Sociedade

Dia Mundial da Fotografia: Um diálogo com mestres da imagem angolana

Pereira Santana

Jornalista

Em celebração ao Dia Mundial da Fotografia, tivemos a oportunidade de dialogar com três renomados fotógrafos angolanos, cada um com mais de trinta e cinco anos de experiência na profissão. As suas impressões visuais podem ser encontradas em jornais, revistas e diversas publicações, tanto em Angola quanto no exterior. Carlos Lousada, Rogério Tuti e Quintiliano dos Santos têm um histórico significativo no único diário do país, o Jornal de Angola.

25/08/2024  Última atualização 12H08

Carlos Lousada, hoje com mais de 60 anos, iniciou a sua jornada fotográfica aos "catorze ou quinze anos”. Embora esteja aposentado há cerca de seis anos, ele continua a fotografar, afirmando: "A fotografia é a minha vida”. Para Lousada, a fotografia de paisagens é a sua preferência, embora ele tenha uma sensibilidade aguçada para todos os aspectos da arte fotográfica.

Rogério Tuti expressa a sua gratidão a Deus por lhe ter concedido "este dom”. A sua trajectória começou em Agosto de 1976, como funcionário da casa de foto "Kimuanga”, no município do Negage, na província do Uíge. Para ele, a fotografia representa "alegria, tristeza, guerra e até mesmo luta pela sobrevivência”, elementos que podem ser capturados através das lentes. Segundo Tuti, "a fotografia transmite mensagens e conta histórias”, muitas vezes provocando reflexões profundas na vida humana. Entre as suas memórias mais marcantes, destaca a cobertura do encontro entre o então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e o Presidente dos Estados Unidos, George Bush, filho, na sala Oval da Casa Branca, em 2003.

Quintiliano dos Santos, um fotógrafo de vasta experiência, percorre há 38 anos os caminhos da fotografia. Ele considera a fotografia uma verdadeira arte e, após a sua formação no Instituto Superior de Fotografias na antiga República Democrática Alemã (RDA), não parou mais de registar momentos. Com um olhar clínico, fotografa lugares e instantes que permanecem gravados na memória de quem os observa. Quintiliano, parte da segunda geração de fotógrafos angolanos, descreve-se como um profissional "versátil, sempre activo e sem preguiça”. Ao lado de Lousada e Tuti, possui um acervo fotográfico notável, com registos de chefes de Estado que visitaram Angola, além de inúmeras cerimónias de casamento em que foi escolhido como fotógrafo.

Ao pedirmos que cada um partilhasse uma imagem marcante da sua carreira, Lousada apresentou uma exótica fotografia de Calemas na Praia da Vanessa, localizada no município do Tômbwa, na província do Namibe. Rogério Tuti, por sua vez, seleccionou a icónica imagem do encontro entre José Eduardo dos Santos e George Bush na Casa Branca. Quintiliano dos Santos trouxe um registo emblemático da Vila do Bailundo, destacando a estátua de Ekuikui II, o Rei do Bailundo, um símbolo mítico da resistência à colonização portuguesa.

Estes três mestres da fotografia não apenas documentaram a história de Angola, suas obras também reflectem a rica tapeçaria de experiências humanas, capturando a essência do nosso tempo por meio das lentes.

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