situação precária. Há necessidade de se aumentar o número de docentes e promover a melhoria das suas aptidões, qualificações académicas e técnicas, com acções de reciclagem e reforço das competências pedagógicas e didácticas”, disse.
O governante reconheceu que com professores motivados, bem formados, com atitude profissional baseada em valores morais e patrióticos, pode haver qualidade na missão de educar.
Para ele, o resgate da confiança da escola pública incide na atenção e na eficácia do sistema educativo, assegurando, deste modo, as regras de boa gestão escolar, legalidade, transparência, prestação de contas, responsabilidade e a apresentação de resultados.
O vice-governador reconheceu que tais metas só podem ser alcançadas com uma gestão escolar motivada, competente, capaz e, sobretudo, capacitada a criar e a inovar. Acrescentou que os cidadãos precisam de conhecer a sua escola, ter mais confiança nela e afecto, mas, para isso, tem de ser mais atractiva, eficaz e eficiente.
“As escolas de confiança devem ser inclusivas, capazes de formar empreendedores, capacitar crianças e jovens a fazerem face aos desafios do seu tempo, enfrentarem, com segurança e competência, o mundo da inovação tecnológica e a era do conhecimento”, frisou.
Alertou que os pais, encarregados de educação, órgãos da Administração Local do Estado, docentes, alunos, gestores escolares, inspectores, igrejas, associações, comissões de moradores e sindicatos devem participar e sentirem-se integrados na resolução dos problemas da escola. 
Considerou fundamental o reforço da parceria entre a escola pública e a privada, incentivando-a a continuar neste sentido.
O presidente da Associação Nacional do Ensino Particular (ANEP), António Pacavira, disse, à margem do fórum, que a proposta apresentada ao GPL é desafiadora, inovadora e criativa, e pode mudar o paradigma educacional de Luanda e não só.
António Pacavira definiu quatro factores que devem funcionar em harmonia, sem que haja desequilíbrios para nenhum deles, para que se crie uma base sólida e depois implementar as 16 dimensões.
Entre os factores, apontou a qualidade das infra-estruturas, dos Recursos Humanos e dos materiais a serem utilizados, além do projecto educativo da própria escola.
Para melhor controlo e diferenciação, a ANEP criou níveis de qualidade para quem atingir 75 a 100 por cento, das 16 dimensões. Ter ainda qualificação de nível um, qualidade dos níveis dois e três.
“Estes desafios surgem porque a nossa legislação é omissa no que tange a competitividade e o ranking nas escolas. Por isso, queremos fazer com que o Governo e a sociedade aceitem esse desafio para que possa constar na próxima lei de base, com objectivo de termos escolas mais competitivas, interessantes e, certamente, prontas para recuperação da confiança na escola pública”, defendeu o presidente da ANEP.
António Pacavira enalteceu a iniciativa do fórum, considerando que Luanda era das poucas cidades do mundo que não criava esse tipo de encontro, daí ter encorajado o Governo Provincial a continuar com este tipo de iniciativa, sem esperar pelo Ministério da Educação.