Angola vai dar início, pela primeira vez, em Novembro, a uma campanha de vacinação contra o cancro do colo do útero, que vai beneficiar 2.136.000 crianças, dos 9 aos 12 anos, em todo o país.
Se estivesse vivo, o primeiro Presidente de Angola completaria, hoje, 102 anos.
Celebra-se hoje, 23 de Setembro, o Dia Internacional das Linguagens Gestuais, data instituída para apoiar e proteger a identidade linguística e a diversidade cultural de todas as pessoas com deficiência auditiva.
Em alusão à data, o presidente da Associação Nacional dos Intérpretes de Língua Gestual Angolana (ANILGA), que falava em entrevista ao Jornal de Angola, afirmou que o processo de inclusão das pessoas dificuldade auditiva deve começar em casa, por ser o primeiro meio de socialização para permitir uma melhor inclusão na sociedade.
Bismarque Luciano informou que a associação tem estado a realizar, em Benguela, acções de formação nas comunidades de pais e encarregados de educação que têm no seu agregado familiar pessoas com dificuldade auditiva, no sentido de melhorar a comunicação interna. "Depois disto, o individuo com deficiência auditiva estará melhor capacitada para se comunicar fora de casa”.
Dificuldades
O presidente da ANILGA lamentou o facto de as pessoas com deficiência auditiva ainda enfrentarem muitas dificuldades de comunicação, sobretudo na área de atendimento ao público em diferentes instituições públicas e privadas, pelo facto de os funcionários não dominarem a língua gestual. "Este cenário é visto nas administrações públicas, hospitais, centros médicos e outros”, afirmou.
Bismarque Luciano acredita que se se olhasse com maior atenção para a problemática, parte dos problemas de inclusão desta camada da sociedade estariam resolvidos. "Infelizmente, muitas pessoas com deficiência auditiva, por mais que dominem uma determinada área do saber e sejam competentes a nível académico ou profissional, não são admitidos em algumas instituições”.
Esta marginalização, disse, não corresponde com aquilo que são os princípios basilares da Lei magna da República de Angola, em que faz referência que todos têm os mesmos direitos e deveres, independentemente da sua condição social.
Diferença das línguas gestuais
As línguas gestuais, explicou, assim como qualquer outra, são criadas em função do contexto de cada realidade. O presidente da ANILGA explica que em Angola tem a denominação de Língua Gestual Angolana (LGA), no Brasil é Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), em Portugal é Língua Gestual Portuguesa (LGP), sendo assim, a denominação varia em função de cada país.
Segundo Bismarque Luciano, as línguas são diferentes por conta da cultura de cada região e assim como a língua oral, a gestual também sofre alguns empréstimos, em função dos países que estão a sua volta, bem como, do contexto histórico e social.
No caso de Angola, continuou, por questões históricas, a Língua Portuguesa é oficial. Por isso, a língua gestual busca um pouco da língua gestual portuguesa e também brasileira, inclusive da língua gestual francesa, pelo contexto geográfico de Angola e os países francófonos, sobretudo, o Congo.
Maior inclusão
Bismarque Luciano disse que todos os países devem trabalhar para garantir o direito à formação académica e profissional, acesso a emprego e outros benefícios, independemente da condição em que a pessoa se encontra.
Para o intérprete, o Estado, como uma entidade de bem, deve primar para a inclusão informativa e formativa, no sentido de que as pessoas que não possam ouvir percebam quais são os projectos levados a cabo pelo Governo para melhorar a condição de vida de todos os angolanos.
Por exemplo, continua, o país entrou no processo censitário e aqueles que não escutam devem perceber toda a informação sobre o Censo e ter um intérprete de língua gestual na televisão, é uma questão social e também, de certo modo, uma questão de inclusão.
"Pessoa muda” uma expressão pejorativa
O presidente da ANILGA afirma que as pessoas com deficiência auditiva consideram a expressão "mudo" como algo pejorativo. Pois, para a comunidade, mudo é um estado de ausência de som ou de fala. Mas, esclarece, a pessoa com deficiência auditiva fala, só não o faz oralmente, ela usa outra forma de linguagem, que é a não-verbal.
Nesse contexto, avançou, as pessoas não são mudas, mas, sim, pessoas com deficiência auditiva ou surdas. Existem algumas pessoas com deficiência auditiva, mas que depois de um tempo, conseguem emitir som e tendem a perder a comunicação verbal.
Dia Internacional
Para Bismarque Luciano, o dia 23 de Setembro é uma data que visa relembrar a luta das pessoas com deficiência auditiva a nível mundial que muito têm feito para melhor se informar em diferentes contextos.
Além disso, continua, é uma data que relembra o progresso alcançado pela comunidade surda em Angola. Tendo reflectido sobre o percurso da associação até hoje.
Porém, disse, a luta que travaram produziu algum resultado, em que actualmente pessoas que não têm deficiência auditiva, interessam-se pela comunicação não-verbal.
A ANILGA
A Associação Nacional dos Intérpretes de Língua Gestual Angolana (ANILGA) é uma organização não governamental, de carácter filantrópico, que tem como objectivo velar pelos direitos e ideias da comunidade de intérpretes a nível nacional. A organização foi criada para defender os interesses da classe e regularizar a actividade a nível profissional de uma forma inclusiva e social.
Bismarque Luciano adiantou que em parceria com a academia de formação técnica profissional, Grace Mind e a Associação Nacional dos Surdos de Angola (ANSA) será lançado no dia 27 de Setembro próximo, em Luanda um projecto social, que consiste em formar pessoas com interesse em aprender sobre a língua gestual, para maior inclusão dos deficientes auditivos. Uma acção que será extensiva pelas 18 províncias.
Vida como intérprete
Bismarque Luciano aprendeu a língua gestual dentro da comunidade religiosa das Testemunhas de Jeová, com pessoas ouvintes e com dificuldades auditiva, com o passar do tempo, começou a criar mais interesse pela área. "A princípio, usava a língua gestual para transmitir conhecimento para as pessoas que não podiam ouvir, em momento algum pensei que seria a minha área profissional”.
Depois de conhecer a comunidade de indivíduos com dificuldade auditiva a nível nacional, começou a entender a sua cultura e daí teve o privilégio de sair de Angola para a África do Sul, onde aprendeu as técnicas de comunicação. Anos depois, representou o país num intercâmbio que decorreu na Suazilândia, onde participaram estudantes de outros países da África Austral. "O evento serviu para ganhar mais experiência de comunicação e do movimento linguístico da LGA.
A partir daí, decidiu mudar o seu ramo de formação, tendo feito a licenciatura no curso de Língua Portuguesa pelo Instituto Superior De Ciências Da Educação em Luanda (ISCED), e actualmente frequenta o mestrado na área de investigação científica.
Bismarque Luciano António é casado, presidente da Associação Nacional dos Intérpretes de Língua Gestual Angolana, apresentador e intérprete de Língua Gestual Angolana na TPA e foi intérpretes da Comissão Multissectorial de Combate à Covid-19.
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