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Empresas aconselham os utilizadores a usarem o aplicativo com atenção

Nos últimos anos, o país ganhou inúmeras frotas de táxis privados. No entanto, vários cidadãos procuram nesses serviços um ambiente confortável e cómodo para chegarem aos diversos pontos da cidade. Na perspectiva de garantir maior segurança, as empresas de serviços de táxis apelam os utentes para utilizarem, com regularidade, a ferramenta de denúncias do aplicativo, em caso de irregularidades.

02/09/2023  Última atualização 13H30
© Fotografia por: DR

A direcção das empresas Heetch, Yango e T’Leva, que têm sido as principais referências, em Luanda, no sector de táxi personalizado, consideram a ferramenta de denúncia fundamental, para acautelar possíveis irregularidades. O director geral da Heetch em Angola, Álvaro de Veciana explicou que a ferramenta de denúncia  não serve apenas para os passageiros. "Os motoristas têm, igualmente, a possibilidade de fazer queixas ao verificar alguma anomalia dos passageiros”, avançou.

Os passageiros, explicou, ao solicitarem o serviço devem ter em conta os detalhes dados pelo aplicativo, como o nome do motorista, a matrícula e cor da viatura, assim como a marca e o modelo.

"Se o passageiro prestar atenção, o aplicativo ainda coloca disponível a fotografia do condutor para a identificação. Com isto, se o passageiro verificar alguma irregularidade, como por exemplo, o motorista solicitado não for o mesmo que surge para prestar o serviço, deve imediatamente cancelar a viagem”, disse, acrescentando que tão logo ocorre o cancelamento, o aplicativo questiona o motivo. "Nesta altura o cliente deve fazer a denúncia, de modo a ajudar a apurar os factos”.

Álvaro de Veciana garantiu que a Heetch tem o registo de todas as corridas e sabe quem é o passageiro, assim como onde começa e termina a corrida. "Mas o feedback dos passageiros é muito importante, especialmente quanto à verificação de anomalias. Imagine que num dia estejamos a ter mais de mil corridas a acontecer. Como não há forma de ter o controlo de todas naquele dia, o feedback dos passageiros é essencial”, destacou.

Para o director da Yango em Angola, Ivan Mugimbo, usar as funcionalidades do aplicativo é a forma mais rápida de resolver qualquer situação que possa ocorrer durante o percurso. "O aplicativo tem disponível uma ferramenta, denominada SISP, onde, em caso de emergência, durante o percurso o passageiro pode accionar o botão de ‘pânico”, referiu.

No caso do passageiro deixar um objecto no carro, aconselhou, estes devem reportar imediatamente. "Por exemplo, se alguém deixar o telemóvel e comunicar no aplicativo, barramos a conta do motorista para não receber pedidos e o localizamos, a fim de evitar que entre numa nova corrida e outro cliente possa levar o telemóvel”, disse.

Outro ponto essencial, esclareceu, é a utilização da função de avaliação, acto fundamental para o processo de análise dos motoristas. Os clientes, avançou, devem sempre avaliar a corrida no final, no sentido da Yango ficar atento aos relatos destes em relação aos motoristas. "Um condutor com péssima avaliação recebe menos pedidos”, realçou. Um dos responsáveis pelo serviço T´leva, Wilson Ganga, considerou, também, importante, no final da viagem, o passageiro responder o questionário, para que fique registado, de forma que quando for verificada uma anomalia no relatório, a instituição possa ligar para entender a situação.

"Se detectarmos um erro grave do motorista é preso e expulso. Temos um compromisso sério com o trabalho. O que a instituição faz é tentar ver maneiras de ajudar os motoristas a terem melhor conduta”, afirmou.

Wilson Ganga pediu ainda às pessoas para não subirem num táxi que não tenha sido solicitado pelo aplicativo. "É preciso proceder de forma regrada, para evitar situações piores como as registadas, às vezes. Assim, no caso de uma irregularidade, vai ser possível identificar o motorista”, esclareceu.

Serviços refutam a responsabilidade por qualquer dano

Apesar de serem conhecidas como empresas de táxi privado, a Heetch, Yango e T’Leva não se responsabilizam por qualquer dano causado aos passageiros e motoristas.

De acordo com Ivan Mugimbo, a Yango é um aplicativo de mobilidade que conecta passageiros e condutores, no entanto, não tem viaturas próprias. A instituição trabalha com empresários que gerem mais de cinco viaturas e esses prestam o serviços de táxi, utilizando o aplicativo, Yango.

"Qualquer pessoa singular pode inscrever-se, mas, é  atribuída automaticamente a um parceiro, que, por sua vez, são os responsáveis pelos danos. A Yango dá um apoio na verificação dos factos se for necessário”, explicou.

