Cultura

Dia mundial da dança: Mestre Petchú assinala regresso da kizomba aos festivais pelo mundo

Katiana Silva

Jornalista

O coreógrafo Pedro Vieira Dias “Mestre Petchú”, um dos grandes impulsionadores da dança kizomba no mundo, disse, domingo, em entrevista ao Jornal de Angola, que este estilo de dança tem estado a ganhar novamente o seu posto nos grandes festivais pelo mundo.

29/04/2024  Última atualização 09H00
Mestre Petchú, impulsionador da kizomba e outras danças pelo mundo e tem uma forte ligação com o Ballet Kilandukilu © Fotografia por: DR

Mestre Petchú realçou que houve uma quebra de vários festivais, inclusive o desaparecimento de alguns, devido à pandemia da Covid-19. Porém, reconhece que neste momento está a acontecer na Europa e América uma certa recuperação da kizomba nas grandes agendas dos festivais.

"Este movimento de retoma da kizomba não está a acontecer apenas na Europa, mas sim em todo o mundo. A kizomba conquistou uma dimensão mundial. Em cada semana podemos ter mais de oito festivais em países diferentes, uma rota de pessoas, professores e alunos se movimentam em vários pontos do mundo, com o objectivo de conviver em kimzombadas. O movimento está hoje presente na América, Ásia, Austrália e África, e mantém a sua tendência de crescimento”, avaliou.

Em Lisboa, por exemplo, onde reside há 28 anos, Mestre Petchú adiantou que decorre neste momento a segunda edição do Angola Dance Festival, um festival de cultura angolana no qual se insere a kizomba. Já no Porto, destacou, existe o festival Tá Fixe, muito frequentado por pessoas ávidas em aprender este estilo de dança. Mestre Petchú aponta que em Espanha existe o festival Azembora e nos Estados Unidos da América destaca igualmente o festival Afro Summer, todos promotores da kizomba.

"São muitos festivais e seria impossível enumerar todos. Temos o festival Múcua, na República Checa, o Mwangolê-Festival de Kizomba, realizado em França. Deixa-me dizer que ainda aqui em Lisboa teremos mais uma edição, em Julho, do festival Kizombadas. O festival Muxima, na Índia, o Mukondo, igualmente nos Estados Unidos da América. O festival Sonho e Doçura, que deve acontecer agora em Maio, em Valência, Espanha”, enumerou.

Membro de direcção do Ballet Tradicional Kilandukilu, é um dos maiores impulsionadores das danças angolanas pelo mundo, com destaque para a kizomba. Conta com 44 anos de carreira, acumulando uma vasta experiência no mundo da dança. Mestre Petchú sublinhou que a dança kizomba, como escola, desponta na Europa em finais da década de 1990, no encalço dos sucessos de vários projectos e apresentação de espectáculos de grupos angolanos em Portugal, com destaque para o Ballet Tradicional Kilandukilu, de que faz parte, na condição de coreógrafo.

"O Kilandukilu fez parte dos maiores projectos e festivais realizados durante estes anos todos pelo mundo. O projecto cultural "África Presente”, que incluía artesanato, música, dança e gastronomia, foi muito importante para a promoção das danças angolanas em Portugal e resto da Europa. O objectivo era partilhar a cultura angolana com as escolas de dança que recebiam africanos de língua portuguesa. É assim que a kizomba é promovida como escola”, recordou.

Pessoalmente, tem levado a cabo o projecto da descodificação da dança, para que se possa elucidar e evitar confusões, principalmente no seu lado histórico, que precisa de ser bem interpretado. Está a compilar este estudo, que inclui a sua percepção destes 20 anos a dar aulas e pretende lançar brevemente em livro, intitulado "Kizombadas”.

Mestre Petchú analisou que inicialmente a kizomba rivalizava com a salsa, mas rapidamente pessoas de diferentes idades e raças começaram a gostar mais da kizomba, tanto que os bailarinos de salsa se viram na obrigação aprender a dança angolana.

Da sua vasta experiência e participação activa em vários festivais, não considera exagero a sua afirmação de que a kizomba é a dança do século XXI.

Um dos produtos angolanos que melhor sustenta o génio cultural angolano no circuito internacional, kizomba, enquanto dança e música, foi elevada a Património Imaterial Cultural Angolano no dia 18 de Abril deste mês. 


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