Economia

Liberalização do câmbio traz benefícios económicos

Num debate difundido sábado pela Rádio Nacional de Angola sobre a liberalização da taxa de câmbio decidida quinta - feira pelo Comité de Política Monetária do BNA, vários economistas coincidiram em que a medida traz benefícios para a estabilização económica do país, num momento em que o Governo implementa reformas estruturais com a assistência do Fundo Monetário Internacional (FMI).

29/10/2019  Última atualização 10H13
Edições Novembro © Fotografia por: Banco Central aposta na melhoria da política monetária

O vice-governador do Ban-co Nacional de Angola, Rui Miguêns, manifestou optimismo quanto ao alcance da medida de política cambial, depois da depreciação do kwanza em quase 50 por cento no espaço das duas últimas semanas e reconheceu que a situação afecta “toda gente”, havendo uma preocupação generalizada em relação àquilo que vai acontecer a seguir.
Rui Miguêns referiu, contudo, que a medida aumenta a responsabilidade do banco central na tomada de decisões sobre política monetária. O economista Carlos Rosado referiu que o que se assiste não é uma desvalorização do kwanza, significando, antes, que a moeda “está a ser colocada no seu verdadeiro lugar”.
“Deveríamos ter feito isso há muito tempo. Quando fizemos o primeiro acordo, o Fundo Monetário Internacional obrigou Angola a desvalorizar a moeda”, referiu.
Considerou que a medida agora adoptada tem sequência lógica, recordando que, quando iniciou a reforma cambial em 2018, foi decidido que seria feita dentro de uma determinada banda cambial, sob controlo do banco central, “para evitar a disrupção completa do sistema financeiro”.
“Quando falarmos desse momento, temos que dizer que, naquela altura, foi explicado com clareza que era o primeiro passo de normalização do mercado cambial, que começava por ser a liberalização mas dentro da banda cambial”, ressalvou Rui Miguêns.
“Seria uma banda em que o banco central sentia que não provocaria uma rotura no sistema e permitiria que os agentes económicos, as famílias e o Estado se ajustassem”, disse para sublinhar que foi o início do processo.
O vice-governador considerou que a liberalização autorizada na quinta-feira é resultado do curso da reforma cambial, até porque, do ponto de vista das autoridades políticas, é percebido desde há algum tempo que precisamos fazer algumas correcções na nossa economia, como as que estão a ser feitas.
O economista Mário Pires, do Ministério da Economia e Planeamento, considerou no debate que a discussão não pode ficar apenas pela desvalorização da moeda, ha-vendo um conjunto de acontecimento que são factuais, como as interrogações quanto à evolução da inflação, au-mento de preços e diminuição da capacidade aquisitiva das famílias, no imediato.
Mário Pires respondeu a essas questões, afirmando serem necessários processos de correcção, além de que, com as variáveis do consumo em baixa, a economia vai ter de se adaptar, mas gerando também efeitos positivos.