Os parceiros do serviço, adiantou, são mais de 30 empresas, todas registadas no aplicativo. A estrutura da Yango, reforçou, existe para dar suporte a essas empresas. Cada empresa tem o controlo total das viaturas e conseguem ver em tempo real a localização destas, através de um GPS, assim como avaliar o rendimento real do motorista, por meio do aplicativo.

"São empresas que as pessoas não conhecem, mas já existiam e trabalhavam no mercado dos transportes. Algumas tinham, até, lojas de mecânica, vendiam e compravam carros. Outras já faziam um serviço semelhante de táxi, com as chamadas a serem feitas a partir de um call-center. Com a entrada em funcionamento da Yango, o que ocorreu é uma melhor potencialização das empresas. Só trabalhamos com empresas que tenham NIF, certidão comercial e licença de táxi”, frisou.

Para Álvaro de Veciana, a Heetch apenas ajuda as autoridades em qualquer situação, de forma a se apurar os factos. "Geralmente, a única medida que podemos tomar é a suspensão da conta do motorista, até o esclarecimento de todo ocorrido”.

A  Heecth, que é uma empresa de origem francesa, contou, opera no ramo há dez anos e está representada em 12 países, sendo oito no continente africano. Em Angola, continuou, existem há 4 anos. "Não dispomos de nenhuma viatura própria”.

A instituição, explicou, conta com uma equipa de 50 jovens, como colaboradores directo e disponibiliza o aplicativo, para qualquer pessoa, de forma autónoma, poder fazer o serviço de táxi. "A responsabilidade da Heetch é conectar motoristas e passageiros. Como empresa, o nosso cliente é o motorista, que paga uma comissão por todas as corridas oferecidas”, disse.

 "O que não vamos fazer é fugir em caso de irregularidades. Porém, apenas canalizamos todas as informações às autoridades competentes e sugerimos às pessoas o que devem fazer. Temos tido reuniões com a Polícia Nacional, em especial a Direcção Nacional de Viação e Trânsito, para que possamos oferecer ainda mais segurança”, rematou.

  Memorando de entendimento com o CISP

O Centro Integrado de Segurança Pública em Angola (CISP) assinou, em Abril deste ano, um acordo com as empresas Yango e Heetch, no intuito de garantir uma maior segurança pública dos utentes, a informação foi avançada pelo técnico do Gabinete Jurídico do CISP.

Belmiro Luvulo, um dos responsáveis pela elaboração do memorando, informou que o projecto enquadra-se nas estratégias do Ministério do Interior para garantir a segurança pública, tendo em conta os vários relatos, à época, sobre constantes agressões físicas e furtos por via de motoristas e passageiros, divulgados nas redes sociais.

O projecto serviu para ajudar a colocar um "botão de pânico” no aplicativo, de forma que todos, passageiros e motoristas, possam ter a segurança garantida, accionando o referido aplicativo, em caso de alguma anomalia durante a viagem. Ao accionar o botão, disse, a chamada é direccionada automaticamente para o terminal 111, da Polícia Nacional.

O técnico aproveitou ainda para alertar a sociedade a pautar por comportamentos socialmente aceites e ter a cultura de denúncias, reforçando a importância destas queixas serem apresentadas por vias legais.

  Polícia Nacional

A Polícia Nacional de Angola (PNA) afirmou que está ao corrente das denúncias sobre assaltos aos transportes de táxi privados no país feitas em algumas zonas do país, de acordo com o porta-voz da instituição em Luanda.

Nestor Goubel adiantou que a PNA tem tomado conhecimento de alguns assaltos, pelos relatos feitos nas redes sociais, o que, para ele, é preocupante, apesar de que nalguns casos serem falsos alarmes. "Apesar de alguns serem alarmes falsos, a verdade é que os assaltos têm estado a acontecer e a polícia está a trabalhar para combater a situação”, salientou.

Actualmente, revelou, há um programa, que está a ser desenvolvido entre a PNA e as empresas de táxi, como a Heetch e Yango, em função do número de reclamações e assaltos ocorridos com os motoristas destas plataformas de transportes privados.

"Estamos a trabalhar com as empresas de táxi privado. Já reunimos com a Yango para obtermos uma série de informações dos motoristas. É importante haver também uma forma de criarmos uma plataforma de comunicação com estes”, salientou.

Aos cidadãos, Nestor Goubel aconselhou a pautarem por uma cultura de denúncia, no sentido de responsabilizar os infractores. "A luta contra esses assaltos passa muito, também, pela denúncia das vítimas. É preciso que tal ocorra para que as diligências dos operativos sejam mais dinâmicas e rápidas”, esclareceu.

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