Política

Empresários russos fazem visita “exploratória” ao país

O embaixador russo em Angola, Vladimir Tararov, defendeu ontem, em Luanda, o incremento da cooperação entre Angola e Rússia no domínio económico, com o alargamento do investimento nos segmentos do agro-negócio, turismo, monetário, formação de quadros e extracção de diamantes, como forma de apoiar o processo de diversificação da economia angolana.

20/11/2019  Última atualização 08H25
Mota Ambrósio | Edições Novembro © Fotografia por: Governo russo agradeceu contribuições da delegação angolana no Fórum e Cimeira de Sochi

Em declarações à im- prensa, no termo da audiência que lhe foi concedida pelo Presidente João Lourenço, no Palácio Presidencial, Vladimir Tararov anunciou, para breve, a vinda, a Angola, de uma delegação composta por 18 empresários, que representam as maiores empresas russas. 

O objectivo, explicou, é discutir aspectos ligados à cooperação, agora, numa perspectiva mais económica. “Prevê-se a visita de 18 empresários, que representam as maiores companhias da Rússia. Devem discutir com a parte angolana e outras entidades assuntos relacionados com a cooperação “, referiu o diplomata, para quem os empresários russos já manifestaram a intenção de desenvolver a cooperação bilateral nos domínios petrolífero e mineiro. “Eles podem desempenhar um grande papel em erguer a economia e a indústria angolanas, principalmente na formação de quadros em vários domínios”, disse.
Segundo Tararov, o Presidente João Lourenço aprovou a ideia, reputando-a de “muito útil para as relações bilaterais”. Para o embaixador, Angola e a Rússia devem apostar mais na cooperação económica, com realce para o desenvolvimento da indústria.
Vladimir Tararov disse que a Rússia também pretende trabalhar com Angola na preservação e salvaguarda das tradições nacionais (línguas e culturas locais).

Acordo de geminação
O diplomata russo referiu que a cooperação bilateral prevê a assinatura de um memorando de entendimento entre regiões, salientando que a iniciativa pretende dar corpo aos projectos de geminação entre as cidades de Saha Yakutia (uma das maiores da República Russa, rica em diamantes), com a cidade de Saurimo, na província da Lunda-Sul.
Segundo o diplomata, o presidente de Saha Yakutia visitou recentemente Angola, o que tornou possível a assinatura do memorando para geminação das duas cidades.
O encontro permitiu discutir questões abordadas no Fórum económico e cimeira de Sochi. Tararov disse que teve indicações de Moscovo para fazer chegar ao Presidente João Lourenço “a gratidão pelo contributo que a delegação angolana, encabeçada pelo Chefe de Estado, emprestou aos trabalhos dos dois grandes eventos”, que foram frutíferos em encontros bilaterais aos mais diferentes níveis.
Angola e Rússia são parceiros de longa data nos campos político e diplomático. Apesar do intercâmbio comercial entre os dois países ser ainda residual, a Rússia mantém presença em quatro sectores-chave da economia angolana: diamantes, energia, telecomunicações e banca. Nos diamantes, a Rússia está presente com a empresa Alrosa, parceira da Endiama na Sociedade Mineira de Catoca, na Lunda-Sul, onde se encontra a quarta maior mina de diamantes do mundo a céu aberto. Catoca é responsável por mais de 75 por cento dos 9,4 milhões de quilates de diamantes explorados no país.
No sector das Telecomunicações, os russos trabalham com Angola na construção do satélite Angosat-2. A Rússia tem também uma presença no sector eléctrico, por ter participado no fornecimento dos componentes mecânicos e hidromecânicos, assim como as quatro turbinas do primeiro aproveitamento hidroeléctrico construído no pós-independência: barragem de Capanda, na província de Malanje, em funcionamento desde 2005, com uma potência de 520 MW.
Na banca, a Rússia está presente, desde 2006, com o Banco VTB África. A instituição escolheu como foco de actuação no mercado angolano o financiamento de projectos de grande dimensão no país e no continente africano. Recentemente, as autoridades dos dois países manifestaram a necessidade da presença russa ir além destes sectores e passar a ter uma participação activa no processo de diversificação económica em curso, sobretudo no domínio agrícola.
Aquando da 10ª Cimeira dos BRICS, em Julho de 2018, na África do Sul, o Presidente João Lourenço e o homólogo russo, Vladimir Putin, concordaram na necessidade da elevação do nível das relações económicas e comerciais.